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11 de janeiro de 2017

Secretário da Cultura da Capital, Luciano Alabarse, e o adjunto, Eduardo Wolf, explicam suas ideias para POA


Entre os projetos, estão a retomada do Festival de Inverno e a criação de uma Universidade Aberta

Por: Fábio Prikladnicki
Secretário da Cultura da Capital, Luciano Alabarse, e o adjunto, Eduardo Wolf, explicam suas ideias para POA  Tadeu Vilani/Agencia RBS
Eduardo Wolf, secretário-adjunto de Cultura de POA, e Luciano Alabarse, secretário de culturaFoto: Tadeu Vilani / Agencia RBS 
Coordenador-geral do Porto Alegre Em Cena, festival que idealizou há mais de 20 anos, o diretor de teatro Luciano Alabarse pretende levar à Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre (SMC) um pouco da experiência que teve nos últimos quatro anos como secretário da Cultura de Canoas, uma gestão considerada bem-sucedida pela projeção que conferiu à cidade da Região Metropolitana na área.
Nesta entrevista, concedida ao lado do secretário-adjunto Eduardo Wolf, o novo titular da pasta na Capital defende que o setor não pode ficar à mercê dos minguados recursos tradicionalmente reservados ao setor – menos de 1% do orçamento da prefeitura, segundo projeção da Lei Orçamentária Anual de 2017. Seu discurso é o de estabelecer parcerias, seja com órgãos de fomento, seja com a iniciativa privada. Embora o orçamento elaborado pela administração de José Fortunati para 2017 preveja R$ 64 milhões para a SMC (e despesas totais com a cultura da ordem de R$ 65,4 milhões), Alabarse garante que o valor será revisto pela nova gestão. Tampouco há martelo batido sobre o R$ 1,2 milhão previsto para o Fumproarte, embora o secretário garanta a continuidade do fundo. Veja, a seguir, as ideias de Alabarse e Wolf para a cultura de Porto Alegre. Entre os projetos, estão a retomada do Festival de Inverno e a criação de uma Universidade Aberta.
Qual o orçamento anual que vocês vão administrar?
Luciano Alabarse – O orçamento está sendo discutido. O prefeito congelou durante 90 dias todos os pagamentos para ter um diagnóstico realista das finanças. Então, essa pergunta poderá ser respondida em 90 dias.
Eduardo Wolf – O prefeito tem insistido na ideia de que a Lei Orçamentária de 2017, em certo sentido, é uma peça de ficção. Isso inclui o que é destinado à SMC. O que não quer dizer que o valor é inventado, mas não temos certeza se aquelas atribuições serão efetivadas. Não significa que a gente vai interromper o que está previsto, mas é preciso tomar pé da situação mais detalhadamente.
Alabarse – A cultura tem uma característica: não trabalha só com recurso orçamentário, mas com captação de outras verbas. O caminho é não depender só do que está no orçamento, de uma fonte única de financiamento.
Que tipo de parcerias podem ser feitas com a iniciativa privada?
Alabarse – As mais cotidianas serão estabelecidas via leis de incentivo. Todos os projetos da cultura podem ser incentivados. Mas não é só disso que estamos falando.
O município não tem uma lei de incentivo à cultura.
Wolf – Foi criada uma pasta específica para isso (Secretaria de Parcerias Estratégicas). Essa pasta deve liderar inclusive o desenho de novos projetos que vão buscar os melhores formatos, seja PPP (parceria público-privada), lei de incentivo, OSs (organizações sociais) ou Oscips (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Não há uma preferência específica por um desses modelos. Os casos serão estudados em suas particularidades. Mas a ideia é que a legislação municipal permita todas essas possibilidades.
Alabarse – Um exemplo objetivo: a Usina do Gasômetro. Até onde sei, já está aprovada uma verba, via CAF (Corporação Andina de Fomento), de US$ 3,2 milhões, para reforma e inclusive a gestão do espaço. Trata-se de uma grande notícia. Se não houvesse esse instrumento de captação, via CAF, a reforma poderia se estender indefinidamente. Já digo agora: não tenho nada contra nenhum dos instrumentos que possam devolver à cidade equipamentos reformados e bem estruturados. Mas acredito que esse modelo de gestão pública, de algum jeito, está esgotado. Não estou nem falando mal. É que ele cumpriu um ciclo. O que estamos vendo é que, na cultura, os orçamentos são sempre menores do que as necessidades. Para as coisas funcionarem, a gente tem que ser criativo. Em Canoas, fiz projetos em equipamentos via CAF, por isso confio nesse modelo. É seriíssimo.
