Estreia no dia 08 de abril o novo projeto do Teatro Sarcáustico concebido para encenação da rua, intitulado
PORTO: A cidade como palco de uma anti-diáspora. O projeto é composto por quatro performances em intervenções urbanas da cidade de Porto Alegre, todas situadas à orla do Guaíba: a Usina do Gasômetro, as instalações do Aerómóvel na Praça Júlio Mesquita, além de duas obras da 5ª Bienal do Mercosul: Cascata de Carmela Gross e Olhos atentos de José Resende.
O projeto mantém uma proposta de direção já utilizada em trabalhos anteriores do grupo, em que três diretores são responsáveis pela estrutura cênica das performances – Daniel Colin, vencedor do Prêmio Açorianos de Teatro 2010 por Wonderland e o que M. Jackson encontrou por lá, Ricardo Zigomático e Rossendo Rodrigues, que também atuam na montagem, ao lado de Guadalupe Casal. Os diretores se baseiam sobretudo no texto “A Diáspora Portoalegrense” de Bernardo de Souza e na obra do artista Banksy, pseudônimo do grafiteiro, pintor, ativista político e diretor de cinema britânico. PORTO questiona o êxodo dos artistas ao qual a cidade assiste, as dificuldades do fazer artístico contemporâneo em Porto Alegre, suas possibilidades e necessidades, impelindo seus criadores a procurar novas cidades para realizarem-se.
O objetivo do projeto é perceber e experimentar ações performáticas sugeridas por estes espaços supracitados, levando-se em consideração suas arquiteturas, suas histórias, seus transeuntes, sua importância política e social para Porto Alegre e para o Rio Grande do Sul. Orientando a concepção e realização do espetáculo, está o antropólogo e pesquisador Rafael Lopo, que escreveu sua dissertação de mestrado sobre memória da cidade.
“PORTO é o que o próprio nome propõe: a luta de jovens artistas gaúchos em defender sua cidade um pólo artístico-cultural do país”, defendem os diretores.
Referências Teóricas e estéticas
“Após ler o artigo de Bernardo de Souza, onde a diáspora é a solução para os artistas de Porto Alegre aprimorarem seu trabalho como única alternativa para as dificuldades encontradas diariamente por todos os artistas daqui, é que tivemos a ideia do espetáculo”, revela Colin. “Esta é uma realidade que se encontra em todas as áreas culturais da cidade: atores, escritores, cineastas, artistas visuais… Todos saem de Porto Alegre em direção a São Paulo, Rio de Janeiro e até ao exterior em busca de maiores oportunidades como criadores”.
Além da referência textual, o projeto utiliza uma fortíssima perspectiva visual, baseada essencialmente nas obras do artista de rua Banksy. Sua arte de rua satírica e subversiva combina humor negro e graffiti feito com uma distinta técnica de estêncil. Seus trabalhos de comentários sociais e políticos podem ser encontrados em ruas, muros e pontes de cidades por todo o mundo. Conhecido pelo seu desprezo pelo Estado que rotula graffiti como vandalismo, Banksy expõe sua arte em locais públicos como paredes e ruas, e chega a usar objetos para expô-las. Suas obras são carregadas de conteúdo social expondo claramente uma total aversão aos conceitos de autoridade e poder.
Sobre os espaços escolhidos
A montagem propõe lançar os olhos do público transeunte para uma zona de Porto Alegre que há algum tempo vem tentando se consolidar como foco cultural da cidade, mas que ainda luta para efetuar este objetivo: a Usina do Gasômetro e arredores:
1 – PRAÇA JÚLIO MESQUITA E AEROMÓVEL DESATIVADO
A Praça Júlio Mesquita localiza-se em frente à Usina do Gasômetro, do outro lado da Avenida Presidente João Goulart. Sobre a praça, jaz um aeromóvel, sobre trilhos que não levam à lugar algum. O aeromóvel gaúcho, projeto do engenheiro Oskar Coester, é basicamente um trem sobre trilhos suspensos (como o próprio nome sugere) e foi construído há 26 anos como teste para um grande projeto que ligaria zonas mais afastadas de Porto Alegre.
2 – USINA DO GASÔMETRO (ESTACIONAMENTO)
A Usina é um dos mais importantes pontos turísticos de Porto Alegre. Situada às margens do Lago Guaíba, ela possui um terraço muito visitado por aqueles que querem apreciar um belíssimo pôr-do-sol, conhecido como o cartão-postal da cidade. Há alguns anos, a Usina foi cedida como “moradia” para vários grupos e artistas realizarem seus trabalhos de pesquisa cênica. Além de trabalhos locais, já recebeu encenações famosas de todo o país, como Cacilda! e Os Bandidos, de José Celso Martinez Corrêa e Hysteria do Grupo XIX de Teatro. Um dos objetivos deste presente projeto é o de colaborar com este trabalho de reforço na divulgação da Usina do Gasômetro como espaço cultural vital ao país, utilizando seus arredores para construir o espetáculo.
