Os Birivas,
ou Berivas, ou Biribas, foram os pioneiros tropeiros que, a casco de mulas,
desbravaram e povoaram as regiões de cima da serra e do planalto médio
rio-grandense. Tinham um sotaque especial, diferente dos tropeiros fronteiros ou
das regiões baixas do estado. O tropeirismo, é a profissão mais antiga do Rio
Grande do Sul. Das cinzas dos fogões de acampamento, no rastro das picadas
abertas a foices e a facões, brotaram inúmeras cidades no topo da
serra.
No reponte de tropas ou buscando mercadorias não produzidas nas fazendas e levando os excedentes da subsistência, por volta de dois séculos o comércio ficou a cargo desses tropeiros e as distâncias eram encurtadas no lombo de cavalo ou muares (não ocupavam éguas, pois essas se destinavam apenas para procriação). Desde 1700 até a década de 1960 eles vagaram pelas estradas e só abandonaram o posto na segunda metade do século passado.
Eram homens aparência rude e, devido ao meio em que foram criados, andavam sempre armados. De boa prosa, valorizavam sobremaneira a palavra empenhada. Trocavam, na base de três por um, animais de montaria por animais de descarte. O mesmo barulho do cincerro que lhes anunciava a chegada assinalava a partida...”Num tranquito mais ou menos / chapéu grande desabado / pala solto pelos ombros / um lenço bem espalhado / saboreando uma fumaça / o tropeiro vem voltando / pra alertar o madrinheiro / grita lá de vez em quando...”
Por andarem tempos e tempos entre os povoamentos, e sem a presença feminina nos acampamentos tropeiros, criaram danças que hoje em dia estão sendo, com justiça, pesquisadas, valorizadas e difundidas.
Danças birivas
No decorrer das viagens dos tropeiros, durante as longas noites a beira de um fogo, eles procuravam se descontrair esquecendo a dura lida de viagem e dos sofrimentos que passam. Nessa descontração ao som de violas ou meia-violas surgiram certas cantigas e danças que eram praticadas somente por homens, (pois não existia mulheres nas viagens) eles então mostravam toda a habilidade e criatividade em um prazeroso divertimento.
Dentre essas danças, foram encontradas e pesquisadas (Por João Carlos Paixão Côrtes) apenas quatro as quais hoje são reconstituídas e praticadas por grandes grupos de dança do Brasil em vários festivais de dança pelo país.
As danças são:
Chula - Dança somente masculina (principal característica das danças birivas) na qual os dançarinos se confrontavam, cada qual desejando mostrar suas habilidades coreográficas através de gestuais movimentos e sapateadas, de um e de outro lado de uma haste de madeira, posta devidamente no chão.
A haste, no chão, nunca teve historicamente a obrigatoriedade de ser “uma lança”. A dança não está diretamente ligada a uma idéia revolucionária ou guerreira. Quanto a sua origem, a chula nunca foi utilizada em disputas, ainda mais por prendas como muitos erradamente acreditam. Aonde em uma liberdade figurativa teatral, de degradação, chegaria uma prenda se esta condicionasse no genuíno meio campeiro a disputa de seus amores ao vencedor de uma chula...?
Dança dos Facões - Dança onde os bailarinos, cada um deles com dois (2) facões, cadenciam a música com precisas batidas esgrimadas, exigindo assim muita habilidade, destreza e precisão, a fim de evitar cortes ou eventuais acidentes entre os participantes.
Erroneamente temos visto grupos de bailantes tradicionalistas fazendo deste tema um motivo coreográfico barbaresco, de infundada violência e de medíocre expressão artística fugindo de uma arte folclórica; autêntica.
Chico do Porrete - Motivo campesino onde, através do movimento de passar um bastão por entre as pernas, por uma mão e outra, e sapateios, traduz habilidade vigor físico do dançante, “baile biriva”, do ciclo antigo do tropeirismo de mula, interligando o Rio Grande do Sul a áreas rurais do centro do Brasil.
Fandango Sapateado - Herança do colonizador lusitano. Dança onde cada cavalheiro, depois de bailar em círculo e em conjunto, procura exibir sua capacidade de teatralidade , com exuberantes “figuras-solo” sapateadas., ao som do rosetear de nazarenas, das quais muitas delas lembravam e imitavam lides e motivos de campo e de sua origem. Motivo oriundo do século XVIII quando do nascimento do “gaúcho-do-campo”, em sua atividade birivista tropeira.
