Os legados de Oliveira Silveira, Abdias do Nascimento e Zumbi dos Palmares, 
entre vários outros líderes históricos do movimento negro, foram aclamados na 
solenidade de ocorreu na manhã desta sexta-feira, 11, no Paço Municipal. Aos 
gritos de 'presente' a cada nome anunciado, os militantes festejaram a sanção, 
pelo prefeito José Fortunati, do projeto de lei que institui o dia 20 de 
novembro como feriado municipal consagrado ao Dia da Consciência Negra e da 
Difusão da Religiosidade. (FOTOS)
O projeto, de autoria do vereador Delegado Cleiton, prevê um dia de 
reflexão e de prática de ações de conscientização e prevenção contra o racismo e 
a discriminação. Ao sancionar o texto, o prefeito José Fortunati observou que, 
há alguns anos, uma lei foi derrubada judicialmente, com o argumento da 
inconstitucionalidade. Para que não se repetisse, lembrou ele, houve a 
necessidade de uma adaptação. “Ao sancionar este projeto, tenho a segurança 
jurídica de que esta lei não será derrubada. Estou tranquilo de que não teremos 
retrocesso. Esta luta social deve avançar e se consolidar dentro do Estado 
Democrático de Direito, fazendo com que Porto Alegre seja uma cidade ainda mais 
justa, inclusiva e de respeito às diferenças. 
Durante o evento, o prefeito destacou injustiças sociais, como a omissão na 
história da importância dos Lanceiros Negros na Revolução Farroupilha. Citou 
ainda, o fato de um dos mais importantes viadutos da cidade, ligando a zona Sul 
ao bairro Menino Deus, ter o nome de um dos maiores expoentes do movimento negro 
no país, Abdias do Nascimento. “Tenho um orgulho muito grande de ter na cidade 
um viaduto com o nome de Abdias”, disse, dirigindo-se ao vereador, também autor 
do projeto. 
Ao saudar os presentes, o vereador agradeceu a todos os responsáveis pela 
construção da lei. “Foi um verdadeiro exército de Zumbi, que foi, de porta em 
porta, defender a importância dessa lei”, disse o Delegado Cleiton, antes de 
agradecer ao prefeito. “A sanção é um respeito às nossas reivindicações”, disse, 
emocionado. “Os movimentos sociais, o vereador e o prefeito foram fundamentais 
para a conquista desta data”, acrescentou o secretário de Direitos Humanos, 
Luciano Marcantônio, acompanhado pela secretária adjunta do Povo Negro, Elisete 
Moretto. 
Marco Histórico – “Mais do que uma sanção, o dia de hoje é 
um marco na história da Capital”, definiu o ativista da Cultura Negra, Antônio 
Carlos Côrtes. “Porto Alegre faz justiça ao negro. Trata-se de uma política 
afirmativa que ajudar a corrigir distorções”, disse ele, que foi às lágrimas 
durante o ato de sanção. Ele lembrou que, como citou Joaquim Nabuco, a 
escravidão ainda permanece nos presídios e nas vilas, realidade que deve ser 
transformada através de ações como as de hoje. 
Participaram da solenidade o vice-prefeito Sebastião Melo, os secretários 
de Gestão, Urbano Schmidt, e de Inclusão Social, Raul Cohen, o secretário 
estadual da Educação, Carlos Eduardo Vieira da Cunha, o deputado Adão Vilaverde, 
representando a Assembleia Legislativa, os presidentes nacional e estadual do 
PDT, Carlos Lupi e Pompeo de Mattos, além de vereadores, representantes do 
movimento negro e líderes religiosos. 
Sobre a lei - O feriado é um marco histórico na Capital e 
permite resgatar o legado de um povo que sofreu por séculos com a escravidão e a 
discriminação racial, homenageando o dia da morte de um dos maiores líderes 
negros do Brasil, Zumbi dos Palmares. A legislação federal prevê que aos 
municípios caberia determinar o feriado municipal, o que já ocorre em mais de 
500 cidades brasileiras. Em novembro, a Câmara Municipal aprovou o projeto de 
autoria do vereador Delegado Cleiton, e derrubou a emenda que transformava o 
feriado em data móvel, no terceiro domingo de novembro. Com a impossibilidade da 
existência de mais um feriado municipal, uma nova proposta definiu que o Dia de 
Finados (2 de novembro) continuará sendo feriado, mas determinado apenas pela 
lei federal, não mais por lei municipal. O projeto aprovado sanou a ilegalidade 
ou inconstitucionalidade apontada pela Procuradoria Geral do Município de Porto 
Alegre (PGM) por ocasião do veto do prefeito José Fortunati ao projeto anterior, 
que tratava sobre o mesmo tema.  
/negros
Texto de: Caren 
Mello
Edição de: Andrea Brasil
Autorizada a reprodução dos textos, desde que a fonte seja citada.
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