Os Muuripás estão para os grupos folclóricos 
gaúchos assim como Pelé está para o futebol, como Airton Senna está para o 
automobilismo, ou seja, são ícones, fora-de-série, daqueles que aparecem de cem 
em cem anos. Tive a honra de, quando cheguei em Porto Alegre, assistir a 
diversas apresentações destes dançarinos que escolheram a cultura riograndense 
para expressar sua arte. Hoje, sou amigo e confrade na Estância da Poesia 
Crioula de José Machado Leal, criador e diretor do Grupo. Abaixo, um pouco da 
história dos Muuripás. 
Os bailarinos dos Muuripás davam um verdadeiro 
espetáculo a cada apresentação. Chula, malambo, dança-dos-facões (foto), eram 
dançadas com elegância, altivez, e uma habilidade pouco vista. Tudo pesquisado, 
resgatado e aplicado com muito afinco. A maioria dos componentes moravam juntos 
e "respiravam" os Muuripás. Foi o primeiro, e talvez único, corpo de danças 
gaúchescas profissionais do Estado. 
Os Muuripás foi fundado a 22 de agosto de 1971, para estudar, pesquisar e desenvolver artisticamente - em forma de recitais, palestras e espetáculos - os motivos tradicionais e folclóricos da terra e do homem gaúcho, foi um dos mais aplaudidos elencos de projeção folclórica do Sul.
Os Muuripás foi fundado a 22 de agosto de 1971, para estudar, pesquisar e desenvolver artisticamente - em forma de recitais, palestras e espetáculos - os motivos tradicionais e folclóricos da terra e do homem gaúcho, foi um dos mais aplaudidos elencos de projeção folclórica do Sul.
O nome Muuripás, que na língua 
do branco quer dizer venturoso, os que têm sorte, surgiu de uma lenda guarani. 
Para chegar a muuripá o guerreiro escolhido deveria cumprir provas de astúcia e 
valentia ao longo dos sete caminhos da morte, que ofereciam peripécias na mata 
virgem, na correnteza dos rios, na caverna dos espíritos e até mesmo no campo 
aberto.
O retorno vitorioso deveria 
acontecer ao término da sétima lua. Se assim não ocorresse, estaria frustrado o 
desejo e a honra do jovem índio de se tornar um muuripá.
Vencidas todas as provas, ele 
era conduzido e aclamado pelos caminhos que levavam aos acampamentos da grande 
tribo. Lá recebia a boleadeira de pedra, símbolo da astúcia e da valentia. 
Depois, em grande cerimônia, era marcado na fronte do guerreiro - com fogo e 
erva sagrada - o emblema da lua nova, para que fosse o seu enigma de ventura e 
boa sorte, tanto na paz como na guerra. Cumprida a cerimônia, o novo muuripá 
passaria a integrar a elite guerreira da sua tribo, recebendo como prêmio sete 
virgens, que, por sete dias o divertiriam e lhe dariam prazer.
Conta-se que Sepé Tiaraju teria 
sido o último dos "muuripás" e, como os outros, também receber seu 
prêmio.
Eram quarenta artistas do melhor nível reunidos 
em dois grupos de trabalho. O Grupo Arte-Pampa com os mais experientes músicos, 
cantores, bailarinas e sapateadores da querência; O Grupo Arte-Nova com seu 
elenco jovem - cor, técnica e perfeito trabalho de equipe. Eram visionários 
pois, o que muitos fazem hoje nas "aberturas" e "saídas" do ENART, eles já o 
faziam sem tanta pirotecnia, ou seja, mantendo sempre a autenticidade. Na foto 
acima o grupo musical e o diretor dos Muuripás, José Machado Leal, que abria o 
espetáculo recitando um poema. 
Em 15 anos, Os Muuripás levou seu trabalho a 
todos os cantos do Rio Grande; atuou nas principais capitais brasileiras; andou 
por Montevideo, Buenos Aires, Assunção do Paraguai e Cordilheira dos 
Andes.
APRESENTAÇÃO TÍPICA DOS MUURIPÁS: 
ABERTURA: texto 
do apresentador, pratos, percussão. A LENDA DOS MUURIPÁS: narrativa, 
encenação, efeitos. FEITIÇO ÍNDIO: canto e dança. TEMPO PRESENTE: narrativa, El 
Condor e Glosa dos Muuripás. PRIMEIRO QUADRO DE DANÇAS: Pampeana, 
Chimarrita Balão, Roseira, Tirana, Balaio, Facões. CORTINA MUSICAL: Canto de 
Aurora, Amargo, Poesia. FOLCLORE CASTELHANO: Carnavalito, Escondido, Quebrada, La 
Doble, Malambo, Boleadeira. SEGUNDA CORTINA: Potro Sem Dono, Mochilas de Amor, 
Ponte Serrada. TERCEIRO QUADRO DE DANÇA: Maragato, Anu, Tatu Novo, Chimarrita, 
Tatu Velho, Chula. ENCERRAMENTO: Adeus Priminha, palavra de agradecimento, 
Pampeana dançada, despedida dos artistas. 
Tudo começou na Faculdade dos 
Meios de Comunicação da PUC, quanto o então aluno José Machado Leal (na foto com 
este blogueiro) apresentou o trabalho "Folclore é coisa de arte ou coisa para 
grosso?", que veio mais tarde a ser publicado pelo Jornal da 
Famecos.
Leal criava seu próprio grupo 
dentro do que se propunha no trabalho de aula e já em fevereiro de 1972 "Os 
Muuripás" conquistava seu primeiro troféu como "Campeão Artístico do IX Rodeio 
Crioulo Internacional de Vacaria".
Começavam aí os trabalhos 
práticos do conjunto, pois até então tinham sido realizadas pesquisas e estudos 
sobre o movimento folclórico que se esboçava no Rio Grande do Sul, a partir de 
1948, com a criação do 35 CTG e o trabalho da equipe de alunos do Colégio Júlio 
de Castilhos, liderada por Paixão Côrtes.
 





 
 
