Moacyr Moojen Marques, arquiteto autor do auditório Araújo Vianna, e o secretário da Cultura, Sergius Gonzaga
A reinauguração do auditório Araújo Vianna foi objeto de uma entrevista coletiva à imprensa no dia 30 de agosto às 15h, em encontro realizado no local. O histórico da parceria público-privada que permitiu a recuperação do espaço, cuja abertura acontece dia 20 de setembro, às 18h, com um concerto gratuito envolvendo 21 grandes nomes da música da cidade, foi explicado pelo secretário da Cultura de Porto Alegre, Sergius Gonzaga, em companhia do arquiteto autor do projeto original do local, Moacyr Moojen Marques, o diretor da Opus Promoções, Carlos Konrath, e Deise Dornelles, diretora de comunicação da Vonpar, representando os patrocinadores.
Orçada atualmente em 18 milhões, a reforma oferece ao local um teto fixo, atendendo assim a exigência de isolamento acústico por parte dos moradores da av. Oswaldo Aranha, climatização e tratamento acústico para todos os 3.014 assentos quando o formato for fixo e cerca de 4300 quando for misto (composto por cadeiras e pista), 2 bares, novos camarins, novos banheiros, com acessibilidade para cadeirantes, e tratamento paisagístico do entorno.
A administração pública vai prover o local de iluminação especial, informou, Sergius Gonzaga, que citou ainda a proximidade de outro edital de parceria público-privada, desta vez para a construção de uma garagem subterrânea embaixo do estádio de futebol Ramiro Souto, ao lado do auditório. O secretário revelou ainda que o concerto do dia 20 envolverá nomes marcantes da cena musical gaúcha ligados ao auditório dos anos 60 até hoje. São eles: Carlinhos Carneiro, Edu K, Wander Wildner, Hermes Aquino, Gelson Oliveira, Nico Nicolaiewsky, Nei Van Soria, Gloria Oliveira, Raul Elwanger, Charles Máster, Nelson Coelho de Castro, Zé Caradípia e Elisa, Júlio Reny, King Jim, Tonho Crocco, Cláudio Heinz e Júlia Barth (Replicantes), Elaine Geissler, Tiago Ferraz, Hique Gómez, Antônio Villeroy e Bebeto Alves.
Carlos Konrath enfatizou tratar-se da primeira parceria público-privada do setor cultural da cidade e ressaltou que a Opus, detentora de 75% do calendário anual do espaço pelo período de dez anos, vai gerir o espaço em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, compondo um conselho gestor com participação paritária entre os dois parceiros. Os 91 dias anuais de programação da Prefeitura terão atrações a preços populares ou mesmo gratuitos. Estão já confirmados Tom Zé, no dia 3 de outubro, no dia 14 um espetáculo de dança, no dia 21 Concertos Comunitários e um especial no dia 2 de dezembro em comemoração ao Dia Nacional do Samba. A programação da Opus abre no dia 22 de setembro com Maria Rita cantando Elis Regina, e segue com nomes como Paulinho da Viola, Roupa Nova e muitos outros.
Histórico
Inaugurado em 12 de março de 1964, com capacidade para 4,5 mil pessoas, o projeto é dos arquitetos Moacyr Moojen Marques e Carlos Maximiliano Fayet. A partir da década de 70, o Araújo Vianna consagrou-se como espaço para apresentação de espetáculos de MPB. A cobertura do Auditório Araújo Vianna foi debatida durante 30 anos entre a população de Porto Alegre. Em meados dos anos 90, nas reuniões do Orçamento Participativo no bairro Bom Fim, foi decidido que a questão seria uma das prioridades da região. A lona que cobria o Araújo Vianna foi inaugurada em 4 de outubro de 1996, com um histórico show de João Gilberto. Segundo laudo técnico da Secretaria Municipal de Obras e Viação (SMOV), a cobertura perdeu sua validade em julho de 2002. O risco era de, em caso de chuvas mais persistentes e ventos fortes a pressão sobre a lona rompesse os cabos. No início de 2005 o auditório foi interditado pela Prefeitura de Porto Alegre, por motivos de segurança, depois do rompimento de um cabo de sustentação.
Diante da impossibilidade financeira de arcar com os custos desta obra após determinação do Ministério Público de agosto de 2006, exigindo do local isolamento acústico, o que encarecia a reforma em valores impossíveis para o orçamento público, e considerando o fato de que, entre 1996 até a interdição, a média de eventos ali realizados foi inferior a trinta dias/ano, a Secretaria Municipal de Cultura (SMC) publicou no início de 2007 um edital de licitação para recuperação do espaço. Era formulado pela primeira vez o princípio de uma parceria-público-privada para o setor cultural de Porto Alegre. Foram convidadas empresas privadas a executarem a obra, oferecendo-se em troca a permissão de utilização de 75% das datas anuais do auditório por um período limite de dez anos, mantendo-se no período 91 dias/ano para programação da SMC. A Opus Promoções foi vencedora da licitação.
Investimentos e modificações
O custo da revitalização do Auditório foi orçado inicialmente em R$ 6 milhões. Necessidades não previstas no projeto original, como ampliação do palco, melhor tratamento acústico, instalação de câmeras de vídeo para segurança externa, entre outras modificações, elevaram o investimento para mais de R$ 18 milhões. O Araújo Vianna também passará a ser local de inclusão social, com a transformação da Sala Radamés Gnattali em um espaço multiuso, onde será oferecida capacitação cultural através de oficinas, workshops e cursos, muitas vezes gratuitos. Também está prevista a construção do Acervo do Araújo Vianna, a fim de resgatar e preservar a história musical e a importância cultural da casa.
Texto de: Marcelo Oliveira da Silva
Edição de: Manuel Petrik
Autorizada a reprodução dos textos, desde que a fonte seja citada.