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12 de novembro de 2016

Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial da Cidade de Porto Alegre



A partir do ano de 2004, através da Lei 9.570, foi instituído no Município de Porto Alegre o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, e indicada a realização de inventário, referenciamento e valorização destes bens culturais.
Os bens culturais constituídos de dossiê que já estão registrados como Patrimônio da Cidade, até o momento, são os seguintes:

Registro nº 1 –

Celebração Festa de Nossa Senhora dos Navegantes

Esta celebração é um evento popular que acontece desde 1871, nos meses de janeiro e fevereiro, especialmente no dia dois de fevereiro, que inclui a procissão terrestre e fluvial, em devoção a Nossa Senhora dos Navegantes
A formação da devoção e da celebração religiosa a Nossa Senhora dos Navegantes em Porto Alegre está associada à cultura cristã, luso-açoriana, intimamente vinculada às origens históricas da Cidade e o culto a Nossa Senhora Mãe de Jesus.
A convergência nos imaginários religiosos cristão-católico e afro-brasileiro e suas devoções a Nossa Senhora dos Navegantes e o culto ao Orixá Iemanjá, ao longo do tempo impregnou esta Festa de um caráter religioso sincrético e integrador, e socialmente democrático.
Esta tradição centenária tem um ciclo que historicamente tem se consolidado, se iniciando oficialmente na metade do mês de janeiro, com o translado terrestre da imagem de Nossa Senhora dos Navegantes, conduzida em procissão da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes no Bairro Navegantes até a Igreja Senhora do Rosário, situada na Rua Vigário José Inácio, no Bairro Centro.
A imagem de Nossa Senhora permanece na Igreja Senhora do Rosário para devoções cotidianas por parte da população até a manhã do dia dois de fevereiro quando, então, é realizada a procissão terrestre e fluvial (pelo Guaíba), de retorno da imagem para a Igreja Nossa Senhora dos Navegantes. Ao término da procissão, é realizada uma missa campal, seguida de uma festa popular que se estende durante todo o dia.
Registro conforme processo nº 001.003125.10.6.



Registro nº 2

Lugar-Feira do Livro de Porto Alegre

A Feira do Livro é uma grande feira de livros ao ar livre, que acontece todos os anos no mesmo período, entre a última sexta-feira do mês de outubro e o terceiro domingo subsequente, desde 1955, na Praça da Alfândega, no centro de Porto Alegre.
Em suas diversas edições, foi necessitando de mais espaço para colocação de estandes e realização de atividades culturais. Com a expansão da Feira,esta utiliza atualmente a Praça da Alfândega e adjacências (ruas e lugares como o Cais).
A Feira do Livro se apresenta como um significativo evento literário e importante espaço para divulgação da obra de escritores novos e consagrados. Desde a décima primeira edição, a Feira do Livro tem uma tradição: um patrono é escolhido para cada edição da feira, dentre pessoas representativas para a história da Feira do Livro ou do campo da literatura. Para a população em geral, tornou-se tradicional e conhecida como o momento e lugar para comprar livros com descontos especiais.
Esta Feira ultrapassou seu cunho comercial, adquirindo e consolidando em sua trajetória histórica, a forma de um evento democrático por seu modo de funcionamento, forma de organização e promoção da acessibilidade à leitura. Em sua agenda, a Feira oferece, à população, uma intensa e diversificada programação cultural gratuita, e o desenvolvimento de ações educativas.
Registro conforme processo nº 001.050643.09.6.

Registro nº3

Formas de Expressão - Orquestra Sinfônica de Porto Alegre - OSPA.
A história das orquestras faz parte da história da música instrumental. As orquestras são agrupamentos instrumentais utilizados para a execução de música, sobretudo, considerada erudita. Dentro da cultura musical ocidental, as orquestras, a partir de fins do séc. XVIII, se tornaram uma representação musical bastante difundida e valorizada, simbolizando o bom gosto musical, o clássico.
As orquestras foram incorporando em seus agrupamentos cinco classes de instrumentos: as cordas, as madeiras, os metais, os instrumentos de percussão e os instrumentos de teclas. Algumas incorporaram também corais sinfônicos e regentes. Atualmente, as orquestras são conduzidas por um maestro.
A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre foi fundada em 1950, sendo a segunda orquestra mais antiga do Brasil em atividades ininterruptas. A OSPA é formada por cerca de 90 músicos profissionais e um coral sinfônico de 80 cantores, como missão busca a excelência na qualidade da cultura musical erudita, realiza projetos educativos e culturais, concertos públicos e atividades para disseminação e divulgação da música erudita assim como a formação de músicos e cantores. A OSPA é um complexo musical-educativo de referência regional.
Registro conforme processo nº 001.013079.10.7.


