Coordenação do Livro e Literatura
Vencedor do Prêmio Açorianos de Literatura 2011 na categoria Poesia com o livro Calendário (Oficina Raquel, 120 páginas, R$ 19,00), agora chegou a vez do escritor André Dick apontar suas seleções de leituras realizadas no ano passado que mais lhe atraíram a atenção.
Marcadas pelo mesmo gênero literário ao qual o autor se dedica, as obras abaixo deixam transparecer a carga de cultura internacional que permeia as escolhas de leituras do poeta gaúcho:
Heine, hein? – Poeta dos contrários (Perspectiva, 544 páginas, R$ 60,00), de André Vallias
Com traduções de André Vallias do poeta Heinrich Heine, é uma das obras de poesia, na minha opinião, mais importantes já lançadas no Brasil. Além do trabalho minucioso de recriação dos poemas, há estudos críticos ao mesmo tempo didáticos e complexos, mostrando a relevância desse autor do romantismo com grande visão da modernidade, a ser mais lido no Brasil.
Guenádi Aigui: Silêncio e clamor (Perspectiva, 144 páginas, R$ 30,00), de Guenádi Aigui
Antologia de um dos poetas russos mais importantes da modernidade, Guenádi Aigui, ganha em intensidade pelo trabalho de tradução de Boris Schnaiderman e Jerusa Pires Ferreira. Cada poema revela novas imagens e estruturas. E o volume traz ainda textos em prosa do autor e uma apresentação detalhada de sua trajetória. Mais um livro que considero indispensável da Coleção Signos (assim como Heine, hein?).
Os antimodernos: de Joseph de Maistre a Roland Barthes (Editora UFMG, 573 páginas, R$ 68,00), de Antoine Compagnon
A crítica literária de Antoine Compagnon é uma das melhores da atualidade. Nesse livro, ele julga que os maiores modernos, como Baudelaire e Barthes, são, na verdade, antimodernos – para o autor, os modernos sem amarras e rótulos. A premissa é arriscada, mas desenvolvida com rara sensibilidade, em um grande número de citações e alguns capítulos memoráveis (sobre as principais características dos antimodernos).
Trans (Cosac Naify/7Letras, 87 páginas, R$ 34,00), de Age de Carvalho
Novo volume do poeta Age de Carvalho, que acompanho desde a reunião de sua obra, em Ror. Com um estilo elíptico e imagens rápidas, consegue filtrar traços autobiográficos numa linguagem que surpreende pela fuga do lugar-comum. Mais solar do que os livros anteriores do autor, busca a simetria e a contenção, com resultados surpreendentes.
A coisa perdida: Agamben comenta Caproni (Editora da UFSC, 376 páginas, R$ 45,00), de Giorgio Caproni e Giorgio Agamben
Reunião de escritos do poeta italiano moderno Giorgio Caproni, acompanhada por um estudo de sua obra feito por Giorgio Agamben, é um dos volumes mais interessantes de tradução (de Aurora Fornoni Bernardini) lançados ultimamente, trazendo poemas memoráveis. Às vezes, Caproni trabalha com a sonoridade, mas, em sua maior parte, apresenta um verso mais áspero, com imagens de lâminas e facas (dialogando com João Cabral).
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