O prefeito José Fortunati confirmou nesta quarta-feira, 18, a
desapropriação do antigo casarão do bairro Bom Fim, onde funcionava um centro
clandestino de tortura de presos políticos na década de 1960. No número 600 da
rua Santo Antônio vai funcionar o Memorial Ico Lisboa, em homenagem às vítimas
do regime militar. O compromisso foi assumido por Fortunati junto com o
governador Tarso Genro, durante um ato show promovido pelo Comitê Carlos de Ré –
Comitê Gaúcho da Verdade, Memória e Justiça. (fotos)
“Estamos empenhados, junto com o governo do Estado, em iniciar o mais breve
possível o processo de desapropriação do imóvel para transformar nesse memorial
tão importante para todos nós. Esse local será uma referência para que a gente
olhe para o passado, que foi um período muito triste e trágico, e demonstrar
claramente que temos que continuar combatendo todo e qualquer Estado
autoritário, todo e qualquer Estado que viole os direitos humanos, que tenha
como alternativa a tortura, seja tortura física, moral ou psicológica”, declarou
o prefeito.
O governador Tarso Genro afirmou que o Estado dará apoio integral ao
projeto. O ato iniciou com a abertura simbólica dos portões e a entrada pela
garagem, percorrendo o caminho que era feito pelos presos levados até a casa
para serem torturados e mortos. Em função desta prática clandestina, o casarão
ficou conhecido como Dopinha. Durante o ato, as vítimas da ditadura militar
mortas ou desaparecidas foram lembradas com uma chamada.
A escolha do nome de Ico Lisboa para o memorial é uma homenagem ao primeiro
desaparecido político encontrado morto no Brasil. Em 1979, quase 7 anos após a
sua prisão, os restos mortais foram localizados numa vala comum do Cemitério de
Perus, em São Paulo.
A viúva Suzana Lisboa e o irmão de Ico, o músico Nei Lisboa, destacaram a
importância da criação do memorial para a democracia e os direitos humanos. “É
fundamental que a gente faça esse resgate. Temos que buscar a verdade, preservar
a memória dessas pessoas que deram suas vidas por um país melhor e, dessa forma,
garantir que fatos como esse nunca mais aconteçam”, disse Suzana Lisboa.
/historia
Texto de: Melina
Fernandes
Edição de: Gilmar Martins
Autorizada a reprodução dos textos, desde que a fonte seja citada.
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