Tem dois ditados meio antagônicos que dizem 
assim: "O olho do dono é que engorda o boi", ou seja, a pessoa responsável tem 
que estar por perto para que a coisa ande de verdade. O outro diz assim: 
"Enxerga melhor quem longe está", isto é, não se envolvendo demais, tem-se uma 
visão maior e melhor do que está acontecendo. 
É este segundo ditado o "mote" para algo que já 
penso há tempos. 
Como ando meio distante de nossa querência, mas 
sem afastar-me espiritualmente deste Rio Grande velho, pude bombear mais 
fortemente algumas coisas que nós, gaúchos cultores dos costumes do sul, estamos 
fazendo errado. É o seguinte:
Estamos, atualmente, meio tipo chimangos e 
maragatos, quer dizer, peleando entre irmãos! Isto não é nada bom para nossa 
tradição (embora tenha quem se beneficie desta peleia familiar). 
De um lado, estão àqueles que criticam forte e 
costumeiramente o MTG por tudo que esta entidade faz de errado, esquecendo-se, 
muitas vezes, das coisas boas que o Movimento promove e coordena. 
Do outro lado está o próprio MTG que critica os 
"bombachas estreitas", os lenços coloridos, os tipos de encilhas, enfim, todos 
que não rezam por sua cartilha.
Bueno! Aí é que eu digo que estamos nadando de 
poncho contra a corrente, estamos dando tiro no pé, estamos malhando em ferro 
frio.
O gaúcho que ama nossa terra de verdade, que 
cultua nossos costumes, da forma que for, tem que mudar seu foco, unir suas 
forças e pelear por coisas de fundamento.
Enquanto ficamos neste embate MTG x Não 
Tradicionalistas, as autoridades estaduais que deveriam apoiar oficialmente a 
Tradição Gaúcha, saem de lombo liso e dando risadas. Sabemos de dezenas de 
projetos e leis água-com-açucar que foram aprovadas, mas que não levam a nada 
além de simbologias. Exemplo do que falo:
- A brinco-de-princesa é a Flor Símbolo do Rio 
Grande; O chimarrão é a Bebida Oficial do Gaúcho; O churrasco é isso, o cavalo 
crioulo é áquilo, e assim vai...
Eu quero uma Lei, com L maiúsculo, dizendo que 
a Tradição Gaúcha é a cultura oficial do Rio Grande do Sul e que se destine 
apoio verdadeiro a projetos respectivos pois, cá entre nós, o que fazem com o 
IGTF é uma piada. 
Mas como ficaria nosso querido governo com os 
carnavalescos e outras mini-culturas alheias ao Rio Grande, não é verdade?
Por isto que eu digo: enquanto ficamos neste 
lero-lero de rastra ou cinto com guaiaca, de bota preta ou amarela, de lenço 
curto ou comprido, os Conselhos de Cultura, municipais e estaduais, na sua 
grande maioria compostas de pessoas que detestam os "gauchinhos", da seara do 
teatro, do cinema, etc... vão negando apoio a qualquer projeto tradicionalista. 
Vamos nos respeitar, vamos conviver! Quem acha 
que o MTG está correto, que se filie a ele. Quem acha que não, que siga livre 
com o seu pensar, com o seu vestir, com o seu cantar, mas respeitando esta 
entidade (que não é pública). Enquanto isto, que o MTG também tenha consideração 
pelo modo gaúcho de viver daqueles que não trazem no bolso seu Cartão de 
Tradicionalista.
Vamos redirecionar os esforços de todos os gaúchos, de todas as classes, e tentar mostrar às autoridades constituídas que a Tradição Gaúcha é uma mina inexplorada e que pode ser um portal de entrada à industria sem chaminés chamada turismo.
Que se direcione apoio de verdade a cultura gaúcha e não fique limitado ao governador, com muito esforço, botar uma bombacha e abrir o desfile farroupilha em Porto Alegre. O Rio Grande e sua história merecem muito mais que isto.
Vamos redirecionar os esforços de todos os gaúchos, de todas as classes, e tentar mostrar às autoridades constituídas que a Tradição Gaúcha é uma mina inexplorada e que pode ser um portal de entrada à industria sem chaminés chamada turismo.
Que se direcione apoio de verdade a cultura gaúcha e não fique limitado ao governador, com muito esforço, botar uma bombacha e abrir o desfile farroupilha em Porto Alegre. O Rio Grande e sua história merecem muito mais que isto.
Disse, mas repito: - Temos que pelear unidos 
por nossas tradições! 
Gravura de Vasco Machado
Gravura de Vasco Machado
 

 
 
