Saiba quais locais visitar quando o tempo é curto
A mudança e reforma no porto da cidade começou em 1990, com as obras para a Expo' 98 Foto: Pedro Pires / Guia da Cidade
Carlos Etchichury
Uma revolução urbanística ocorre às margens do Rio Tejo, em Lisboa, uma das capitais mais antigas da Europa.
Em menos de duas décadas, galpões obsoletos deram lugar a restaurantes internacionais, bares da moda e cafés sofisticados. Armazéns de entreposto na área portuária, que recebiam cargas de todos os cantos do planeta, agora abrigam boates e casas de espetáculo.
A transformação põe fim ao divórcio da cidade com o principal rio da Península Ibérica. Com cerca de mil quilômetros de extensão, o Tejo nasce a 1.593 metros de altitude, na Serra de Albarracín, na Espanha, onde é conhecido como Tajo, corta os dois países e banha Lisboa, antes de desaguar no Atlântico. Da sua foz, partiram as naus e as caravelas portuguesas para desbravar o mundo. Retornavam trazendo ouro e especiarias, que tornaram Portugal uma das principais potências do globo no século 15.
Mas, no século passado, a decadência da área portuária, o imobilismo político e a ausência de investimentos afastaram os lisboetas do seu rio — um fenômeno familiar aos portoalegrenses, em litígio com o Guaíba desde a cheia de 1944, que inundou o centro da Capital.
— Lisboa era uma cidade de costas para o rio — define Mário Machado, presidente Adjunto de Turismo de Lisboa.
Enclave futurista
A realidade começou a se transformar com as obras para a Expo' 98, nos anos 1990. A partir de um moderno centro de convenções, no limite com a cidade de Loures, surgiu o Parque das Nações. É um enclave moderno em uma Lisboa histórica.
À beira do Tejo, destacam- se duas torres futuristas, erguidas na década passada. São Rafael e São Gabriel, nome de navios cruzadores, os arranha- céus envidraçados, de 110 metros de altura, abrigam apartamentos residenciais.
Uma quadra adiante, um dos maiores oceanários do mundo, com 8 mil animais marinhos, atrai turistas europeus, asiáticos, americanos, africanos e brasileiros — encorajados pelo idioma e potencializados pela força do real, eles representam 10,9% dos 62 milhões de turistas que estiveram em Lisboa em 2011. Bares e um teleférico complementam as atrações na orla.
— A zona nova representa a Lisboa moderna que estamos construindo — destaca Mário Machado.
O renascer
Embora emblemática, a reconciliação da cidade com o rio é mais visível na região portuária. Nas chamadas docas de recreio ( Alcântara, Santo Amaro, Belém e Bom Sucesso, na margem norte do Tejo, abrigam mais de 1,1 mil embarcações), há cerca de 70 estabelecimentos, entre restaurantes, bares, cafés e boates.
— A noite é diversificada, longa e barata. Lá, funciona a discoteca Lux, por exemplo, um dos melhores locais da cidade — avisa João Pires, gerente de um albergue.
Responsável pelo restaurante Doca de Santo, o primeiro estabelecimento aberto em Santo Amaro, em 1995, Gustavo Luciano Inocêncio Alves, 34 anos, sintetiza:
— Aqui, havia armazéns obsoletos, que foram transformados em restaurantes. Houve recuperação e a adaptação para uma estrutura de lazer, que não existia.
No primeiro semestre, a orla revigorada foi roteiro obrigatório dos cerca de 6 milhões de brasileiros que visitaram Lisboa.
Parque das Nações
Após a realização da Expo' 98, toda a área industrial de Lisboa, praticamente desocupada, no limite com a cidade de Loures, transformou- se em um bairro residencial e de lazer. No parque, funciona o shoppingVasco da Gama, o mais moderno da cidade. Um teleférico permite vista panorâmica do Tejo e da região. Ingressos: 3,95 euros ( R$ 9,5, ida) e 6,05 euros ( R$ 14,5, ida e volta). Pessoas com mais de 65 anos ou entre cinco e 14 anos pagam 2 euros ( R$ 4,8, ida) e 3,35 euros ( R$ 8, ida e volta)
Oceanário de Lisboa
Inaugurado para a Expo' 98, cujo tema foi Os Oceanos, o oceanário é um aquário público de referência no mundo. Localizado em dois edifícios conectados por um enorme átrio decorado com um painel de 55 mil azulejos, o oceanário reúne 8 mil peixes — dos tubarões assustadores aos peixinhos coloridos que, de tão delicados, cabem na palma da mão.
