Há momentos das nossas vidas em que parece nada valer a pena. São aquelas horas em que temos vontade de “sair fora”, de “largar tudo”, de “parar”. São estas as horas mais importantes porque nos oferecem a oportunidade de reflexão sobre o que fizemos, o que estamos fazendo e o que temos a fazer.
No Movimento Tradicionalista Gaúcho esses momentos de dúvida são frequentes, especialmente para quem dirige entidades. Tenho comigo que isso ocorre porque nossa atividade é complementar. Não é uma atividade essencial. Não nos garante emprego, não melhora o orçamento familiar, não oferece qualquer vantagem material. O tradicionalismo gaúcho, para quem realmente é tradicionalista, somente oferece a oportunidade de amealhar amigos, de auxiliar aos outros, de contribuir para a formação cidadã dos jovens, para fortalecimento das famílias, entre outras coisas gratificantes.
O exercício da liderança nos impõe dificuldades normais como: a falta de tempo, a escassez de dinheiro, a administração de vaidades e interesses pessoais, a necessidade de atender inúmeras demandas ao mesmo tempo, a crescente dificuldade em manter o interesse das pessoas que tem inúmeras opções de espaços e atividades sociais. Tudo isso é sabido e não assusta quando se tem a certeza da importância do que fazemos. O que realmente incomoda é quando somos acusados e expostos publicamente. É nestas horas que precisamos nos fortalecer e fortalecer as instituições.
Termos ciência de que as coisas são dessa forma e que ataques, ingratidões ou sacanagens são inerentes à maldade humana. Quando isso ocorre, só a união e a perseverança nos garantem. É nesses momentos que a parceria se mostra fundamental. A travessia sempre é mais tranquila quando realizada com o apoio dos amigos. É na dificuldade que se mede o tamanho da amizade.
A grande questão é sabermos separar o essencial do resto. O segredo é perceber se aquilo que estamos fazendo é o correto. Assim como precisamos entender as razões, os objetivos e as causas daquelas coisas que nos fazem ter vontade de “largar tudo”. Quem nos aponta o dedo? Porque faz isso? Qual o valor de quem nos acusa? O que temos a temer? Fizemos alguma coisa errada? Responder bem a essas questões é crucial para que escolhamos os caminhos adequados.
De qualquer forma, não podemos perder de vista que o Movimento Tradicionalista Gaúcho, como já disse Barbosa Lessa, existe, também, para demonstrar que “Uma grande nação não se faz somente com o progresso industrial e tecnologia urbana. Se faz também com as mãos calosas do trabalhador do campo, com o senso de grandeza em face da herança recebida, com a humildade do reconhecimento aos que vieram antes, enfim com a emoção das gerações interligadas pelo elo vital da tradição”.
Portanto, esse é o momento de nos darmos as mãos para nos fortalecer. É o momento de isolar tudo e todos que nos fazer ter aquela “vontade”. É a hora de medirmos o tamanho das amizades e, depois de medidas, escolher ficar com aqueles que nos dão suporte para seguir a realizar eventos com a presença fabulosa de jovens, de continuarmos a realizar atividades onde as famílias tem o melhor lugar, de mantermos a nossa certeza de que tradição e cultura não são modismos e não se inventam hoje.
A crença de que tradição é o elo vital entre gerações e que isso é o que garante os aspectos essenciais da vida em sociedade é que nos faz permanecer nas nossas posições, entrincheirados para defender valores, princípios e crenças das quais não somos proprietários, mas guardiões voluntários e orgulhosos.
Se alguém ainda tem dúvidas de que vale a pena tudo o que fazemos, olhe as fotografias da “vaca parada” da FECARS 2015.
Abril de
2015.
Manoelito
Carlos Savaris