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17 de janeiro de 2012

Top 5 2011 - Celso Sisto

 O Top 5 2011 de hoje trata das obras consideradas mais impactantes e interessantes de 2011 sob o ponto de vista do vencedor da categoria Infantil e Livro do Ano do Açorianos de Literatura 2011, Celso Sisto.


Em sua lista, o escritor apontou dois livros do gênero que o consagrou duplamente vencedor no Açorianos do ano passado, além de prestigiar obras de origens africana, francesa, portuguesa e espanhola, algumas delas ainda sem edição brasileira.









O mundo se despedaça (Companhia das Letras, 240 páginas, R$ 44,50), de Chinua Achebe



Impossível se interessar pela literatura africana e não conhecer a obra deste autor. O livro é um dos mais premiados e ficou fora de catálogo no Brasil durante anos. A história da desintegração dos costumes tradicionais do povo ibo, da Nigéria, e o contato com os valores do colonizador branco e cristão (e todo um novo sistema político, filosófico, etc.), servem de pano de fundo para o autor falar de ancestralidade, religiosidade, forças da natureza, e contar mitos, lendas, fábulas, temperados por muitos ditados populares. Esta é uma obra fundadora do moderno romance nigeriano e influenciou muitos escritores em África.


Alma (Leya,  176 páginas, 5,95 euros), de Manuel Alegre


Adoro as obras que são memórias da infância. Nesta, o escritor português, Manuel Alegre, narra os lugares e episódios mágicos da sua vida de menino, retratando, através de um lugar fictício, as tradições, as subversões, a ideologia, os encantos de uma vida que se desenrola sob olhares de uma criança muito esperta e atenta. O protagonista vai comunicando ao leitor as marcas que a transição da Monarquia para a República deixaram nele.  Infelizmente, o livro não está publicado no Brasil.


A máquina de fazer espanhóis (Cosac Naify, 256 páginas, R$ 39,00), de Valter Hugo Mãe


A obra é imperdível. Beleza e ousadia lingüística, semântica e sintática conferem lugar de destaque ao livro. O autor trata de um tema bastante delicado: a velhice em uma casa de repouso (ou asilo, se preferirem!).  O livro é bem humorado, escancarado, poético, filosófico e muito bem construído do ponto de vista narrativo. A revisão do passado da personagem (em especial o período da ditadura salazarista) e o uso do poema Tabacaria, de Álvaro de Campos conferem um sabor todo especial ao livro!
 
Tio Lobo (Callis, 36 páginas, R$ 28,00), de Xose Ballesteros


Adoro as visitas aos contos clássicos da literatura popular e de tradição oral. Aqui o autor apresenta uma releitura impagável de Chapeuzinho Vermelho. A menina é gulosa, o lobo é vingativo e a mãe é uma descrente. A história é divertida e não faz concessões aos ensinamentos e ao politicamente correto, portanto, sem final feliz (mais próximo inclusive, dos primeiros registros da história). As ilustrações de Roger Olmos dialogam com o texto de modo muito forte e original.


Diário secreto do Pequeno Polegar, (Editora Educação Nacional, 206 páginas, 17,55 euros), de Philippe Lechermeier


O livro mais bonito e original que vi nos últimos anos. Novamente um clássico da tradição oral serve de ponto de partida para o autor, que é francês. Dá vontade de andar com o livro debaixo do braço, porque as descobertas são infindáveis. É divertido, inventivo, absolutamente inusitado, poético e cheio de emoções. O texto potente é uma prova definitiva do que as boas recriações e releituras podem oferecer nas “mãos” de grandes autores. As ilustrações de Rebecca Dautremer também fazem de qualquer livro uma obra-prima. O livro ainda não está publicado no Brasil.