Na sexta-feira à noite e no sábado durante todo o dia, mais de 830 pessoas   participaram da 5ª Conferência Nacional das Cidades - Etapa Porto Alegre, na   Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Com a temática geral Quem muda a cidade   somos nós: Reforma Urbana já, os porto-alegrenses debateram temas de grande   importância para a cidade, numa prova de participação e democracia. O objetivo   da Conferência  a maior já realizada na capital gaúcha  é ouvir a sociedade   sobre temas relativos à Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, além de   definir diretrizes para política pública urbana municipal, sensibilizar e   mobilizar a sociedade porto-alegrense e o governo municipal para o   estabelecimento de agendas, metas e planos para enfrentar os problemas urbanos   da cidade e também orientar ações do Ministério das Cidades.
Jussara Cony representou a Câmara Municipal na Comissão Organizadora do   evento e fez um balanço positivo dos dois dias. "Fizemos a maior Conferência de   Porto Alegre. O momento histórico é diferenciado das etapas anteriores, mas não   menos instigante e, portanto, necessariamente, novos desafios se colocam à atual   etapa, pois nada está pronto ou acabado; ao contrário, para a grande maioria dos   trabalhadores, empurrados historicamente para as periferias e sem a garantia de   direitos considerados  constitucionalmente - como humanos (moradia, saneamento,   mobilização viária, urbanização, regularização fundiária, saúde integral,   educação de qualidade, creches, segurança, esporte, cultura, lazer). Nossa luta   é constante, contínua e continua.", disse Jussara.
Segundo a vereadora, Porto Alegre precisa decidir ousar ou retroceder. "A   velocidade o nosso tempo, do século 21, não nos permite mais estagnar. Ou damos   passos firmes, ousando e fazendo a Reforma Urbana em toda sua plenitude, ou   retrocedemos. Já não há mais como para no tempo, as cidades crescem, evoluem,   ousam e, assim, deixam para trás que não se movimenta, que não age com   coragem.", defendeu.
Resoluções
No sábado, quatro grupos de trabalho trabalharam e aprovaram, em plenária,   as deliberações da 5ª Conferência Nacional das Cidades - Etapa Porto   Alegre.
Grupo 1 - Controle Social Efetivo e Gestão Democrática da   Cidade
- articulação de relações políticas entre os entes   federados;
- transversalidades e qualidade nas gestões;
- democratização das decisões com efetiva participação, através dos   mecanismos legais; 
- concepção avançada e integrada da cidade que queremos;
- papel dos atores sociais e institucionais (prefeitura e Câmara);
- gestão democrática:
   a> conselho municipal, leis de iniciativa popular,   conferências amplas e democráticas, consultas públicas; 
   b> estatuto das cidades: sua aplicação para tratamento de   forma transversal e integrada das políticas públicas de Estado; 
   c> qualificação da gestão, responsável por socializar os   benefícios; 
   d> atores históricos do movimento sociais como principais   elementos de aglutinação para a reforma urbana; 
   e> atores governamentais como indutores para inverter a   lógica que ignora a cidade como espaço de justiça, esperança, igualdade e paz,   com humanização e democratização para a qualidade de vida; 
- Implementação da decisão da 2ª Conferência Municipal das Cidades, respaldada pelas 3ª e 4ª Conferências, do Conselho Municipal das Cidades com amplo diálogo, através dos seguintes elementos:
   a> a 5ª Conferência Municipal das Cidades, etapa Porto   Alegre, define o prazo para a implementação do Conselho Municipal da Cidade, com   caráter deliberativo até a realização da Conferência Estadual das Cidades, em 17   de agosto de 2013; 
   b> a composição do referido Conselho terá proporcionalidade   assim estabelecida: Gestores, administradores públicos e legislativos   municipais: 42,3%; Movimentos sociais e populares: 26,7%; Trabalhadores, através   de suas entidades sindicais: 9,9%; Empresários relacionados à produção e ao   financiamento do desenvolvimento urbano: 9,9%; Entidades profissionais,   acadêmicas e de pesquisa: 7% ; ONGs com atuação na área: 4,2%,
- A representação, na proporcionalidade apresentada no item anterior, será indicada diretamente pelos respectivos segmentos durante o processo e no prazo estabelecido nesta Conferência Municipal das Cidades, etapa Porto Alegre.
Grupo 2  Impactos da Copa do Mundo 2014
- Fortalecer o acesso a informação ampliando o diálogo entre as comunidades   e a prefeitura, garantindo a participação das famílias em todas as etapas da   intervenção dos projetos que atingem diretamente suas vidas, seguindo os   preceitos do estatuto e da política nacional de habitação. e Qualificar o   processo participativo capacitando multiplicadores das comunidades, afim de   viabilizar a divulgação, o debate e a transparência nas definições e   monitoramento das obras da Copa. Realizar uma audiência pública com o Ministério   das Cidades, Conselho Nacional, Ministério Público e secretaria nacional de   direitos humanos para debatermos os impactos da Copa, sendo esta audiência   organizada pelas comunidades atingidas e movimentos populares, em vista das   violações de direitos humanos e falta de transparência relatadas pelas famílias.    Bloquear os repasses de recursos para projetos em que sejam identificadas   violações de direitos humanos e falta de transparência.
- Garantir o controle social dos projetos relacionados à Copa através da   inserção das representações das comunidades atingidas e movimentos populares   organizados nas Câmaras Temáticas da Secretaria da Copa. Que o legado social da   Copa (construção de equipamentos sociais de saúde, educação, lazer, esporte,   cultura, qualificação profissional, etc) seja definido com participação das   comunidades e controle social. .