Museu dos Coches
Criado em 1906 em uma antiga escola equestre, é o maior museu do gênero no mundo. Há preciosidades como o coche do Rei da Espanha Dom Felipe II, uma espécie de Ferrari da época, utilizado para ir da Espanha para Portugal, durante uma visita ao reinado português. Também fazem parte do acervo três dos 15 coches confeccionados a pedido do Rei Dom JoãoV para presentear o Papa Clemente XI, em 1716.
Mosteiro dos Jerônimos
Patrimônio mundial da Unesco, foi construído no século 15 com dois objetivos: abrigar um mosteiro e ser o panteão da família de Dom Manoel. Em estilo gótico tardio e renascentista, marcado pela influência manuelina, era o templo predileto dos navegadores antes de partirem em direção ao desconhecido.
Na entrada da igreja do mosteiro, que merece uma visita à parte, dois lusitanos ilustres são homenageados: Vasco da Gama e Luís Vaz de Camões, autor de Os Lusíadas.
Praça do Comércio
Uma das mais conhecidas praças europeias, a Praça do Comércio ( também conhecida como Terreiro do Paço) fica à beira do Rio Tejo. Nos prédios históricos, ministérios e repartições públicas deram lugar a áreas de lazer, restaurantes, cafés e bares. No centro da praça, a Estátua de Dom José I montado em um cavalo com as duas patas apontadas para o céu impressiona pela imponência. No entorno, oArco do Triunfo da RuaAugusta, construído após o terremoto de 1755, exemplifica o bom gosto da arte portuguesa.
Centro Histórico
Reconstruída após o terremoto de 1755, que dizimou Lisboa, a parte baixa é marcada pela arquitetura pombalina, caracterizada pela simplicidade e funcionalidade impostas pelo primeiro ministro da época, Marquês do Pombal — responsável pela construção da cidade. É o primeiro sistema antissísmico e o primeiro método de construção em grande escala pré- fabricado no mundo. Construídos fora da cidade, os edifícios eram transportados em peças para serem montados no local, como gigantescos legos. Em menos de duas décadas depois da catástrofe, a população estava alojada.
Onde comer
Em Lisboa, come- se bem e barato. Na Rua dos Douradores, próximo à Praça da Figueira, é possível comer a preços brasileiros. Restaurantes tradicionais oferecem pratos típicos como carapaus ( peixe parecido com sardinha) de Sesimbra ao carvão por 6,80 euros por pessoa ( 9,80 euros para dois). O valor é idêntico se a opção for por pataniscas de bacalhau com arroz ( bolinhas de bacalhau achatadas servidas com arroz com tomate e couve). Um almoço com sobremesa e cerveja sai por cerca de R$ 40.
Não deixe de provar
Nas dependências de Confeitaria de Belém, no bairro de mesmo nome, é possível encontrar turistas de todas as partes do mundo atraídos por um mesmo objetivo: provar o pastel de belém, o doce mais tradicional de Portugal e um dos mais conhecidos da Europa.
Inventado pelos monges do Mosteiro dos Jerônimos, o pastel se tornou popular após a extinção das ordens religiosas, em 1834, quando um monge foi trabalhar na confeitaria. Desde que começou a ser vendida, em 1837, a iguaria se tornou popular em Lisboa. A receita é um segredo mantido a sete chaves. Reza a lenda que apenas três funcionários dominam o processo de produção na pastelaria. A receita só é passada adiante quando um deles morre, para que se perpetue a forma de fazer o doce. Essas pessoas, acredite, têm contratos de confidencialidade e são proibidas de viajar juntas.