3 – “OLHOS ATENTOS”, DE JOSÉ RESENDE
Obra de arte permanente doada pela 5ª Bienal do Mercosul à Porto Alegre, Olhos Atentos, de José Resende, é bem mais conhecida pelos transeuntes da orla do Lago Guaíba, graças à sua proximidade com a Usina do Gasômetro e ao seu formato nada convencional: Olhos Atentos é composta por duas vigas de aço, que se estendem acima do Guaíba, formando uma passarela que não leva a lugar nenhum. Convidado para desenvolver uma obra contemporânea com características de um equipamento urbano, o artista criou uma estrutura suspensa com a qual as pessoas podem interagir, caminhando sobre ela. De acordo com Resende – cuja característica marcante é a relevância dos materiais empregados e suas relações com o espaço, em lugar de apenas utilizá-los como suporte para formas convencionais –, a obra criada para a Bienal do Mercosul tem como objetivo fazer “Porto Alegre enxergar-se com novos olhos”.
4 – “CASCATA”, DE CARMELA GROSS
O objeto criado por Carmela Gross, Cascata, é uma das obras artísticas permanentes que a 5ª Bienal do Mercosul cedeu à Porto Alegre. Cascata consiste em 16 degraus de concreto com 23 metros de largura e tem como intenção ligar a calçada com a beira do Guaíba, permitindo a interação da população. Segundo a própria autora, sua ideia não era fazer uma escultura no sentido tradicional, distante, “mas sim um equipamento urbano a ser utilizado pelas pessoas, que podem andar e sentar sobre ele. O declive natural do local ajuda, e a intenção é juntar o plano da calçada com o da beira do Guaíba através de uma sucessão de outros planos, que são os degraus”.
O Teatro Sarcáustico
O TEATRO SARCÁUSTICO surgiu em janeiro de 2004, com GORDOS ou somewhere beyond the sea, que se apresentou em diversos projetos culturais de Porto Alegre, de Caxias do Sul, de Santos, e foi o único representante portoalegrense no 28.° Festival de Teatro de Lages-SC. Além disso, o espetáculo recebeu duas indicações ao Prêmio Açorianos de Teatro em 2005: Melhor Ator (Daniel Colin) e Melhor Atriz (Tatiana Mielczarski).
Em 2010 o grupo estreou o mega-espetáculo Wonderland e o que M. Jackson encontrou por lá, com direção de Daniel Colin, no mezanino da Usina do Gasômetro. Com financiamento do FUMPROARTE,Wonderland… recebeu os Troféus Açorianos de Teatro e Braskem em Cena de Melhor Espetáculo e Direção, além de outros 2 Prêmios (Açorianos de Melhor Figurino e Produção).
Em 2011 o grupo recebeu do Teatro de Arena o Prêmio de Pesquisa para a montagem da adaptação cênica dos contos homônimos de David Foster Wallace: Breves Entrevistas com Homens Hediondos, indicado a quatro Prêmios Açorianos de Teatro 2011, incluindo Melhor Direção e Dramaturgia. Atualmente o TEATRO SARCÁUSTICO é um dos grupos que integram o Projeto Usina das Artes (SMC-Porto Alegre).
Ficha Técnica
PORTO: A cidade como PALCO de uma anti-diáspora
Direção Geral: Daniel Colin, Ricardo Zigomatico e Rossendo Rodrigues
Elenco: Guadalupe Casal, Ricardo Zigomático, Rossendo Rodrigues e Daniel Colin
Figurinos: Daniel Lion
Trilha sonora: Teatro Sarcáustico
Programação Visual: Pedro Gutierres
Fotografias: Thais Fernandes
Antropólogo e orientador social: Rafael Martins Lopo
Assessora de imprensa: Bruna Paulin
Produção Executiva: Guadalupe casal
Produção Geral: Teatro Sarcáustico
Apresentações:
08 abril
11h Praça Júlio Mesquita
15h Obra de arte permanente “Cascata”, de Carmela Gross, orla do Guaiba
16h30 Obra de arte permanente “Olhos Atentos”, de José Resende, orla do Guaíba
18h Estacionamento da Usina do Gasômetro
09 abril
17h Praça Júlio Mesquita
10 abril
17h Estacionamento da Usina do Gasômetro
11 abril
17h Obra de arte permanente “Olhos Atentos”, de José Resende, orla do Guaíba
12 abril
17h Obra de arte permanente “Cascata”, de Carmela Gross, orla do Guaiba
15 abril
11h Praça Júlio Mesquita
15h Obra de arte permanente “Cascata”, de Carmela Gross, orla do Guaiba
16h30 Obra de arte permanente “Olhos Atentos”, de José Resende, orla do Guaíba
18h Estacionamento da Usina do Gasômetro