- Que a política do bônus moradia e do aluguel social se adapte a realidade   das famílias, que o valor garanta a permanência das famílias na região de origem   e diminuir a burocracia. Que sejam decretadas AEIS nas áreas atingidas pela Copa   e áreas vizinhas, para viabilizar a regularização e regular o mercado   imobiliário e  combater a especulação imobiliária.
- Que o programa MCMV siga as orientações do Plano Municipal de Habitação e os critérios construídos no município, priorizando famílias em área de risco e também processos de regularização e urbanização e não apenas para reassentamentos de famílias removidas pela Copa. Que junto com os projetos do MCMV sejam previstos Planos de Construção de Equipamentos Públicos e mobilidade, que a garantia do direito a moradia não viole o direito à cidade.
- Que não ocorra flexibilização das leis já debatidas e aprovadas com a   participação popular (ex. legislação ambiental e plano diretor) e que sejam   implementados os instrumentos do estatuto da cidade, de outorga onerosa do   direito de construir, estudo de impacto de vizinhança, propriedade   coletiva.
Grupo 3 - Reforma Urbana 
- Incluir no texto a titulação imediata das comunidades quilombolas, tanto   nas áreas urbanas e nas áreas rurais, em especial as citadas acima, isenção de   IPTU para todos HIS e para as comunidades quilombolas, com anistia de   passivos.
- Publicação imediata dos relatórios técnicos de identificação das   comunidades quilombolas (Alpes, Guaranhas e Fidelis), bem como a desafetação   imediata do traçado da rua João Caetano sobre o quilombo da Família   Silva.
- Avançar na função social da propriedade com a  regulamentação dos   instrumentos previstos no Plano Diretor.
- Ser mencionado no texto a propriedade coletiva. Propriedade privada e   concessão de uso não estão resolvendo os problemas. Propriedade Coletiva é   estratégica para autogestão. 
- Trabalhar a regularização fundiária de forma ampla e integral   .
- Índices construtivos,  direito oneroso (Solo Criado) de construir    onde 100% dos recursos destes índices teriam de ir para habitação popular    Fundo Municipal de Habitação, obedecendo a risca a legislação. A Prefeitura de   Porto Alegre tem concedido de graça, contrariando o Estatuto da   Cidade.
- Função social da propriedade. Mapear territórios livres, as áreas vazias   e a identificação dos imóveis e edifícios não utilizados e sub-utilizados,   gravando estes como AEIS, e designando-os para moradia popular.
- Criar Banco de Terras Municipal, destinando as áreas públicas municipais,   destacando a função social da propriedade, com garantida do acesso aos   equipamentos públicos. Priorizando o MCMV de 0 a 3 SM. Nas áreas comprovadamente   não aptas (com comprovação técnica) para HIS, que os recursos sejam destinados   ao fundo municipal de desenvolvimento urbano. 
- Controle social, espaços de discussão e de decisão. Reafirmar a   instituição do Conselho das Cidades.
- Regularização Fundiária, que possibilita acesso aos programas sociais e   colabora no planejamento urbano.
- Propõe que saiam encaminhamentos para regulamentação da função social da   propriedade, com destaque a IPTU progressivo, estudo de impacto de vizinhança e   solo criado para Habitação de Interesse Social.
- Criar Fórum Municipal de prevenção e Mediação de conflitos fundiários,   com representação dos Movimentos Sociais, paritário.
- Reconhecimento da posse das famílias que estão sendo atingidas pelas   obras da COPA. Que exista uma ação de regularização fundiária integrada as   intervenções da Copa do Mundo;
- Que seja respeitada a função social da propriedade  Art 79 do Plano Diretor e a implementação dos instrumentos. Realizando o gravame nas devidas regiões de planejamento.
- AEIS devem ser instituídas nos Corredores das Obras da Copa do Mundo, bem   como, em todo o território de Porto Alegre.
- Criar, regulamentar e implementar o  Conselho Municipal da Cidade de   POA com Transversalidade das politicas públicas concretizadas nas cidades   através de ações conjuntas com os movimentos sociais e   entidades.
- Aprovar e regulamentar a lei municipal de assistência técnica pública e   gratuita, com mecanismos que viabilizem o repasse de recursos financeiros para o   Fundo Municipal de Habitação.
- Propõe o debate sobre Verticalização das edificações com resgate da   identidade da cidade com ênfase as populações negras, indígenas, povos de   matrizes africanas e outras minorias.
Grupo 4  Transversalidade
- Construção do Conselho das Cidades em Porto Alegre, como instrumento de   integração das políticas de desenvolvimento urbano e da construção do Sistema   Municipal de Desenvolvimento Urbano, que dialogue com o SNDU.
- Elaboração do Plano Diretor e dos Planos Setoriais de Habitação,   Saneamento e Mobilidade de forma democrática e participativa, com   transversalidade e com garantia de incidência destas políticas no orçamento do   município.
- Imediata realização de senso da irregularidade fundiária, bem como o   mapeamento dos vazios urbanos como subsídios para a construção de um Plano de   Regularização Fundiária da Cidade.
- Antes da aprovação dos projetos habitacionais, que não sejam de interesse   social, devem ser feito um estudo de levantamento de qual impacto de   infraestrutura e qual contrapartida real será dada na região referente ao   empreendimento, para que nenhum destes empreendimentos seja feito sem garantir   para a comunidade equipamentos púbicos e serviços sociais necessários (saúde,   educação, assistência social, esporte, cultura e laser).
- Porto Alegre deve avançar numa visão integrada, que contemple o   planejamento estratégico da cidade, integrando os debates das políticas urbanas   e ambientais, pensando o que queremos pra cidade no próximo período, através de   Seminários que dialoguem com todos segmentos, entidades e regiões da   cidade.
Flávia Lima Moreira (reg prof. 12914)
Gabinete Vereadora Jussara Cony
Guimarães
 
 
 
