Romário, Silvio Berlusconi, Cher e Narcisa Tamborindeguy. Essas são algumas das celebridades que compõem a exposição “Mortos-Vivos”, de Mariana Xavier. Graduada em Jornalismo e mestre em Poéticas Visuais, Mariana alia a arte e a comunicação para lidar com temas que abordam o comportamento social e o mundo das celebridades. Com humor, a artista garimpa os assuntos cotidianos e pautas midiáticas para propor reflexões em uma sociedade cada vez mais conectada com o mundo.
Como a exposição foi criada?Esta exposição foi exibida entre o final de 2011 e o início de 2012 em Belo Horizonte, e está sendo mostrada pela primeira vez aqui em Porto Alegre. O trabalho fotográfico foi criado para essa exposição em BH, que fez parte de um edital em que eu passei há uns dois anos atrás. Mas eu já tinha a idéia dessa exposição, da lista de nomes, os mortos-vivos há mais tempo.
E como funciona o trabalho?São 45 celebridades e ela tem o nome de “Mortos-Vivios” por duas razões: a primeira é que, geograficamente, dentro da exposição, eles estão divididos em dois painéis; entre os que estão vivos e os que morreram. Até o momento, a única que já morreu é a Lily Marinho, por isso ela está sozinha, à espera dessas outras pessoas. Mas o título também é uma reflexão, uma brincadeira sobre o papel que essas celebridades têm em nossas vidas. Nunca se teve um culto à celebridade tão grande, embora, claro, isso não é de hoje. A gente sempre teve esse olhar para os mais privilegiados, para os mais bonitos, pros mais ricos. Então, num certo sentido, me parece que essas pessoas não vivem a mesma vida que a gente; que para nós, “o público normal”, essas pessoas só vivem bidimensionalmente, num certo sentido, na televisão, nas revistas. Vivem uma vida que a gente idealiza. Então, não deixa de ser uma brincadeira com isso também.
Qual foi o critério de escolha das celebridades?Foi uma coisa de gosto pessoal. Eu comecei a pensar em figuras de que eu gostava, de que eu gosto, como o Sílvio Santos, como a Narcisa Tamborindeguy. Tinha que ter um elo afetivo. Entretanto, a partir do momento em que eu defini que isso ia virar um trabalho, que eu precisaria colocar essa idéia em prática, os critérios começaram a se alterar um pouco. A exposição tem 45 pessoas, e eu não posso mais tirar ou colocar ninguém, pois a graça é, que conforme o tempo for passando, essas pessoas vão passando de uma parede para a outra. Então, à medida que o trabalho foi ficando real, eu também comecei a pensar em pessoas que eu acho que permanecerão conhecidas daqui 20, 30 anos, que eu acho que permanecerão no imaginário do público pelo tempo que eu espero que o trabalho dure.
Nos teus trabalhos, no teu histórico, tu usas muito o humor e a ironia. Por que essa escolha? Como tu achas que isso atrai ou impacta o público?A escolha do humor vem há bastante tempo, e eu acho que isso se formalizou no momento em que eu fui fazer mestrado em poéticas visuais no Instituto de Artes da UFRGS. Analisando a minha própria produção artística, eu me propus a estudar o humor e suas vertentes, tais como a sátira e a ironia. A partir daí, eu me dei conta de que isso estava no meu trabalho. Então, no momento em que eu formalizei isso no ambiente acadêmico, eu comecei a refletir como isso aparece. Se tem graça o trabalho, é o público quem decide; eu tenho certamente a intenção, mas, se funciona ou não, não cabe a mim dizer. Mas, pessoalmente, o que importa, além de ser a maneira como eu me expresso, de ser ter muito a ver com meu jeito de ser e de me atrair muito, isso tem muito a ver com o papel comunicativo do humor. O humor só existe com a comunicação. Eu preciso muito que as coisas que eu faço sejam acessíveis pra qualquer um. Me incomodo com muitas vertentes arte-contemporâneas que são herméticas, que necessitam de um texto explicativo para as pessoas entenderem, ou trabalhos que as pessoas chegam nas galerias e não conseguem decifrar o processo do artista pois não está claro ali. Pessoalmente, eu não gosto disso. Eu preciso que qualquer um possa chegar ali e se comunicar com o trabalho. Não é nem uma questão de entender ou não, pois isso não existe em arte, mas, que eu não precise de um texto explicando. Acho que o uso do humor está muito vinculado com esse meu desejo de não ficar restrita ao público de arte ou precisar de um menor número de subterfúgios para me comunicar com as pessoas.
E quais são tuas principais inspirações para realizar os trabalhos?É uma pergunta difícil, porque as inspirações surgem. Eu tenho um caderninho, onde nas últimas páginas eu vou anotando as idéias. Mas eu acho que tem uma área que me inspira muito, que é a mídia. Eu vejo muita tv, estou sempre lendo sites de notícia, lendo jornal. Também me interessam as notícias de variedade, e é aí que entram as revistas, sites de fofocas. É uma maneira que eu tenho de me comunicar com as pessoas, de ter assunto. Para mim, acompanhar a mídia, estar a par disso, não só é minha fonte de inspiração, como é minha maneira de estar no presente.
Há perspectivas de novos trabalhos?Não tenho nenhuma nova exposição, nada agendado, estou inclusive me inscrevendo para alguns editais para residências artísticas, na expectativa de ver se eu consigo passar um período dedicado somente à minha produção. Mas a minha vontade agora é mudar um pouco de área e dar um estímulo à escrita. Estou com vontade de escrever, vontade de talvez fazer um livro de artista, mas, no momento, são só conjecturas. Ainda não sei que corpo vai ter isso, mas pretendo sair um pouco do audiovisual e partir para a escrita. Daqui a pouco pode mudar tudo, mas a princípio é isso que eu vou fazer esse ano.
