Criada em 15 de abril de 1992, a orquestra é resultado do trabalho de educação musical na EMEF Heitor Villa Lobos, na Lomba do Pinheiro. A iniciativa, mantida pela Secretaria Municipal de Educação (Smed), conta com a parceria de ONGs e associações para atender mais de 500 crianças e jovens, em mais de 80 turmas de oficinas realizadas na escola e em outros sete locais do bairro. O trabalho idealizado pela professora, coordenadora e maestrina Cecília Rheingantz Silveira, tem como objetivo proporcionar, a essas crianças e jovens em idade escolar, o acesso ao ensino de música pública de qualidade, capacitando-os e promovendo a iniciação musical de tantos outros, que, anualmente, são preparados para o ingresso no grupo artístico.
Iniciado como orquestra de flautas doces, o grupo tomou forma em 2003 quando o projeto foi ampliado e mais instrumentos foram adquiridos. Keliezy Conceição Severo, de 26 anos, participou de boa parte dessa história. Ela ingressou aos nove anos na orquestra para tocar flauta, e, aos, 16 anos tornou-se monitora, auxiliando os iniciantes. “Foi nessa época que comecei a ter interesse em seguir na música e na educação musical”, conta. Por meio de bolsas para cursos técnicos e graduação, disponibilizados graças ao projeto, ela obteve formação na área, e, atualmente, é professora de iniciação de flauta doce, atendendo cerca de 130 alunos. “Trabalhar, ajudando a transformar a vida de outras crianças, é como uma forma de agradecimento por tudo que recebi. Eles se espelham em mim, e eu me enxergo nos meus alunos, pois, se eu consegui, com certeza, eles também podem”, declara.
A orquestra, composta por 40 jovens de 12 a 23 anos, mais do que musicalidade, também acrescenta lições à vida social dos participantes. É o que diz Edvaldo Lucas Soares, de 23 anos, que desde os 12 faz parte do projeto: “Nos fornece muito aprendizado, como o de se portar, se comunicar, como se apresentar, entre outros”, conta. Esse reconhecimento recorrente na fala dos participantes é confirmado por Nicole Aurora da Rosa Lopes, de 13 anos, estudante do 8º ano (equivalente à antiga 7ª série) da escola Heitor Villa Lobos e uma das mais novas, que diz que o grupo “é como uma família bem unida, que ensina à convivência com pessoas diferentes”.
Edvaldo, que toca flauta doce, violão, teclado e cavaquinho, se transformou em um dos monitores do projeto e dá aulas de samba e pagode no grupo. De acordo com ele, o que mudou nesses 20 anos de ação foi o aumento do incentivo das famílias e dos amigos, já que muitos dos que participaram e cresceram na orquestra hoje são pais de alunos, e fazem questão de que seus filhos tenham a mesma educação que tiveram e que a integrem.
Prêmios e CDs – Com mais de 850 concertos realizados, para um público superior a 220 mil pessoas, a Orquestra Villa-Lobos já recebeu premiações importantes como o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues, da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, o troféu de Defesa de Direitos Humanos no Rio Grande do Sul, pela Unesco/Assembléia Legislativa/Fundação Maurício Sobrinho, e a certificação do Ministério da Cultura, com o selo Prêmio Cultura Viva. Além disso, possui dois CDs gravados: O Trenzinho Caipira (2002) e Olhos Coloridos (2008).
/ensino
Texto de: Tiago Nequesaurt
Edição de: Álvaro Luiz Oliveira Teixeira
Edição de: Álvaro Luiz Oliveira Teixeira