A partir 
do ano de 2004, através da Lei 9.570, foi instituído no Município de Porto 
Alegre o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, e indicada a 
realização de inventário, referenciamento e valorização destes bens 
culturais.
Os bens 
culturais constituídos de dossiê que já estão registrados como Patrimônio da 
Cidade, até o momento, são os seguintes:
Registro nº 1 – 
Esta celebração é um 
evento popular que acontece desde 1871, nos meses de janeiro e fevereiro, 
especialmente no dia dois de fevereiro, que inclui a procissão terrestre e 
fluvial, em devoção a Nossa Senhora dos Navegantes
A formação da devoção 
e da celebração religiosa a Nossa Senhora dos Navegantes em Porto Alegre está 
associada à cultura cristã, luso-açoriana, intimamente vinculada às origens 
históricas da Cidade e o culto a Nossa Senhora Mãe de Jesus. 
A convergência nos imaginários religiosos 
cristão-católico e afro-brasileiro e suas devoções a Nossa Senhora dos 
Navegantes e o culto ao Orixá Iemanjá, ao longo do tempo impregnou esta Festa de 
um caráter religioso sincrético e integrador, e socialmente democrático. 
Esta tradição centenária tem um ciclo que 
historicamente tem se consolidado, se iniciando oficialmente na metade do mês de 
janeiro, com o translado terrestre da imagem de Nossa Senhora dos Navegantes, 
conduzida em procissão da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes no Bairro 
Navegantes até a Igreja Senhora do Rosário, situada na Rua Vigário José Inácio, 
no Bairro Centro.
A imagem de Nossa Senhora permanece na Igreja 
Senhora do Rosário para devoções cotidianas por parte da população até a manhã 
do dia dois de fevereiro quando, então, é realizada a procissão terrestre e 
fluvial (pelo Guaíba), de retorno da imagem para a Igreja Nossa Senhora dos 
Navegantes. Ao término da procissão, é realizada uma missa campal, seguida de 
uma festa popular que se estende durante todo o dia.
Registro conforme processo nº 
001.003125.10.6.
Registro nº 2 
Lugar-Feira do Livro 
de Porto Alegre 
A Feira do Livro é 
uma grande feira de livros ao ar livre, que acontece todos os anos no mesmo 
período, entre a última sexta-feira do mês de outubro e o terceiro domingo 
subsequente, desde 1955, na Praça da Alfândega, no centro de Porto 
Alegre.
Em suas diversas 
edições, foi necessitando de mais espaço para colocação de estandes e realização 
de atividades culturais. Com a expansão da Feira,esta utiliza atualmente a Praça 
da Alfândega e adjacências (ruas e lugares como o Cais). 
A Feira do Livro se 
apresenta como um significativo evento literário e importante espaço para 
divulgação da obra de escritores novos e consagrados. Desde a décima primeira 
edição, a Feira do Livro tem uma tradição: um patrono é escolhido para cada 
edição da feira, dentre pessoas representativas para a história da Feira do 
Livro ou do campo da literatura. Para a população em geral, tornou-se 
tradicional e conhecida como o momento e lugar para comprar livros com descontos 
especiais.
Esta Feira 
ultrapassou seu cunho comercial, adquirindo e consolidando em sua trajetória 
histórica, a forma de um evento democrático por seu modo de funcionamento, forma 
de organização e promoção da acessibilidade à leitura. Em sua agenda, a Feira 
oferece, à população, uma intensa e diversificada programação cultural gratuita, 
e o desenvolvimento de ações educativas. 
Registro conforme processo nº 
001.050643.09.6.
Formas de 
Expressão - Orquestra Sinfônica de Porto Alegre - OSPA.
A 
história das orquestras faz parte da história da música instrumental. As 
orquestras são agrupamentos instrumentais utilizados para a execução de música, 
sobretudo, considerada erudita. Dentro da cultura musical ocidental, as 
orquestras, a partir de fins do séc. XVIII, se tornaram uma representação 
musical bastante difundida e valorizada, simbolizando o bom gosto musical, o 
clássico.
As orquestras foram 
incorporando em seus agrupamentos cinco classes de instrumentos: as cordas, as 
madeiras, os metais, os instrumentos de percussão e os instrumentos de teclas. 
Algumas incorporaram também corais sinfônicos e regentes. Atualmente, as 
orquestras são conduzidas por um maestro.
A Orquestra Sinfônica 
de Porto Alegre foi fundada em 1950, sendo a segunda orquestra mais antiga do 
Brasil em atividades ininterruptas. A OSPA é formada por cerca de 90 músicos 
profissionais e um coral sinfônico de 80 cantores, como missão busca a 
excelência na qualidade da cultura musical erudita, realiza projetos educativos 
e culturais, concertos públicos e atividades para disseminação e divulgação da 
música erudita assim como a formação de músicos e cantores. A OSPA é um complexo 
musical-educativo de referência regional.
Registro conforme processo nº 
001.013079.10.7.
Lugar-Bará do Mercado 
O Bará do Mercado é um espaço na encruzilhada 
central do Mercado Público Central de Porto Alegre, que se constitui como Lugar 
de referência secular para os religiosos de matriz africana. 