O modelo que você disse que está esgotado é o do financiamento público à cultura exclusivamente com verba orçamentária?
Alabarse – Sim. Não há uma cidade brasileira que atenda a todas as demandas da área da cultura apenas com verbas orçamentárias. As prioridades para a sociedade são segurança, saúde e educação. Essas áreas precisam de um aporte municipal, estadual ou federal maior. Cabe aos agentes da cultura entenderem isso e criarem outras formas de resolver as demandas da sua pasta.
O site Dossiê Palcos Públicos de Porto Alegre noticiou que a prefeitura deve R$ 52 mil em ajudas de custo para os artistas do projeto Usina das Artes. Também há reclamações de servidores da área do cinema sobre salários atrasados. E artistas que foram contemplados com financiamento do Fumproarte reclamam de não ter recebido. Vocês têm noção da dívida herdada e sabem quando ela será paga?
Alabarse – Esses exemplos são reais, os atrasos existem, inclusive me incluo neles: como coordenador do (Porto Alegre) Em Cena, também não fui pago. Tudo o que foi citado está no meu radar de solução, temos que resolver essas pendências, me comprometo em não deixar essa situação parada. Só que depende de uma conjuntura. O prefeito precisa ter o quadro completo das pendências. E isso não se consegue tão rapidamente. Antes de 90 dias, nenhuma dívida será paga.
Qual é o seu projeto para a Usina do Gasômetro? O prédio vai mesmo ser fechado para reformas?
Luciano Alabarse – Certamente vamos fechar a Usina para reformas. Não há como fazer a obra com o prédio funcionando. O que vai acontecer com os grupos do projeto Usina das Artes? Ainda não sei, mas estamos conversando para realocá-los. Isso é o que tenho que me comprometer. Tenho de encontrar locais para que eles não fiquem sem teto. Uma ideia é usar o prédio da Cia. de Arte, que é da prefeitura. Também já tive uma reunião com o (secretário estadual da Cultura) Victor Hugo para que ele me ceda o Centro Cenotécnico, que está fechado, aos produtores que ficaram sem um local de guarda cenográfica desde o fechamento desse espaço. Eu guardava o material dos meus espetáculos nesse local, e tive que tirar tudo de lá. O Victor Hugo concordou em passar para mim a gestão. Isso é certo: o Usina das Artes não vai parar. O comprometimento é onde estarão alocados nesse tempo os 10 grupos participantes do projeto.
Quando a Usina do Gasômetro ficará fechada e por quanto tempo?
Alabarse – Ninguém consegue dizer quanto tempo exato um prédio dessa magnitude ficará fechado. Mesmo com financiamento garantido, as obras sofrem atrasos – de empreiteira, fornecedora, material. O importante é: nunca vamos ter um dinheiro desses se não aproveitarmos o fomento da CAF. É uma bênção ter essa verba substancial para reformar a Usina.
Depois, a Usina vai ser terceirizada, vai ser administrada por uma OS?
Eduardo Wolf – Não será exatamente uma OS porque não temos ainda esse tipo de legislação aqui. Mas será uma fundação.
Alabarse – Estou recebendo esse projeto, não participei dele. Já está aprovado (pela gestão anterior). Não estou entregando a Usina para que uma organização privada (o Instituto Odeon) pense-a artisticamente. Os espaços artísticos da Usina terão o DNA da secretaria. O Usina das Artes será preservado. Digo isso porque já vi o projeto de reforma. O cinema também fica, apenas deslocado para outra área. O Teatro Elis Regina aumenta. Se eu não concluir o Teatro Elis Regina, peço demissão! As pessoas perguntam: "Vão entregar a Usina para a iniciativa privada?". Não é isso. É estar junto. E isso é saudável. O que quero é tempo para pensar artisticamente a Usina. Semana passada, estourou um cano lá. Se eu tiver alguém que cuide disso, vou agradecer.
