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A União da Vila do IAPI, que conseguiu patrocínio do setor privado, movimenta o seu barracão
Na segunda semana de janeiro, ainda que a previsão seja de um Carnaval temporão em Porto Alegre, com desfiles marcados para os dias 10 e 11 de março, o cenário é preocupante no Complexo Cultural do Porto Seco.
Em apenas um dos 14 barracões destinados às escolas de samba há trabalho em andamento na confecção de alegorias.
A situação reflete a falta de repasse dos cachês pela prefeitura e, agora, a certeza de que as escolas de samba não contarão com verba pública neste ano.
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— Para tocarmos o trabalho, é necessário que se tenha uma certeza ou um forte indicativo de que vamos conseguir dinheiro. Cada serralheiro no barracão nos custa R$ 1,1 mil por semana — argumenta o presidente da Império da Zona Norte, João Carlos Martins, o Gago.
Patrocínio
Visão diferente tem Jorge Sodré, presidente da União da Vila do IAPI, única escola, por enquanto, a obter patrocínio do setor privado.
Pelo menos quatro pessoas, além do carnavalesco Sérgio Guerra, confeccionam as alegorias que a chamada Tricolor da Zona Norte planeja apresentar neste Carnaval.
— Temos que ter desfile sim, e competitivo — defendeu Sodré.
Porém, cada vez mais, Sodré parece isolado em sua posição. Na segunda-feira, os presidentes da Bambas da Orgia, Cleomar Rosa, e da atual Campeã, Imperatriz Dona Leopoldina, Vitor Hugo Amaro, falando à reportagem, mostraram-se simpáticos à ideia de um desfile não competitivo.
Nesta terça-feira, o presidente da Império da Zona Norte e o diretor de Carnaval da Embaixadores do Ritmo, Gustavo Giró, já admitiam essa possibilidade.
Alegoristas de Parintins querem que o trabalho seja visto
No barracão da União da Vila do IAPI, parte da mão de obra vem de longe. Pelo sexto ano consecutivo, três serralheiros e um escultor de Parintins, no Amazonas, vêm a Porto Alegre para trabalhar em barracão de escola de samba e trazer o conhecimento e a prática adquiridos em um dos maiores festivais folclóricos do país.
Mesmo recebendo pagamento pelo trabalho em dia, o quarteto tem sua preocupação diante da possibilidade da não realização dos desfiles ou de que, caso ocorram, não sejam competitivos, dispensando assim o uso de alegorias.
— Vai ser frustrante, porque queremos ver o trabalho na passarela — diz o serralheiro João Carlos da Silva Amazonas, 46 anos.
Além dele, executam essa função no barracão seus conterrâneos Sebastião Leite dos Santos, 45, e Rainer da Silva, 29, enquanto que Miguel Mendonça, 53, responde pelas esculturas em isopor e ferro.