Amanda Costa é astróloga, professora de Literatura, terapeuta floral, escritora e poeta. No ano passado, participou do Festival de Inverno, onde expôs ao público a relação entre a literatura do escritor porto-alegrense Caio Fernando de Abreu e a Astrologia. Atualmente, cursa o Doutorado em Literatura Brasileira além de realizar consultas astrológicas aos clientes.
Numa troca de e-mails com a astróloga, perguntamos sobre as relações entre Astrologia e Literatura, quais escritores deixam referências astrológicas implícitas em suas obras e seus planos literários para o futuro:
CLL - Direcionaste tua vida para o estudo da Literatura e Astrologia. Como surgiu o teu interesse inicial por cada campo (qual a primeira leitura que te marcou?) e quais os paralelos entre os dois?
Amanda Costa - A vida foi acontecendo, tramabela de letras, canções, astros e devaneios. A literatura veio antes, começando pela coleção O mundo da criança, que abriu caminhos para os escritores e os livros. Nas leituras de infância, me marcaram As aventuras do avião vermelho do Erico Verissimo e Reinações de Narizinho de Monteiro Lobato e logo fui atrás de outros livros desses escritores. Depois, transição infância/adolescência, veio o Julio Verne e toda uma fase forte de ficção científica, com Isaac Asimov, Arthur Clarke e Ray Bradbury, meu predileto, que adoro e sigo lendo até hoje. A coisa de céu e espaço, que depois chegou na Astrologia pode ter começado aí, pela via da FC e da Astronomia. Ainda bem garota, alguns livros mexeram demais comigo e podem ter sacramentado definitivamente a paixão pela literatura: Cem anos de solidão, Garcia Marquez; Orlando, Virginia Woolf; A Odisseia, de Homero; Sidarta, de Herman Hesse; O ovo apunhalado, do Caio Fernando Abreu. E teve também um velho livro de Mitologia Grega dos tempos de escola da minha mãe... Este foi fatal (risos), caminho aberto pra Astrologia, que também veio através de outros livros e conversas com amigos (era tema constante nos anos 70) e, finalmente, as aulas de Astrologia com a dona Emmy, a grande astróloga Emma de Mascheville.
CLL - Lançaste, em 2011, o livro 360 Graus - Inventário astrológico de Caio Fernando de Abreu. O escritor tinha muita ligação com a Astrologia, sendo este vínculo explorado em tua tese de Mestrado. Tu também enxergas referências e diálogos entre textos literários de outros autores com conhecimento astrológico? Podes citar alguns?
Amanda Costa - Com certeza, há também muita Astrologia nas obras de outros escritores. O exemplo mais forte é Fernando Pessoa, que também era astrólogo, e que, além de mostrar esse simbolismo em seus textos e poemas, fazia mapas astrais de seus heterônimos, os quais mantinham um estilo de escrever de acordo com seu perfil astrológico. Shakespeare tem muitas referências a simbolismos astrológicos em suas obras, geralmente de forma bem direta. E Leminski, Borges, Guimarães Rosa, Yeats, Baudelaire, Anais Nin, Alice Ruiz, Luis Augusto Cassas, Osman Lins, Myriam Campello, Vinícius de Moraes, Mario Quintana... a lista é longa.
CLL - Da mesma maneira, em que medida a astrologia te auxilia e influencia na tua produção poética?
Amanda Costa - A Astrologia, por ser uma linguagem simbólica, conecta com o inconsciente e abre o acesso ao mistério, ao mundo das essências e das imagens, que acaba tomando forma visível na ação de escrever.
CLL - Estás trabalhando em algum livro para publicação dentro dos próximos anos?
Amanda Costa - Na real, trabalhando em vários: criando novos poemas e retrabalhando os antigos, elaborando contos (ainda na cabeça) e escrevendo tese de Doutorado, que, se ficar bacana, também sai em livro.