A confeitaria abre todos os dias, das 8h à meianoite. São vendidos 20 mil pastéis por dia, ao custo de 0,95 euros ( R$ 2,3).
Em menos de duas décadas, galpões obsoletos deram lugar a restaurantes internacionais, bares da moda e cafés sofisticados. Armazéns de entreposto na área portuária, que recebiam cargas de todos os cantos do planeta, agora abrigam boates e casas de espetáculo.
A transformação põe fim ao divórcio da cidade com o principal rio da Península Ibérica. Com cerca de mil quilômetros de extensão, o Tejo nasce a 1.593 metros de altitude, na Serra de Albarracín, na Espanha, onde é conhecido como Tajo, corta os dois países e banha Lisboa, antes de desaguar no Atlântico. Da sua foz, partiram as naus e as caravelas portuguesas para desbravar o mundo. Retornavam trazendo ouro e especiarias, que tornaram Portugal uma das principais potências do globo no século 15.
Mas, no século passado, a decadência da área portuária, o imobilismo político e a ausência de investimentos afastaram os lisboetas do seu rio — um fenômeno familiar aos portoalegrenses, em litígio com o Guaíba desde a cheia de 1944, que inundou o centro da Capital.
— Lisboa era uma cidade de costas para o rio — define Mário Machado, presidente Adjunto de Turismo de Lisboa.
Enclave futurista
A realidade começou a se transformar com as obras para a Expo' 98, nos anos 1990. A partir de um moderno centro de convenções, no limite com a cidade de Loures, surgiu o Parque das Nações. É um enclave moderno em uma Lisboa histórica.
À beira do Tejo, destacam- se duas torres futuristas, erguidas na década passada. São Rafael e São Gabriel, nome de navios cruzadores, os arranha- céus envidraçados, de 110 metros de altura, abrigam apartamentos residenciais.
Uma quadra adiante, um dos maiores oceanários do mundo, com 8 mil animais marinhos, atrai turistas europeus, asiáticos, americanos, africanos e brasileiros — encorajados pelo idioma e potencializados pela força do real, eles representam 10,9% dos 62 milhões de turistas que estiveram em Lisboa em 2011. Bares e um teleférico complementam as atrações na orla.
— A zona nova representa a Lisboa moderna que estamos construindo — destaca Mário Machado.
O renascer
Embora emblemática, a reconciliação da cidade com o rio é mais visível na região portuária. Nas chamadas docas de recreio ( Alcântara, Santo Amaro, Belém e Bom Sucesso, na margem norte do Tejo, abrigam mais de 1,1 mil embarcações), há cerca de 70 estabelecimentos, entre restaurantes, bares, cafés e boates.
— A noite é diversificada, longa e barata. Lá, funciona a discoteca Lux, por exemplo, um dos melhores locais da cidade — avisa João Pires, gerente de um albergue.
Responsável pelo restaurante Doca de Santo, o primeiro estabelecimento aberto em Santo Amaro, em 1995, Gustavo Luciano Inocêncio Alves, 34 anos, sintetiza:
— Aqui, havia armazéns obsoletos, que foram transformados em restaurantes. Houve recuperação e a adaptação para uma estrutura de lazer, que não existia.
No primeiro semestre, a orla revigorada foi roteiro obrigatório dos cerca de 6 milhões de brasileiros que visitaram Lisboa.
Parque das Nações
Após a realização da Expo' 98, toda a área industrial de Lisboa, praticamente desocupada, no limite com a cidade de Loures, transformou- se em um bairro residencial e de lazer. No parque, funciona o shoppingVasco da Gama, o mais moderno da cidade. Um teleférico permite vista panorâmica do Tejo e da região. Ingressos: 3,95 euros ( R$ 9,5, ida) e 6,05 euros ( R$ 14,5, ida e volta). Pessoas com mais de 65 anos ou entre cinco e 14 anos pagam 2 euros ( R$ 4,8, ida) e 3,35 euros ( R$ 8, ida e volta)
Oceanário de Lisboa
Inaugurado para a Expo' 98, cujo tema foi Os Oceanos, o oceanário é um aquário público de referência no mundo. Localizado em dois edifícios conectados por um enorme átrio decorado com um painel de 55 mil azulejos, o oceanário reúne 8 mil peixes — dos tubarões assustadores aos peixinhos coloridos que, de tão delicados, cabem na palma da mão.
