Carol Bensimon, Luís Roberto Amabile e Augusto Paim, mediador do bate-papo. |
- Ela pode te ensinar a escrever bem, mas
não pode te ensinar a escrever - abria então a discussão sobre
literatura e universidade (realizada no último domingo na Palavraria em virtude
da 5ª FestiPoa Literária) o escritor e jornalista Luís Roberto
Amabile. Reiterando o pensamento
de Cesar Aira ao referir-se à oficina literária e aos cursos de escrita
criativa como formadores de escritores (ou não), Amabile iniciou o bate-papo (e
não 'debate', pois não esqueçamos: estamos em plena festa) com a ideia de que
não é possível aprender a escrever - no sentido da aptidão ou mesmo da vontade
-, mas é possível sim aprender a escrever bem, refletindo-se principalmente
sobre aspectos formais e estruturais que guiam o provável escritor na contrução
do seu texto.
Concordando com o jornalista, a escritora e publicitária Carol Bensimon, autora de Sinuca embaixo d'água (Cia das Letras, 2009), propôs (involuntariamente) ainda mais: "Eu, particularmente, não gosto de ler teoria da literatura".
A partir daí, uma pequena polêmica surgiu em torno do assunto. Altair Martins, romancista e contista, que havia participado de uma atividade anterior e estava agora assistindo à conversa, não hesitou em compartilhar a opinão contrária à de Carol. Bacharel no curso de Letras pela UFRGS, Altair fez um romance e - como a universidade não aceita tal gênero como tese - uma dissertação para adquirir seu diploma de doutorado em Literatura Brasileira. Apesar disso, ele ressalta que a importância da teoria sempre será de grande relevância para o desempenho do ato de escrever. Enquanto o autor-crítico coloca seu texto na frente do espelho, a teoria ajuda esse mesmo autor a refletir sobre o que se escreve e como se escreve.
Essa dicotomia, entre teoria e prática da
escrita, seguiu caminho autônomo no debate e tornou-se, por fim, o cerne das
diferentes manifestações. Uma opinião de cá, outra de lá e diferentes pontos de
vistas foram expostos - todos eles invocando a figura do escritor e sua relação
com a solidificação (ou não) da sua profissão.