Este tema – que é nosso mais antigo tema coreográfico – deu origem à formação do “ciclo do fandanguismo” primitivo rio-grandense, onde aparece posteriormente a dama, formando par.
Fonte: Blog do Léo Ribeiro
No reponte de tropas ou buscando mercadorias não produzidas nas fazendas e levando os excedentes da subsistência, por volta de dois séculos o comércio ficou a cargo desses tropeiros e as distâncias eram encurtadas no lombo de cavalo ou muares (não ocupavam éguas, pois essas se destinavam apenas para procriação). Desde 1700 até a década de 1960 eles vagaram pelas estradas e só abandonaram o posto na segunda metade do século passado.
Eram homens aparência rude e, devido ao meio em que foram criados, andavam sempre armados. De boa prosa, valorizavam sobremaneira a palavra empenhada. Trocavam, na base de três por um, animais de montaria por animais de descarte. O mesmo barulho do cincerro que lhes anunciava a chegada assinalava a partida...”Num tranquito mais ou menos / chapéu grande desabado / pala solto pelos ombros / um lenço bem espalhado / saboreando uma fumaça / o tropeiro vem voltando / pra alertar o madrinheiro / grita lá de vez em quando...”
Por andarem tempos e tempos entre os povoamentos, e sem a presença feminina nos acampamentos tropeiros, criaram danças que hoje em dia estão sendo, com justiça, pesquisadas, valorizadas e difundidas.
Danças birivas
No decorrer das viagens dos tropeiros, durante as longas noites a beira de um fogo, eles procuravam se descontrair esquecendo a dura lida de viagem e dos sofrimentos que passam. Nessa descontração ao som de violas ou meia-violas surgiram certas cantigas e danças que eram praticadas somente por homens, (pois não existia mulheres nas viagens) eles então mostravam toda a habilidade e criatividade em um prazeroso divertimento.
Dentre essas danças, foram encontradas e pesquisadas (Por João Carlos Paixão Côrtes) apenas quatro as quais hoje são reconstituídas e praticadas por grandes grupos de dança do Brasil em vários festivais de dança pelo país.
As danças são:
Chula - Dança somente masculina (principal característica das danças birivas) na qual os dançarinos se confrontavam, cada qual desejando mostrar suas habilidades coreográficas através de gestuais movimentos e sapateadas, de um e de outro lado de uma haste de madeira, posta devidamente no chão.
A haste, no chão, nunca teve historicamente a obrigatoriedade de ser “uma lança”. A dança não está diretamente ligada a uma idéia revolucionária ou guerreira. Quanto a sua origem, a chula nunca foi utilizada em disputas, ainda mais por prendas como muitos erradamente acreditam. Aonde em uma liberdade figurativa teatral, de degradação, chegaria uma prenda se esta condicionasse no genuíno meio campeiro a disputa de seus amores ao vencedor de uma chula...?
Dança dos Facões - Dança onde os bailarinos, cada um deles com dois (2) facões, cadenciam a música com precisas batidas esgrimadas, exigindo assim muita habilidade, destreza e precisão, a fim de evitar cortes ou eventuais acidentes entre os participantes.
Erroneamente temos visto grupos de bailantes tradicionalistas fazendo deste tema um motivo coreográfico barbaresco, de infundada violência e de medíocre expressão artística fugindo de uma arte folclórica; autêntica.
Chico do Porrete - Motivo campesino onde, através do movimento de passar um bastão por entre as pernas, por uma mão e outra, e sapateios, traduz habilidade vigor físico do dançante, “baile biriva”, do ciclo antigo do tropeirismo de mula, interligando o Rio Grande do Sul a áreas rurais do centro do Brasil.
Fandango Sapateado - Herança do colonizador lusitano. Dança onde cada cavalheiro, depois de bailar em círculo e em conjunto, procura exibir sua capacidade de teatralidade , com exuberantes “figuras-solo” sapateadas., ao som do rosetear de nazarenas, das quais muitas delas lembravam e imitavam lides e motivos de campo e de sua origem. Motivo oriundo do século XVIII quando do nascimento do “gaúcho-do-campo”, em sua atividade birivista tropeira.
Este tema – que é nosso mais antigo tema coreográfico – deu origem à formação do “ciclo do fandanguismo” primitivo rio-grandense, onde aparece posteriormente a dama, formando par.
Fonte: Blog do Léo Ribeiro