Museu dos Coches
Criado em 1906 em uma antiga escola equestre, é o maior museu do gênero no mundo. Há preciosidades como o coche do Rei da Espanha Dom Felipe II, uma espécie de Ferrari da época, utilizado para ir da Espanha para Portugal, durante uma visita ao reinado português. Também fazem parte do acervo três dos 15 coches confeccionados a pedido do Rei Dom JoãoV para presentear o Papa Clemente XI, em 1716.
Mosteiro dos Jerônimos
Patrimônio mundial da Unesco, foi construído no século 15 com dois objetivos: abrigar um mosteiro e ser o panteão da família de Dom Manoel. Em estilo gótico tardio e renascentista, marcado pela influência manuelina, era o templo predileto dos navegadores antes de partirem em direção ao desconhecido.
Na entrada da igreja do mosteiro, que merece uma visita à parte, dois lusitanos ilustres são homenageados: Vasco da Gama e Luís Vaz de Camões, autor de Os Lusíadas.
Praça do Comércio
Uma das mais conhecidas praças europeias, a Praça do Comércio ( também conhecida como Terreiro do Paço) fica à beira do Rio Tejo. Nos prédios históricos, ministérios e repartições públicas deram lugar a áreas de lazer, restaurantes, cafés e bares. No centro da praça, a Estátua de Dom José I montado em um cavalo com as duas patas apontadas para o céu impressiona pela imponência. No entorno, oArco do Triunfo da RuaAugusta, construído após o terremoto de 1755, exemplifica o bom gosto da arte portuguesa.
Centro Histórico
Reconstruída após o terremoto de 1755, que dizimou Lisboa, a parte baixa é marcada pela arquitetura pombalina, caracterizada pela simplicidade e funcionalidade impostas pelo primeiro ministro da época, Marquês do Pombal — responsável pela construção da cidade. É o primeiro sistema antissísmico e o primeiro método de construção em grande escala pré- fabricado no mundo. Construídos fora da cidade, os edifícios eram transportados em peças para serem montados no local, como gigantescos legos. Em menos de duas décadas depois da catástrofe, a população estava alojada.
Onde comer
Em Lisboa, come- se bem e barato. Na Rua dos Douradores, próximo à Praça da Figueira, é possível comer a preços brasileiros. Restaurantes tradicionais oferecem pratos típicos como carapaus ( peixe parecido com sardinha) de Sesimbra ao carvão por 6,80 euros por pessoa ( 9,80 euros para dois). O valor é idêntico se a opção for por pataniscas de bacalhau com arroz ( bolinhas de bacalhau achatadas servidas com arroz com tomate e couve). Um almoço com sobremesa e cerveja sai por cerca de R$ 40.
Não deixe de provar
Nas dependências de Confeitaria de Belém, no bairro de mesmo nome, é possível encontrar turistas de todas as partes do mundo atraídos por um mesmo objetivo: provar o pastel de belém, o doce mais tradicional de Portugal e um dos mais conhecidos da Europa.
Inventado pelos monges do Mosteiro dos Jerônimos, o pastel se tornou popular após a extinção das ordens religiosas, em 1834, quando um monge foi trabalhar na confeitaria. Desde que começou a ser vendida, em 1837, a iguaria se tornou popular em Lisboa. A receita é um segredo mantido a sete chaves. Reza a lenda que apenas três funcionários dominam o processo de produção na pastelaria. A receita só é passada adiante quando um deles morre, para que se perpetue a forma de fazer o doce. Essas pessoas, acredite, têm contratos de confidencialidade e são proibidas de viajar juntas.
A confeitaria abre todos os dias, das 8h à meianoite. São vendidos 20 mil pastéis por dia, ao custo de 0,95 euros ( R$ 2,3).
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