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16 de maio de 2012

Artigo Plinio Zalewski " O que me assombra nos pequenos políticos."


                                                                                                                 Por Plinio Zalewski Vargas 
                
     Não é a corrupção o que me assombra nos "pequenos políticos", essa espécie de matilha que vem se distanciando da sociedade brasileira a cada nova eleição. Corrupção existe entre os pequenos empresários, pequenos cidadãos e cidadãs e mal ou bem vem sendo combatida por instituições cada vez mais preparadas, com relativo êxito.
     E vejam, estou falando dos "pequenos políticos" e não da Política. Embora tenha se tornado esporte nacional misturar as duas coisas - como se quem decidisse fazer sua aparição no espaço público automaticamente se tornasse membro da matilha – estamos tratando de duas atividades absolutamente distintas. Com efeito, os "pequenos políticos" não fazem Política e isso é uma parte do que me assombra.
     Em primeiro lugar, partidos políticos e eleições não são a política em si. Foram invenções fantásticas para que algumas sociedades organizassem racionalmente suas diferenças, tivessem um canal organizado para expressá-las e submetê-las ao escrutínio geral, através do qual seriam eleitos os governos. Se esta é a melhor forma de nos organizarmos, bem, é esta a essência da crise por que passa o regime democrático há pelo menos sessenta anos e cuja profundidade pode ser analisada a partir das múltiplas Primaveras que emergem mundo afora.
     Política é a aparição consciente num espaço público, no qual pensando com minha própria cabeça, andando com minhas próprias pernas e sentindo com meu coração, expresso o que penso e sinto sobre os assuntos da comunidade onde vivo e,sobretudo, coopero para que neste espaço nasçam promessas mútuas, pactos, traduzidos em ações colaborativas de interesse coletivo.
     O que me assombra nos "pequenos políticos" é a falta de conteúdo e vocabulário acanhado; baixa autonomia em relação aos grupos econômicos que os sustentam, portanto de liberdade para pensar, agir e sentir por si mesmos. São, em verdade, despachantes duplamente pagos de interesses que não podem ser compartilhados no espaço público, porque carecem de legitimidade.
     Num tempo tão interessante que exige de todos desprendimento, criatividade e inovação para reinventar a democracia, os "pequenos políticos" têm a oferecer o universo autorreferente das suas tarefas domésticas: comprar "pequenos eleitores", seduzir "pequenos empresários" para o financiamento das campanhas, preparar o terreno para..... as próximas eleições.
     Porto Alegre já respira num clima eleitoral. O desafio dos "grandes eleitores" é identificar os "grandes políticos". Para identificá-los, não esqueça: pensar, agir e sentir por si mesmo.... com muito, mas muito conteúdo.