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23 de junho de 2015

Falando sobre Festas Juninas - Professora Neusa Secchi



As festas juninas tiveram sua origem no Egito Antigo onde era celebrado o início da colheita, cultuando os deuses do sol e da fecundidade. Com o domínio do Império Romano sobre os egípcios, essa tradição foi espalhada pelo Continente europeu, principalmente Espanha e Portugal.
A fogueira remonta à antiguidade quando se prestava culto à deusa Ferônia, dos cultos agrários, e os predestinados caminhavam sobre as brasas.
Fogueira simboliza proteção contra os maus espíritos que atrapalham a prosperidade das plantações e a festa tem como finalidade agradecer a colheita. Cada santo tem sua fogueira com suas características próprias.
As primeiras referências das festas São João no Brasil datam do ano de 1603 trazidas pelos Padres Jesuítas, depois vieram Santo Antônio e São Pedro.
A festa Junina trazida pelos portugueses tem grande influência dos chineses, espanhóis e franceses. Da França, a dança marcada, característica típica dos salões nobres, as quadrilhas. Da tradição de soltar fogos de artifícios (foguetes, busca-pés, traques, bombinhas) veio da China, devido à descoberta da pólvora.
Da Península Ibérica teria vindo a dança de fitas, brincadeiras que vêm somar com a mistura indígena, afro-brasileira e dos imigrantes. Os indígenas também faziam festejos relacionados à agricultura, no mesmo período das juninas com: rituais, danças, cantos e comidas.
As festas juninas estão relacionadas com as festas pagãs do solstício de verão, ou seja, quando a duração do dia é a mais longa do ano.

Os Santos Padroeiros

As festas de São João ainda são relacionadas em alguns países europeus católicas, protestantes e ortodoxas e são realizadas fogueiras com celebração de casamentos reais ou fictícios.
Santo Antônio procurou durante sua vida combater tudo que prejudicasse a estrutura familiar, podendo ser considerado o padroeiro das mulheres, que jamais aceitou a inferiorizarão do papel feminino no casamento. É considerado o santo casamenteiro, sendo vítima das mocinhas casadouras. Caso não arranjassem logo um marido, colocavam o santo, amarrado de cabeça para baixo nos poços, baldes e retiravam do altar até o santo arranjar um pretendente ao matrimônio.
As manifestações de culto a Santo Antônio começaram logo após sua morte muitas devoções e crenças foram se formando em torno dele
As igrejas católicas no dia do Santo Padroeiro, 13 de junho, costumam festejar e distribuir pãezinhos bentos. ”O pão dos pobres” é uma piedosa devoção, consiste em doações para prover de pão aos pobres. Uma tradição liga esta obra ao episódio de uma mãe cujo filho afogado num tanque recuperou a vida graças a Santo Antônio. Ela prometera que se o filho recuperasse a vida daria aos pobres uma porção de trigo igual ao peso do menino.
São João Batista, ascético e pregador de alta moral é festejado pelo povo com alegria, muita música, danças, adivinhações para o casamento. Conforme a tradição, o santo adormece durante o dia que lhe é dedicado, 24 de junho. Se ele acordar vendo o clarão das fogueiras acesas em suas homenagens, não resistirá ao desejo do descer do céu para acompanhar a festança. É no imaginário popular um santo brincante, alegre que gosta de ser acordado a noite para brincar. Na memória das crianças talvez seja a primeira ocasião em que pode brincar a noite e se relacionar com os mistérios do fogo em um ambiente comunitário.
É tradicional pular os restos da fogueira redonda de São João. Traz muita sorte e mais ainda, se for um par pula de mãos dadas, demonstrando ao santo o amor que une os dois pedindo proteção para a sua união. Essa tradição, muito forte no RS, é encontrada em vários lugares e está ligada a rituais antigos do fogo.
Caminhar sobre as brasas também é tradicional para os devotos caminhar no colchão das brasas da fogueira de São João, que deve ter um palmo de altura e só caminha no dia 23 de junho, véspera de São João.

São Pedro, 29 de junho, Padroeiro do RS, e especial protetor da Igreja. Era pescador, possui a chave do céu e sem sua intercessão ninguém é admitido. É festejado pelos marinheiros, pescadores e viúvas.
Nas festas são escolhidos os festeiros para comandar a festa do santo junino e deve escolher um bom “Capitão de Mastro e um Alferes da Bandeira”, os quais organizarão a fogueira, fincação do mastro e a confecção da bandeira com a imagem do santo evocado.
A fogueira centraliza a festa. Conforme a disposição da lenha na fogueira varia de acordo com o santo homenageado:

a) fogueira de Santo Antônio a base é quadrada, fogueira quadrada;
b) fogueira de São João a base é redonda a fogueira cônica;
c) fogueira de São Pedro a base triangular e a fogueira é triangular.

Para realização da Festa na Escola ou Centro de Tradições Gaúchas são necessários planejamento, organização de serviços, a divisão consciente e dirigida das atribuições de cada um.
A finalidade da realização da Festa Junina na Escola ou no CTG:
- esclarecer diferenças da festa caipira e gaúcha;
- resgatar e valorizar as manifestações da cultura tradicional;
- caracterizar os principais pontos da Festa Junina Gaúcha;
- promover a integração da Instituição Escolar ou Tradicionalista com a Comunidade;
- Proporcionar a interação entre alunos, professores ou membros de invernadas artísticas, campeira, esporte e patronagem.