"O Gasômetro terá o DNA da secretaria", garante AlabarseFoto: Omar Freitas / Agencia RBS
Wolf – Não que houvesse problema de um formato em que a gestão artística ficasse com uma fundação. Não é esse o caso. Há casos altamente bem-sucedidos do governo do Estado de São Paulo, como a Fundação Osesp, que administra a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, ou a associação que administra a Pinacoteca do Estado de São Paulo. São dois organismos públicos que são exemplos de gestão. E são OSs. Não é preciso ter medo desse tipo de modelo. Não é um modelo caricato em que você está entregando aparelhos públicos para uma perversa instituição privada.
Alabarse – Esse é o exemplo mais bacana que poderia ser dado (o exemplo da Osesp). Com a chegada do Arthur Nestrovski, a orquestra deu um salto de qualidade. E há toda a prestação de serviço comunitário. São essas medidas que não terei medo de encarar, afinado com esses novos tempos.
Wolf – Há exemplos de OSs que deram errado. Não haverá fidelidade a determinado modelo. O modelo é o que está dando certo e como podemos aprender com isso.
A Sala P.F. Gastal está garantida após a reforma do Gasômetro?
Alabarse – Nenhum espaço atual da Usina será suprimido na reforma. A ideia do arquiteto responsável é criar uma área de circulação como a dos cinemas de shopping, para atendimento, venda de ingressos, bar. A ideia da reforma é essa: ter uma área de atividades cotidianas da Usina, como a venda de ingressos para todas as atividades, cinema, teatro etc., mais aproximada.
A previsão da gestão anterior era reabrir o Teatro de Câmara Túlio Piva em 2017. Pelo visto, isso não vai ocorrer.
Alabarse – Até onde sei, não há nenhum projeto arquitetônico aprovado ainda. E não se começa nenhuma obra sem que o projeto arquitetônico esteja aprovado. Começou essa tratativa? Começou. Mas não terminou. O que vou fazer? Agilizar. O Teatro de Câmara é meu modelo de prédio que está fechado e precisa ser devolvido à cidade.
Pode ser feita uma parceria com a iniciativa privada?
Alabarse – Será feito tudo o que for possível para se ter os recursos necessários. O que me interessa é reabrir. Não vou dar o Teatro de Câmara para uma empresa privada. É um prédio público. Mas preciso ter recursos para reabri-lo.
Concretamente, qual é o próximo passo do Teatro de Câmara?
Alabarse – Terminar o projeto de restauro. Já pedi para ver esse projeto, mas ele não chegou até mim ainda. Estamos no início do trabalho, formatando a equipe... Posso dizer que será uma meta da secretaria a reativação dos espaços públicos que estão fechados. Isso é fundamental para que a cidade tenha um escoadouro de sua produção artística. Não estou falando só de teatro. Penso, por exemplo, numa instituição como o Atelier Livre. Em algum momento, no seu pico de importância, havia 38 professores e, não sei exatamente o porquê, hoje tem oito. Isso não pode ficar assim. O Atelier Livre é uma instituição de Porto Alegre.
O que será feito com o Atelier Livre?
Alabarse – Não apenas o Atelier Livre será fortalecido, mas todos os equipamentos ou instrumentos que venham em benefício da cultura da cidade. O Atelier Livre é fundamental, assim com a Cia. Municipal de Dança, que tem um trabalho social incrível. O novo secretário da Educação (Adriano Naves de Brito), esses dias, conversando comigo, disse que quer manter toda a atividade que essa companhia desenvolve com a Educação. Essas parcerias precisam ter potência e visibilidade. Estou satisfeito, até o momento, com a valorização da cultura na nova administração. Durante a campanha, ouvi muitas vezes que o Marchezan ia acabar com a cultura, com o Porto Alegre Em Cena – que foi a razão prioritária da minha aproximação com ele. Pensei: "Vou perguntar para ele". E a conversa que tivemos foi incrivelmente produtiva. Não apenas sobre o Em Cena, mas sobre toda a cultura.
Como vai ser o Porto Alegre Em Cena do secretário Luciano Alabarse?