Como a exposição foi criada?Esta exposição foi exibida entre o final de 2011 e o início de 2012 em Belo Horizonte, e está sendo mostrada pela primeira vez aqui em Porto Alegre. O trabalho fotográfico foi criado para essa exposição em BH, que fez parte de um edital em que eu passei há uns dois anos atrás. Mas eu já tinha a idéia dessa exposição, da lista de nomes, os mortos-vivos há mais tempo.
E como funciona o trabalho?São 45 celebridades e ela tem o nome de “Mortos-Vivios” por duas razões: a primeira é que, geograficamente, dentro da exposição, eles estão divididos em dois painéis; entre os que estão vivos e os que morreram. Até o momento, a única que já morreu é a Lily Marinho, por isso ela está sozinha, à espera dessas outras pessoas. Mas o título também é uma reflexão, uma brincadeira sobre o papel que essas celebridades têm em nossas vidas. Nunca se teve um culto à celebridade tão grande, embora, claro, isso não é de hoje. A gente sempre teve esse olhar para os mais privilegiados, para os mais bonitos, pros mais ricos. Então, num certo sentido, me parece que essas pessoas não vivem a mesma vida que a gente; que para nós, “o público normal”, essas pessoas só vivem bidimensionalmente, num certo sentido, na televisão, nas revistas. Vivem uma vida que a gente idealiza. Então, não deixa de ser uma brincadeira com isso também.
Qual foi o critério de escolha das celebridades?Foi uma coisa de gosto pessoal. Eu comecei a pensar em figuras de que eu gostava, de que eu gosto, como o Sílvio Santos, como a Narcisa Tamborindeguy. Tinha que ter um elo afetivo. Entretanto, a partir do momento em que eu defini que isso ia virar um trabalho, que eu precisaria colocar essa idéia em prática, os critérios começaram a se alterar um pouco. A exposição tem 45 pessoas, e eu não posso mais tirar ou colocar ninguém, pois a graça é, que conforme o tempo for passando, essas pessoas vão passando de uma parede para a outra. Então, à medida que o trabalho foi ficando real, eu também comecei a pensar em pessoas que eu acho que permanecerão conhecidas daqui 20, 30 anos, que eu acho que permanecerão no imaginário do público pelo tempo que eu espero que o trabalho dure.
Nos teus trabalhos, no teu histórico, tu usas muito o humor e a ironia. Por que essa escolha? Como tu achas que isso atrai ou impacta o público?A escolha do humor vem há bastante tempo, e eu acho que isso se formalizou no momento em que eu fui fazer mestrado em poéticas visuais no Instituto de Artes da UFRGS. Analisando a minha própria produção artística, eu me propus a estudar o humor e suas vertentes, tais como a sátira e a ironia. A partir daí, eu me dei conta de que isso estava no meu trabalho. Então, no momento em que eu formalizei isso no ambiente acadêmico, eu comecei a refletir como isso aparece. Se tem graça o trabalho, é o público quem decide; eu tenho certamente a intenção, mas, se funciona ou não, não cabe a mim dizer. Mas, pessoalmente, o que importa, além de ser a maneira como eu me expresso, de ser ter muito a ver com meu jeito de ser e de me atrair muito, isso tem muito a ver com o papel comunicativo do humor. O humor só existe com a comunicação. Eu preciso muito que as coisas que eu faço sejam acessíveis pra qualquer um. Me incomodo com muitas vertentes arte-contemporâneas que são herméticas, que necessitam de um texto explicativo para as pessoas entenderem, ou trabalhos que as pessoas chegam nas galerias e não conseguem decifrar o processo do artista pois não está claro ali. Pessoalmente, eu não gosto disso. Eu preciso que qualquer um possa chegar ali e se comunicar com o trabalho. Não é nem uma questão de entender ou não, pois isso não existe em arte, mas, que eu não precise de um texto explicando. Acho que o uso do humor está muito vinculado com esse meu desejo de não ficar restrita ao público de arte ou precisar de um menor número de subterfúgios para me comunicar com as pessoas.
E quais são tuas principais inspirações para realizar os trabalhos?É uma pergunta difícil, porque as inspirações surgem. Eu tenho um caderninho, onde nas últimas páginas eu vou anotando as idéias. Mas eu acho que tem uma área que me inspira muito, que é a mídia. Eu vejo muita tv, estou sempre lendo sites de notícia, lendo jornal. Também me interessam as notícias de variedade, e é aí que entram as revistas, sites de fofocas. É uma maneira que eu tenho de me comunicar com as pessoas, de ter assunto. Para mim, acompanhar a mídia, estar a par disso, não só é minha fonte de inspiração, como é minha maneira de estar no presente.
Há perspectivas de novos trabalhos?Não tenho nenhuma nova exposição, nada agendado, estou inclusive me inscrevendo para alguns editais para residências artísticas, na expectativa de ver se eu consigo passar um período dedicado somente à minha produção. Mas a minha vontade agora é mudar um pouco de área e dar um estímulo à escrita. Estou com vontade de escrever, vontade de talvez fazer um livro de artista, mas, no momento, são só conjecturas. Ainda não sei que corpo vai ter isso, mas pretendo sair um pouco do audiovisual e partir para a escrita. Daqui a pouco pode mudar tudo, mas a princípio é isso que eu vou fazer esse ano.