Traçado os objetivos, vamos determinar as atividades que serão realizadas na festa: formação grupos de trabalho e indicação dos responsáveis de cada equipe. Importante para o sucesso da festa, o planejamento com antecedência, realizações de reuniões gerais e de equipes para avaliar o processo de andamento na organização da festa.
Devemos ter sempre uma Coordenação geral composta de membros da Direção da Escolar ou da Patronagem do CTG.
Sugerimos que sejam formadas equipes para melhor distribuir as tarefas, bom andamento do trabalho e determinar o tipo da festa: “Festa Gaúcha.”
1) Equipe de secretaria - responsável pela realização de ofícios, convites, cartazes
2) Equipe de Tesouraria-finalidade – registrar os gastos e ganhos da festa, poderá fazer as compras,cuidado com as notas,recibos, balancete e apresentar o relatório financeiro do evento.
3) Equipe de divulgação - cartazes, mural da escola ou CTG, convites, visita imprensa escrita e falada, comércio, usar todos os meios de comunicação.
4) Equipe decoração - confecção e colocação das bandeirinhas, mural informativo com dados bibliográficos sobre o tema, disposição das tendas ou barracas de comes e bebes e jogos com a identificação das mesmas, providenciar palco ou outro lugar para as apresentações, mesa de som discos, etc. Neste grupo de trabalho poderá ser incluído a programação, concursos e as apresentações artísticas.
5) Equipe arrecadação de brindes - para realização dos jogos e brincadeiras; pedir colaboração para os alunos membros das invernadas, comércio local, pais, envolvendo todos os seguimentos para tornar uma festa alegre e participativa
6) Equipe dos jogos e brincadeira - responsáveis pelas organizações das tendas e materiais, objetos de sorteio, prêmios e o material necessário para realizar jogo e a brincadeira; Ex “Jogo da Pescaria” providenciar caixa grande com areia para colocar os peixes numerados, caniço e anzol; brindes Outro exemplo a “Brincadeira do saco”, necessário os sacos, prêmio para o vencedor.
7) Equipe dos comes e bebes - pessoas encarregadas na confecção das guloseimas juninas,arrecadação de doações, compra dos produtos, doces e vendas.

Tipos de Comes e bebes
Como a festa é ligada a colheita, não poderá faltar a mesa do ciclo junino, uma culinária específica: quentão, suco de vinho, pinhão, bolo de milho, batata-doce assada, em calda ou doce seco, amendoim torrado, pé-de-moleque, pipoca, canjica, bolos e pães de aipim, batata, batidos, doces secos de abóbora, figo, ambrosia, arroz-doce, paçocas e tudo que podemos servir na festa gaúcha, procurando dar prioridade as plantas cultivo de inverno.

Jogos e Brincadeiras
1) Dança da batata
O casal que conseguir dançar uma música inteira equilibrando uma batata entre as duas testas, ganha um a prenda.

2) Dança do bastão ou da vassoura
Recreação coreográfica em que um dos participantes dança com o bastão ou a vassoura e em determinado momento encontra o par e deixando o bastão

3) Corrida da Colher
Competição que consiste em transportar um ovo cosido em uma colher dentro de uma raia, vencedor ganha prenda o perdedor paga uma prenda.

4) Rodas Cantadas
Muitas são as cantigas de roda, que poderão ser feitas coreografias. Ex.: Pai Francisco, Viuvinha, Terezinha de Jesus, Ciranda Cirandinha...

5) Jogo da lata
Colocam-se latas agrupadas em forma de andares e joga uma bola feita de meia. O que derrubar mais latas na jogada, tem o maior número de pontos. O prêmio é sempre anunciado antes do jogo.

6) Jogo casa do ratinho
Colocam-se seis casinhas numeradas em forma de círculo. O participante aposta no número da casinha que o ratinho poderá entrar, quando largado no meio do círculo. Se acertar o número apostado, ganha o brinde anunciado antes do jogo.

7) Jogo a argola
O procedimento é semelhante ao joga de lata, substituindo por garrafas que são argoladas pelo jogador.

8) Jogo boca do palhaço
Faz-se um palhaço com a boca bem saliente e com uma bola de meia o jogador tenta três vezes encaixar a bola na boca. Vencedor é o que colocou a bola mais vezes.

9) Brincadeira saco surpresa
Colocam muitos objetos, brindes, brinquedos, mensagens, pegas dentro do saco. Paga uma quantia para pegar o brinde colocando a mão sem ver.

10) Colocar lenha na fogueira ou rabo no burro
Apresenta-se uma fogueira ou burro em um cartaz. De olhos vendado deve colocar a lasca de lenha na fogueira ou rabo no burro. Quem acertar ganha uma prenda.
As regras quanto ao número de jogadas e os valores, prendas e prêmios são estabelecidos antes da jogada.

11) Dança da quadrilha
Quadrilha surgiu nos salões da corte francesa, recebendo nome de quadrille, mas é de origem inglesa, uma dança de camponeses. Na época da colonização os portugueses trouxeram essa dança (vestidos lindos e rodados que, representam as riquezas da corte) os passos puxados na língua francesa ou camponesa. A quadrilha surgiu em Paris Século XVIII, tendo origem contradança foi introduzida no Brasil durante a regência e fez sucesso nos salões brasileiros, Século XIX, sede corte. Depois desceu as escadarias do palácio e caiu no gosto do povo.