Alabarse – Durante meu tempo de Em Cena, solidifiquei uma equipe. Um evento potente, importante como esse, não pode depender de uma pessoa. Essa equipe nem é mais contratada com recursos orçamentários. A maioria dos funcionários do Em Cena, hoje, é paga via patrocinadores, leis de incentivo. Tudo muito claro, com prestação de contas. Obviamente, não vou poder estar lá todos os dias, como fiz até a edição passada. Mas não vou deixar de dar meu pitacos.
Segue sendo o coordenador-geral?
Alabarse – Não. Quem vai assumir? Não digo. Ainda. Estou pensando. Uma coisa eu asseguro: entre os eventos da cultura, o Porto Alegre Em Cena é o que mais me dá tranquilidade. O projeto deste ano está formatado, está tudo se encaminhando.
E qual será o seu cargo?
Alabarse – Não vou ter cargo, vou ser que nem Deus, onisciente (risos). Vou estar vendo tudo. Talvez eu pleiteie que prestem atenção nas minhas sugestões de curadoria... No meu horizonte, está o de construir uma fundação para o Em Cena. E, com isso, tornar o festival mais capacitado para andar com seus próprios pés, independentemente de quem está aqui, de quem é o secretário.
Embora a Feira do Livro de Porto Alegre seja organizada pela Câmara Rio-grandense do Livro, a prefeitura pode realizar parcerias, tendo em vista a experiência da Feira do Livro de Canoas?
Alabarse – Isso é uma das coisas de que me orgulho: aprendi a fazer uma Feira do Livro. Não é o mesmo que fazer um festival de teatro. Na nossa Feira (de Porto Alegre), dependo muito mais de a Câmera querer a nossa presença do que nós nos impormos. Agora, posso te dar um furo mundial: queremos reeditar o Festival de Inverno, com uma ênfase muito grande na área do livro.
Wolf – A cultura de Porto Alegre tem uma tradição muito forte com relação ao livro. Uma das ideias que temos é potencializar a Coordenação do Livro e da Literatura, transformando-a em uma espécie de embrião de um projeto maior chamado Universidade Aberta. Vamos aproveitar a expertise da Coordenação do Livro com seminários, palestras, conferências e outras atividades realizadas nos Festivas de Inverno da gestão do secretário Sergius Gonzaga. Queremos criar uma estrutura como as que existem em França, Inglaterra, Austrália. Mesmo no Brasil existe uma figura jurídica do MEC (Ministério da Educação) chamada Universidade Aberta. Nosso modelo jurídico está sendo desenhado. Vocês falavam no Teatro de Câmara. Lembro de ter organizado um seminário de filosofia lá, em 2007, com professores da USP, da Bahia e do Paraná chegando para dar palestra no sábado de manhã, no inverno, com o teatro lotado para ouvir um cara falar sobre Wittgenstein. Porto Alegre tem essa tradição. Queremos retomar isso, em parceria com a Secretaria da Educação e com as universidades.
A ideia é oferecer cursos?
Wolf – Não só isso. Resolvemos iniciar o projeto a partir da Coordenação do Livro por causa dessa experiência bem-sucedida. Mas não é só. Queremos que essa estrutura, crescendo como esperamos que cresça, sirva também para a formação continuada e a reciclagem dos professores da rede municipal de Porto Alegre, por exemplo. Outra função que pode vir a cumprir, espero, é servir para agrupar, como uma espécie de hub de grupos de estudo, de think tanks nacionais e locais. Aqui, há vários grupos que começaram a se organizar para estudar autores, linhas de pensamento. Sem imposição prévia, esses grupos podem ter a guarida dessa estrutura e criar um circuito de reflexão crítica. Se puderem ter uma participação na esfera pública, apresentando suas ideias em diálogo com outros grupos, a Universidade Aberta cumpriria esse papel.
O Festival de Inverno voltaria em que formato?
Wolf – O festival atrai um público muito interessante de estudantes e universitários. Portanto, é muito interessante fazer com que coincida com o período das férias de inverno. Mas a gente vai ter que ver isso com cautela. Queremos que os projetos não sejam interrompidos, que tenham a continuidade exemplar que o Porto Alegre Em Cena teve desde o seu primeiro ano.
A prefeitura tem 25% das datas do Auditório Araújo Viana. Como serão aproveitadas?