Registro nº 4
Lugar-Bará do Mercado
O Bará do Mercado é um espaço na encruzilhada central do Mercado Público Central de Porto Alegre, que se constitui como Lugar de referência secular para os religiosos de matriz africana.
Ali, no centro do Mercado ocorre a manifestação religiosa denominada passeio e é o lugar da Morada do Orixá Bará.
O Orixá Bará é compreendido como o Senhor das Encruzilhadas, capaz de abrir e fechar caminhos. Saudar e cultuar o Orixá Bará no Mercado Público com a intenção de obter fartura, abundância, prosperidade e a abertura de caminhos tem sido uma prática dos adeptos das religiões de matriz africana presente na história da Cidade por mais de um século.
Esta manifestação cultural, étnica e religiosa é uma marca histórica da territorialidade negra e da religiosidade afro-brasileira na cidade de Porto Alegre.
Registro conforme processo nº 001.050038.12.5.



Registro nº 5


Formas de Expressão
Lendas Tradicionais de Porto Alegre
As Lendas Tradicionais de Porto Alegre formam um conjunto de narrativas literárias construídas num processo coletivo, social, inicialmente conhecidas e transmitidas através da oralidade e, por sucessivas gerações, foram constantemente apropriadas e reapropriadas no campo da literatura escrita, da música, das artes cênicas e das artes plásticas.
Essas narrativas literárias fazem parte do imaginário dos porto-alegrenses, da cultura local, da história da Cidade.
Desse conjunto, fazem parte as seguintes narrativas literárias tradicionais: As Lágrimas de Obirici, as Torres Malditas, os Crimes da Rua do Arvoredo, Maria Degolada, a Moça que Dançou Depois de Morta, a Prisioneira do Castelinho.
Registro conforme processo nº 1.037388.14.2.00000




As Lágrimas de Obirici ( versão concisa)


Duas moças indígenas amavam o chefe-guerreiro da aldeia. Quem vencesse os jogos públicos se casaria com o chefe-guerreiro. Obirici perdeu o torneio para sua rival. Obirici chorou tanto de tristeza por ter perdido seu amor que se desfez em lágrimas. Estas lágrimas formaram um córrego chamado pelos indígenas locais de Ibicuí-retã, conhecido por muitos como Passo da Areia.




I

As Torres Malditas (versão concisa)

Um escravo foi enforcado injustamente, acusado de roubo de uma jóia da imagem de Nossa Senhora das Dores de dentro da Igreja do mesmo nome. A igreja estava em construção, e esse escravo trabalhava na obra. Antes de ser enforcado,pediu à Justiça Divina que mostrasse às pessoas que ele era inocente. Se ele fosse inocente,o seu senhor não haveria de assistir à conclusão da Igreja das Dores, o que de fato aconteceu


Os Crimes da Rua do Arvoredo (versão concisa)

Ramos e Catarina formavam um casal e moravam em uma casa na Rua do Arvoredo. Catarina atraía e seduzia os homens com sua beleza e os levava para casa.
Ramos matava, roubava as vítimas e depois as transformava em linguiça. Vendia as linguiças para a população no açougue da Rua da Ponte.


A Maria Degolada (versão concisa)

Maria Francelina namorava um soldado da Brigada. Quando estavam em uma confraternização com amigos, seu namorado teve uma crise de ciúmes e a degolou. Maria morreu próximo a uma figueira, em cima de um morro. O povo acredita que ela virou Santa. Ajuda os necessitados, principalmente, as mulheres. Construíram no lugar de sua morte uma pequena capela, onde pessoas fazem suas preces e agradecimentos por graças recebidas.





A Moça que Dançou depois de Morta (versão concisa)

Em um baile, um moço se encantou por uma bela e solitária jovem. Dançaram a noite inteira. Ao final do baile, ele a levou para casa. Ela morava próximo ao cemitério. No dia seguinte, ele foi até a casa da moça para vê-la e buscar o casaco que havia lhe emprestado. O pai da moça disse que a moça era sua filha e havia morrido há um ano. Os dois foram juntos ao cemitério, e o rapaz encontrou seu casaco sobre o túmulo da moça com quem tinha dançado na noite anterior.



A Prisioneira do Castelinho (versão concisa)
Um homem apaixonou-se por uma mulher, 22 anos mais jovem que ele. Construiu para ela um castelo em estilo medieval, e lá foram morar juntos. Ele tinha ciúmes exagerado de sua bela mulher. Utilizava muitos argumentos e artifícios para mantê-la enclausurada ou vigiada. Quatro anos se passaram. A jovem não quis mais se sentir prisioneira e encontrou uma forma de ir embora do castelo.


Observação:
Os processos de inventário fazem parte do Acervo da Epahc (Equipe do Patrimônio Histórico e cultural) - CMC / SMC – PMPA.
Sobre as Lendas, além do processo, há informações disponíveis em ;
Jornal Metro,ZH podcast Rádio Gaúcha e Bandnews (Programa Brasil que não acaba mais)
Esta postagem é colaboração da EPAHC-Equipe do Patrimônio Artístico,Histórico e Cultural da Secretaria Municipal da Cultura.