No final da tarde dessa terça-feira (30) o governador Tarso Genro e o
secretário de Estado da Cultura, Assis Brasil, assinaram o livro Tombo que
designa a Ilha das Pedras Brancas, ou ilha do Presídio como Patrimônio
Histórico, Cultural e Arqueológico do estado.
Características especiais
A ilha das Pedras Brancas tem alta significância
em termos históricos, políticos, culturais e ambientais, configura-se em um
sítio arqueológico histórico. A paisagem da ilha resulta da complexidade de
acontecimentos de origem natural e antrópica, através da acumulação da história
(das histórias) e da diversidade de usos e símbolos aplicados sobre aquele
espaço ao longo do tempo. Constitui-se em um lugar repleto de valores culturais:
naturais, arqueológicos, arquitetônicos e históricos, o que justifica suas
inscrições nos respectivos livros do tombo do patrimônio cultural do estado:
histórico e arqueológico, etnográfico e paisagístico. O pedido de tombamento foi
feito por várias entidades do município de Guaíba. O sítio tem potencial para
tornar-se um centro cultural de pesquisa e educação ambiental.
O governador Tarso Genro destacou a satisfação
pelo tombamento e citou o trabalho iniciado na época em que foi Ministro da
Justiça. “Este ato me traz uma alegria pessoal também, pelo movimento e trabalho
iniciado no Ministério da Justiça que resultou na comissão da verdade e aqui,
agora, fazemos este projeto de memória e registro da nossa história”,
afirmou.
O secretário Assis Brasil também se referiu ao
ato como forma de homenagem. “Esta ilha representa o registro da passagem de
tantos nomes que resistiram bravamente contra a ditadura, muitos deles ainda
estão entre nós. É uma homenagem do Estado preservando a memória”, concluiu.
Também participaram do evento a secretária de Estado dos Direitos Humanos,
Jussara Dutra, a diretora, em exercício, do Iphae, Alice Cardoso, a secretária
de Turismo e Cultura de Guaíba, Cláudia Borges, os representantes da ONG Amigos
do Meio Ambiente (AMA) além da equipe técnica do Iphae.Características especiais
A ilha de Pedras Brancas diferencia-se das
demais ilhas do delta do Guaíba por não apresentar origem sedimentar, fazendo
parte de um conjunto de terrenos cristalinos que testemunham a evolução
geológica desta região do estado, sua hidrografia e seu relevo atual. Seus
aspectos geológicos únicos e singular ecossistema a caracterizam como um local
de interesse particular para o estudo da geologia, cuja beleza natural contrasta
com a solidez da arquitetura de seus prédios, relacionada ao uso militar. O
conjunto arquitetônico da ilha do presídio possui duas principais edificações, o
prédio da guarda e o prédio do presídio. Embora a formação
geológica da ilha seja de origem rochosa, há espaços na porção alta da ilha, não
sujeitos a inundações, que possuem deposição de solos, existindo a possibilidade
de serem encontrados vestígios referentes às ocupações pretéritas.
A história
No século XIX viajantes europeus descreveram a
singularidade da pequena ilha rochosa localizada na entrada da cidade de Porto
Alegre. Em 1821, Auguste de Saint-Hilaire registrou que os rochedos eram
chamados Ilha de Pedras Brancas. Em 1831, dirigindo-se ao presidente da
província, a câmara municipal de vereadores cogitou construir a casa da pólvora
de porto alegre em uma ilha, a construção ocorreu entre 1857 e 1860. O paiol de
pólvora instalado na ilha das Pedras Brancas, sob administração do Ministério da
Guerra, atendia às demandas do exército imperial na província. A casa da
pólvora teria funcionado até 1930, quando foi abandonada pelos militares por
conta da umidade que inutilizava o material armazenado.
Na década seguinte, as edificações foram
adaptadas para a instalação do laboratório de pesquisa para o desenvolvimento de
vacinas contra a peste suína, epidemia que assolou o estado na época. Vinculado
à secretaria de estado da agricultura, funcionou ali durante cerca de cinco
anos.
A partir de 1956, as instalações da ilha passaram
a ser ocupadas por um presídio comum, recebendo acusados de pequenos furtos,
usuários de drogas e doentes mentais e ficou conhecida como ilha do presídio.
Com o golpe civil-militar de 1964, a ilha passa ser usada como presídio
político. Em 1965, o presídio foi desativado e reaberto em 1980m e foi
definitivamente fechado em 1983.