via zero hora:
Presidente de fundo sócio do empreendimento, Luiz
Eduardo Abreu admite 'dificuldades' e avisa que não põe mais dinheiro sem
licenciamento
Por: Marta
Sfredo
Grupo
empreendedor diz ter recursos para reforma dos armazéns, mas não para a
construção de duas torres previstas Foto: Omar Freitas / Agencia RBS
Sim, há
uma crise no empreendimento do Cais Mauá, admite Luiz Eduardo Franco de Abreu,
presidente da NSG Capital, fundo detentor de 39% das ações do consórcio que
tenta avançar com a obra. Caso o projeto avance, o fundo deverá ficar com o
controle do projeto, hoje dos espanhóis da GSS, que construíram no final dos
anos 1980 o Port Vell de Barcelona.
– O
projeto está enfrentando dificuldades, a situação do Brasil inviabiliza
qualquer operação de crédito, mas vamos vencer essas dificuldades, o Rio Grande
do Sul é um Estado formado por imigrantes que se habituou a enfrentar
dificuldades – disse Abreu à coluna.
Atrasos
nas obras
"A
licitação para o projeto ocorreu em 2010 e, desde então, a empresa vem
trabalhando. Para isso, tem de manter uma estrutura, com pessoas e despesas
fixas. O desembolso começou em 2012, com o investimento do grupo espanhol (GSS)
para o projeto conceitual. Assim que ganharam, começaram a gastar, depois
pararam, porque a Antac (Agência Nacional de Transportes Aquaviários)
entrou na Justiça contra a licitação por entender que tinha de participar.
Depois de dois anos, houve acordo, com um aditivo ao contrato em que a Antaq
passou a figurar, representada pela Superintendência de Portos e Hidrovias
(SPH). Entramos no final de 2012, com um pequena participação (no consórcio),
depois aumentamos. Fizemos uma série de investimentos para o licenciamento,
entregue à prefeitura em 2014. Precisamos de 2013 inteiro para desenvolver o
projeto, precisávamos ver como a estrutura se comporta nas quatro estações do
ano. Terminamos o EIA/Rima em julho de 2015, quando foi entregue."
Pendências
no mercado
"Em
situação normal, há um orçamento que vai liberando dinheiro à medida que
determinados marcos vão sendo alcançados. É o que a gente chama de
físico/financeiro. O problema é que ficamos sem esses marcos, porque a
liberação demora. Existe a situação em que a empresa recorre ao mercado
financeiro, cobre com empréstimos de longo prazo. O problema é que, de um ano
para cá, a situação financeira impede que se pegue dinheiro novo. Tenho
dinheiro no orçamento, o problema é que não tenho marco para liberar e não se
consegue dinheiro no mercado financeiro. Tem alguns protestos, algumas
cobranças. Algumas empresas compreendem, outras não, e até nos avisam 'tenho de
fazer alguma coisa'. É lamentável para o projeto. Mas a empresa que já gastou o
que gastou, sem licença, já está há seis anos à espera. Não dá para ficar mais
seis anos colocando dinheiro, não seria um projeto realista. Se nos derem a
licença, a obra vai começar, sem licença, não posso colocar mais
dinheiro."
Perspectivas
"O
importante é que a gente está trabalhando para conseguir atender às exigências
do EVU (Estudo de Viabilidade Urbana) ainda este mês. Se isso ocorrer,
haverá liberação orçamentária. Neste momento, há uma preocupação genérica sobre
o que vai ser do porto dentro de contexto de preocupação com a situação do
Brasil. Temos conversado com fornecedores e estamos resolvendo algumas
situações. Com o EVU liberado, resolveremos mais da metade das pendências.
Somos investidores. Só vamos colocar dinheiro lá dentro quando tiver licença. É
nosso compromisso. A partir daí, a empresa vai, com as pernas dela, buscar
capital de giro de curto prazo que hoje não está conseguindo,
justificadamente."
Porto
Alegre
"Nesta
cidade em particular, há algumas características que não existem em outras.
Nunca um jornalista me liga para saber como estão as finanças de uma empresa
investida minha. Temos uma restrição de caixa temporária. Essa característica
da cidade é triste, fica um clima de que o investimento foi ruim. Não foi, está
demorando. A rentabilidade vai diminuir? Pode ser, mas também pode aumentar.
Não temos dinheiro para construir as torres agora, os R$ 700 milhões, mas temos
dinheiro no bolso para fazer a reforma dos armazéns. O problema de começar
obras é simplesmente ter as licenças. Sabemos que a lei é complexa e que as
autoridades não estão cobrando nada que não esteja na lei."
Os donos
do projeto
"O
controle ainda é dos espanhóis, eles ainda têm 51%. À medida que for aumentando
o capital, o plano é que o controle passe para o fundo. Para isso acontecer,
vamos apresentar às autoridades, dar todo o conhecimento necessário.
Trabalhamos com as maiores empresas do setor. Depois de seis anos, já
incorporamos expertise do grupo que construiu o Port Vell em Barcelona.