Alabarse – Mais um exemplo de parceria – com a Opus – que deu certo. O poder público não foi entregue, mas se conseguiu uma produtora parceira. A taxa de ocupação do município não é usada, salvo eu esteja errado, na sua totalidade. Isso pode mudar. O Em Cena já usou o Araújo Vianna em datas municipais. No encontro que tive com o secretário Victor Hugo, ele me passou que tem a ideia de oferecer concertos gratuitos da Ospa no Araújo. Solicitou as datas do município. Daí nem se paga o cachê da orquestra, porque é a contrapartida do Estado, e, ao mesmo tempo, não se cobra a taxa de ocupação. Certamente, teremos a Ospa em concertos gratuitos em datas do município.
Auditório Araújo ViannaFoto: Camila Domingues / Especial
Quais são os planos para a Companhia Municipal de Dança?
Alabarse – A companhia é tocada pelo Airton Tomazzoni, com um trabalho digno de todos os elogios. Vamos valorizá-la. Não só com apresentações, mas com outros projetos, como oficinas. Se você me permite, eu gostaria de citar nossa vontade de revigorar o que chamamos de descentralização. Porto Alegre está dividida em 17 regiões. Algumas dessas têm fragilidades sociais. É um pedido do prefeito: "Atendam a essas populações". Então, que a cultura faça isso.
Wolf – O prefeito tem conversado conosco com alguma insistência. Se você oferece cultura a crianças de zero a três anos, e depois na faixa dos quatro aos seis, o impacto no desenvolvimento das capacidades é muito maior. Há, portanto, um retorno muito maior do que se gastarmos a partir dos oito anos. A mesma coisa se repete até o início da adolescência. Queremos usar a estrutura da descentralização com oficinas de teatro, de artes, de sensibilização musical, contações de história para as crianças.
Alabarse – Essa me parece a vocação da descentralização. Muito mais isso do que apresentar um espetáculo pronto. Queremos trabalhar o aspecto formativo.
A SMC terá um espaço na Caixa Cultural, que está em obras desde 2009. Como está o envolvimento da prefeitura?
Alabarse – Essa é uma obra da Caixa, então as respostas têm de vir da Caixa. A ideia é que, a partir do estabelecimento de um convênio, toda a estrutura administrativa da SMC ocupe cinco andares desse prédio.
Vocês têm ideia de orçamento para o Fumproarte?
Alabarse – A descentralização vai cuidar do aspecto formativo, e o Fumproarte vai atender aos artistas, aos profissionais da área. O Fumproarte tem que acontecer. Não se pode eliminá-lo. E não apenas porque é uma lei, mas porque é importante, um braço de parceria entre o poder público e os produtores culturais. A gente pretende captar recursos para fortalecer o mecanismo. O Fumproarte também pode captar verbas. Outra coisa que será prioridade: os prédios da Cultura. A SMC tem um organograma predial impressionante. Mas muitos desses prédios estão relegados ao fechamento. A rede de equipamentos precisa funcionar. Para que a produção cultural escoe, seja potente, a gente precisa dessa rede. Sem ela, tudo se perde. Vou direcionar minha energia para recuperar a potência dos equipamentos culturais do município.
QUEM SÃO
Luciano Alabarse
Diretor teatral há 40 anos, atuou à frente da Coordenação de Artes Cênicas da SMC, dirigiu a Usina do Gasômetro e é o criador do Porto Alegre Em Cena. Entre 2013 e 2016, esteve à frente da Secretaria da Cultura de Canoas.
Eduardo Wolf
Graduado em Filosofia pela UFRGS, cursa doutorado na USP e é colaborador do jornal O Estado de S. Paulo e da revista Veja, além de professor na Casa do Saber e curador-assistente do Fronteiras do Pensamento.
O Instituto Odeon
Trata-se de uma Organização Social (OS) mineira que trabalha com gestão de projetos e equipamentos culturais – entre estes o Museu de Arte do Rio (MAR). Conforme nota emitida pela SMC ao final da gestão passada, foi a organização escolhida em conjunto com a Corporação Andina de Fomento (CAF), financiadora das obras da orla do Guaíba, para cuidar da administração do Gasômetro após a reforma.