O livro “A modernidade impressa – artistas
ilustradores da Livraria do Globo — Porto Alegre”, com pesquisa, organização e
curadoria de Paula Ramos, ganhou o troféu de Livro do Ano e também foi
contemplado na categoria Especial, na qual concorreu com Antônio
Chimango, organizado por Luís Augusto Fischer, e Elis – uma biografia
musical, de Arthur de Faria. O Prêmio Açorianos de Literatura Adulta e
Infantil 2016 teve seus vencedores divulgados durante a Noite do Livro, que
aconteceu ontem (28), no Teatro Renascença.
A pesquisa, que resultou no livro, também se
tornou uma exposição na Pinacoteca do Museu de Arte do Rio Grande do Sul
(Margs), realizada entre 25 de junho e 21 de agosto deste ano, e foi recordista
de visitação em 2016— cerca de 19 mil pessoas passaram pelo Museu em dois meses.
Uma abordagem sobre a história da Livraria do Globo a partir de sua produção
gráfica, enfatizando os artistas ilustradores que trabalharam na legendária
Seção de Desenho da empresa, na primeira metade dos século XX, sob a gerência do
designer alemão Ernst Zeuner (1895–1967). Entre eles, alguns dos principais
nomes do cenário artístico local: Sotero Cosme (1905–1978), João Fahrion
(1898–1970), Edgar Koetz (1914–1969), Nelson Boeira Faedrich (1912–1994), João
Faria Viana (1905–1975), João Mottini (1923–1990) e Vitório Gheno (1923).
Em grande formato (30 x 24 cm), com 656 páginas
e 1.368 imagens, o livro tem coordenação editoral, pesquisa e texto de Paula
Ramos; produção executiva e produção gráfica de Gilberto Menegaz; reproduções
fotográficas de Fabio Del Re e Carlos Stein; projeto gráfico de Sandro Fetter e
de Paula Ramos.
SOBRE A LIVRARIA DO GLOBO
Quando se fala em “Globo” nos dias de
hoje, pensa-se instantaneamente no conglomerado da área da comunicação
estruturado pelo jornalista Roberto Marinho, no Rio de Janeiro. Entretanto, ao
longo de décadas, a marca “Globo” esteve relacionada a outro cenário: Porto
Alegre, Rio Grande do Sul.
Surgida em 1883 como uma modesta papelaria junto
à antiga Rua da Praia, a Livraria do Globo (mais tarde, Editora Globo) foi não
somente uma das mais prósperas empresas sulinas do século XX, como revolucionou
o cenário editorial e a linguagem gráfica brasileira. Foi a Globo que traduziu
pela primeira vez para o português autores fundamentais como Thomas Mann,
Virginia Woolf, Aldous Huxley, Somerset Maugham e William Faulkner. Também foi a
Globo que revelou escritores como Erico Verissimo, Mario Quintana, Augusto Meyer
e Dyonélio Machado.
Entre seus grandes investimentos editoriais,
estão a edição da Comédia humana (1946–1955) de Honoré de Balzac,
publicação em 17 volumes considerada um marco editorial brasileiro. A Globo teve
mais de dez coleções, todas de imenso sucesso, a exemplo da Coleção Amarela, com
os títulos de suspense assinados por nomes como Edgar Wallace e Agatha Christie;
a Coleção Universo, com o sempre best-seller Karl May e suas histórias
com índios e bandoleiros; a Coleção Nobel, pela qual saíram os principais nomes
da literatura internacional, como Marcel Proust, James Joyce e Joseph Conrad; a
Coleção Tucano, iniciativa no formato pocket, entre outros vários
títulos. Foram mais de dois mil títulos, que fizeram da editora, entre as
décadas de 1930 e 1940, a segunda maior do Brasil.
A Globo também publicou revistas: Revista do
Globo (1929–1967), A Novela (1936–1938) e Província de São Pedro
(1945–1957), esta última importante veículo de intercâmbio entre
intelectuais sulinos e de outras regiões do país.
SOBRE A AUTORA
Paula Ramos (Caxias do Sul, RS, 1974) é
crítica e historiadora da arte, professora e pesquisadora do Instituto de Artes
da UFRGS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando nos cursos de
graduação em História da Arte e Artes Visuais, bem como no Programa de
Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV/UFRGS).
Jornalista de formação (UFRGS, 1996), com
Mestrado (PPGAV/UFRGS, 2002) e Doutorado (PPGAV/UFRGS, 2007) em Artes Visuais,
ênfase em História, Teoria e Crítica de Arte, tendo realizado Estágio Doutoral
junto à Kassel Universität, na Alemanha (2005).
Foi repórter especial e editora da revista
Aplauso, publicação voltada à cultura no Rio Grande do Sul, entre 1998,
ano de seu surgimento, até 2004. É autora e organizadora de várias obras no
segmento das artes visuais, com destaque para: A madrugada da modernidade
(Porto Alegre: Editora UniRitter, 2006), A fotografia de Luiz Carlos
Felizardo (Porto Alegre: FestFotoPoA, 2011), Beatriz Balen Susin –
Transfigurações do real (Porto Alegre: edição do autor/Fumproarte, 2011),
Frantz – O ateliê como pintura (Porto Alegre: edição do autor/Fumproarte,
2011), Walmor Corrêa – O estranho assimilado (Porto Alegre: Dux; São
Paulo: Livre, 2015). Integrou a Comissão Editorial que coordenou a publicação
Pinacoteca Barão de Santo Ângelo – catálogo geral 1910–2014 (Porto
Alegre: Editora da UFRGS, 2015), obra que documenta e historiciza o acervo de
1.485 obras integrantes da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo do Instituto de
Artes da UFRGS, uma das coleções públicas mais importantes no segmento de artes
visuais no Estado.
Assina várias curadorias de arte moderna e
contemporânea, muitas das quais agraciadas com o Prêmio Açorianos de Artes
Plásticas – Categoria Curadoria.
Membro do Comitê Brasileiro de História da Arte
(CBHA), da Associação Nacional dos Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP), da
Associação Brasileira de Crítica de Arte (ABCA), bem como da Associação
Internacional de Críticos de Arte (AICA). Vive e trabalha em Porto Alegre
(RS).