Ali, no centro do Mercado ocorre a manifestação 
religiosa denominada passeio e é o lugar da Morada do Orixá Bará. 
O Orixá Bará é compreendido como o Senhor das 
Encruzilhadas, capaz de abrir e fechar caminhos. Saudar e cultuar o Orixá Bará 
no Mercado Público com a intenção de obter fartura, abundância, prosperidade e a 
abertura de caminhos tem sido uma prática dos adeptos das religiões de matriz 
africana presente na história da Cidade por mais de um século. 
Esta manifestação cultural, étnica e religiosa é 
uma marca histórica da territorialidade negra e da religiosidade afro-brasileira 
na cidade de Porto Alegre. 
Registro conforme processo nº 
001.050038.12.5. 
Registro nº 5
Formas de Expressão
Lendas 
Tradicionais de Porto Alegre
As Lendas Tradicionais de Porto Alegre formam um 
conjunto de narrativas literárias construídas num processo coletivo, social, 
inicialmente conhecidas e transmitidas através da oralidade e, por sucessivas 
gerações, foram constantemente apropriadas e reapropriadas no campo da 
literatura escrita, da música, das artes cênicas e das artes 
plásticas.
Essas narrativas literárias fazem parte do 
imaginário dos porto-alegrenses, da cultura local, da história da Cidade. 
Desse conjunto, fazem parte as seguintes 
narrativas literárias tradicionais: As Lágrimas de Obirici, as Torres 
Malditas, os Crimes da Rua do Arvoredo, Maria Degolada, a Moça que Dançou Depois 
de Morta, a Prisioneira do Castelinho.
Registro conforme processo nº 
1.037388.14.2.00000
As 
Lágrimas de Obirici ( versão concisa)
Duas moças indígenas amavam o chefe-guerreiro da 
aldeia. Quem vencesse os jogos públicos se casaria com o chefe-guerreiro. 
Obirici perdeu o torneio para sua rival. Obirici chorou tanto de tristeza por 
ter perdido seu amor que se desfez em lágrimas. Estas lágrimas formaram um 
córrego chamado pelos indígenas locais de Ibicuí-retã, conhecido por muitos como 
Passo da Areia.
I
Um escravo foi enforcado injustamente, acusado de 
roubo de uma jóia da imagem de Nossa Senhora das Dores de dentro da Igreja do 
mesmo nome. A igreja estava em construção, e esse escravo trabalhava na obra. 
Antes de ser enforcado,pediu à Justiça Divina que mostrasse às pessoas que ele 
era inocente. Se ele fosse inocente,
Os 
Crimes da Rua do Arvoredo (versão concisa)
Ramos e Catarina formavam um casal e moravam em 
uma casa na Rua do Arvoredo. Catarina atraía e seduzia os homens com sua beleza 
e os levava para casa.
Ramos matava, roubava as vítimas e depois as 
transformava em linguiça. Vendia as linguiças para a população no açougue da Rua 
da Ponte.
A Maria 
Degolada (versão concisa)
Maria Francelina namorava um soldado da Brigada. 
Quando estavam em uma confraternização com amigos, seu namorado teve uma crise 
de ciúmes e a degolou. Maria morreu próximo a uma figueira, em cima de um morro. 
O povo acredita que ela virou Santa. Ajuda os necessitados, principalmente, as 
mulheres. Construíram no lugar de sua morte uma pequena capela, onde pessoas 
fazem suas preces e agradecimentos por graças recebidas. 
Em um baile, um moço se encantou por uma bela e 
solitária jovem. Dançaram a noite inteira. Ao final do baile, ele a levou para 
casa. Ela morava próximo ao cemitério. No dia seguinte, ele foi até a casa da 
moça para vê-la e buscar o casaco que havia lhe emprestado. O pai da moça disse 
que a moça era sua filha e havia morrido há um ano. Os dois foram juntos ao 
cemitério, e o rapaz encontrou seu casaco sobre o túmulo da moça com quem tinha 
dançado na noite anterior.
Um homem 
apaixonou-se por uma mulher, 22 anos mais jovem que ele. Construiu para ela um 
castelo em estilo medieval, e lá foram morar juntos. Ele tinha ciúmes exagerado 
de sua bela mulher. Utilizava muitos argumentos e artifícios para mantê-la 
enclausurada ou vigiada. Quatro anos se passaram. A jovem não quis mais se 
sentir prisioneira e encontrou uma forma de ir embora do castelo.
Observação:
Os processos de 
inventário fazem parte do Acervo da Epahc (Equipe do Patrimônio Histórico e 
cultural) - CMC / SMC – PMPA. 
Sobre as Lendas, 
além do processo, há informações disponíveis em ;
Jornal 
Metro,ZH podcast Rádio Gaúcha e Bandnews (Programa Brasil que não 
acaba mais)
Esta postagem é colaboração da EPAHC-Equipe do 
Patrimônio Artístico,Histórico e Cultural da Secretaria Municipal da 
Cultura. 



 
 
