Dia 15 de agosto marca a data da morte de um dos  maiores escritores brasileiros. Foi nesse dia, há 103 anos atrás (em 1909),  que
 Euclides Rodrigues da Cunha faleceu. As circunstâncias em torno da  morte do escritor são, no mínimo, polêmicas. Trata-se de um episódio conhecido  como 
Tragédia da Piedade, que já até se transformou em 
novela da  televisão brasileira.
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 | Ana Emília Ribeiro da Cunha.  Disputadíssima. | 
Euclides era casado com 
Ana Emília  Ribeiro da Cunha desde 1890, tendo com elas quatro filhos. Quando nasceu o  quinto, Luís, Euclides passou a desconfiar da mulher, pois o garoto era louro,  mesmo sendo "filho" de duas pessoas morenas. As suspeitas do escritor não eram  infundadas: Ana estava tendo um caso com o cadete (louro) 
Dilermando de  Assis, cerca de 17 anos mais novo do que a mulher de Euclides. As  correspondências trocadas entre os amantes confirmaram a traição para Euclides,  o que contribuiu para o colapso de seu relacionamento com Ana.
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 | Cadete Dilermando de  Assis | 
As discussões entre o casal (casado) escalaram  tanto que, no dia 14 de agosto de 1909, Ana abandonou o lar e, levando os  filhos, hospedou-se na casa de seu amante, no bairro da Piedade, Rio de Janeiro.  Na manhã do dia seguinte, Euclides apareceu à frente da casa de Dilermando e foi  recebido pelo irmão do rival, 
Dinorah (atleta e jogador de futebol do  então clube novo Botafogo). Enquanto isso, sua mulher e filhos escondiam-se na  despensa. Ao entrar na casa, o escritor anunciou suas intenções: "matar ou  morrer". O autor de 
Os Sertões sacou sua arma e disparou contra  Dilermando. Dinorah, vendo o irmão atingido, procurou retirar o revólver da mão  de Euclides, e acabou também sendo baleado. Com o adversário e Dinorah  alvejados, Euclides procura retirar-se da casa, mas é atingido pelo tiro de  Dilermando antes de passar pelo portão de ferro na frente da residência. Morreu  logo depois.
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 | A casa no bairro da Piedade na  qual Euclides morreu. À frente do portão, posa para a câmera Dinorah de  Assis. | 
Há rumores de que Euclides teria perdoado a  mulher e os filhos enquanto agonizava, mas que se dirigiu a Dilermando com a  frase "Odeio-te". O certo é que a tragédia não se encerrou neste dia. Ana e  Dilermando casaram-se após a morte de Euclides. Dinorah, o irmão de Dilermando,  que fora atingido no dia da morte de Euclides, acabou por ficar paralítico como  consequência do dano causado pela bala e, impossibilitado de continuar sua  carreira esportiva, suicidou-se anos depois. Em 1916, quando Dilermando  dirigiu-se ao Cartório do 2º Ofício da 1ª Vara de Órfãos, no Rio de Janeiro, com  o intuito de adotar o filho mais novo de Euclides, foi atacado pelo filho mais  velho do escritor e, defendendo-se do agressor, sacou sua arma e matou-o. O  detalhe mais interessante é que, mesmo depois de ter matado um dos filhos da  mulher, Dilermando continuou casado com Ana Emília até o ano de 1926, tendo com  ela cinco filhos.
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 | O casal Ana Emília e Dilermando  de Assis | 
Mas o que isso tudo tem a ver com a gente, com  os gaúchos, com o Rio Grande do Sul? Pouco, é verdade.
Exceto o fato de que o homem que matou Euclides  da Cunha e o filho que tentava vingar a morte do pai era porto-alegrense - assim  como seu irmão, Dinorah, que cometeu suicídio no porto da capital gaúcha.