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25 de abril de 2012

Literatura na Universidade?


 

Carol Bensimon, Luís Roberto Amabile e Augusto Paim, mediador do bate-papo.
- Ela pode te ensinar a escrever bem, mas não pode te ensinar a escrever - abria então a discussão sobre literatura e universidade (realizada no último domingo na Palavraria em virtude da 5ª FestiPoa Literária) o escritor e jornalista Luís Roberto Amabile. Reiterando o pensamento de Cesar Aira ao referir-se à oficina literária e aos cursos de escrita criativa como formadores de escritores (ou não), Amabile iniciou o bate-papo (e não 'debate', pois não esqueçamos: estamos em plena festa) com a ideia de que não é possível aprender a escrever - no sentido da aptidão ou mesmo da vontade -, mas é possível sim aprender a escrever bem, refletindo-se principalmente sobre aspectos formais e estruturais que guiam o provável escritor na contrução do seu texto.

Concordando com o jornalista, a escritora e publicitária Carol Bensimon, autora de Sinuca embaixo d'água (Cia das Letras, 2009), propôs (involuntariamente) ainda mais: "Eu, particularmente, não gosto de ler teoria da literatura".

A partir daí, uma pequena polêmica surgiu em torno do assunto. Altair Martins, romancista e contista, que havia participado de uma atividade anterior e estava agora assistindo à conversa, não hesitou em compartilhar a opinão contrária à de Carol. Bacharel no curso de Letras pela UFRGS, Altair fez um romance e - como a universidade não aceita tal gênero como tese - uma dissertação para adquirir seu diploma de doutorado em Literatura Brasileira. Apesar disso, ele ressalta que a importância da teoria sempre será de grande relevância para o desempenho do ato de escrever. Enquanto o autor-crítico coloca seu texto na frente do espelho, a teoria ajuda esse mesmo autor a refletir sobre o que se escreve e como se escreve.

Essa dicotomia, entre teoria e prática da escrita, seguiu caminho autônomo no debate e tornou-se, por fim, o cerne das diferentes manifestações. Uma opinião de cá, outra de lá e diferentes pontos de vistas foram expostos - todos eles invocando a figura do escritor e sua relação com a solidificação (ou não) da sua profissão.