CLL - De que maneira começou a tua relação 
com a poesia? Começou primordialmente por ela ou teve passagem por outros 
gêneros literários?
Gosto da distinção que a Maria Carpi faz entre 
ser poeta e ser escritor de poesia. Acho que sempre fui poeta, sempre tive um 
olhar meio lírico acerca das coisas e a poesia me fascina desde a infância. 
Pegava os livros didáticos de Português no início do ano letivo e ficava 
passando folha por folha, procurando por trechos de poemas e letras de música. 
Lembro de ter as redações escolares elogiadas 
pelos professores, de gostar de brincar com as palavras... Mas eu não escrevia, 
eu desenhava. Sempre achei que a minha praia era o desenho, que essa era a minha 
forma de expressão artística, e nunca pensei em escrever. Mas sempre li muita 
poesia, por iniciativa própria, por prazer. Até chegar num ponto em que as 
palavras começaram a brotar de mim. 
Não entendia ao certo o que estava acontecendo, 
mas sentia que tinha que ser assim, era uma coisa espontânea, não dava pra dizer 
não. Aí me tornei escritora de poesia, há quase dois anos atrás. 
CLL - Qual é a mesura entre um poema bom e 
um poema ruim? O que qualifica a poesia?
O Leminski diz que “um bom poema leva anos”... 
Um bom poeta, um bom escritor, uma boa obra, leva anos. O verdadeiro jurado é o 
tempo, é ele quem sempre acaba ditando o que é bom ou ruim, o que vai ficar e o 
que vai passar. 
A boa poesia, pra mim, é a que nos faz respirar 
melhor e nos tira o ar, ao mesmo tempo.
CLL - Poesia é visceral ou 
racional?
G.Z - É visceral e racional, ambos os aspectos 
coexistem. Meu processo criativo tende a ser mais intuitivo, de maneira geral. 
Mas há sempre que se trabalhar a palavra, lapidá-la, podar os excessos... Há 
muita elaboração por trás de um bom poema, ainda que, às vezes, esse processo se 
dê de forma inconsciente e pareça que o poema veio pronto.
CLL - Tu vê a internet como um bom meio para 
divulgar o escritor, ou o livro ainda é o melhor canal? Qual é a expectativa que 
tu tens com a publicação?
G.Z - Não sei se a internet é um bom meio de 
divulgar o escritor. Aliás, não sei nem se o livro é um bom meio de divulgar o 
escritor! A internet é um bom meio de comunicação com o leitor: propaga as 
informações em tempo real e permite a interação por parte de quem está lendo. 
Escrever ainda é um ato solitário, mas através da rede há essa possibilidade da 
troca, do feedback, de maneira direta e com uma velocidade impressionante... 
Coisas que até pouco tempo atrás eram inimagináveis para um escritor. Mas o 
livro, na minha opinião, continua sendo insubstituível. 
O livro, por ter uma corporeidade, materializa 
a Literatura, torna a palavra palpável. Passa de mão em mão e acaba contando 
histórias além da sua história. Como escrever uma dedicatória bonita num e-book? 
Como abrir mão do hábito de se emprestar um livro a quem a gente gosta, e deixar 
de correr o risco de que ele não volte?
Eu participei da antologia do Concurso 
Poemas no Ônibus e no Trem 2012 com um poema, mas ainda não tenho um 
livro individual. Minha expectativa com uma possível publicação? As melhores. 
Daquelas regadas a muito frio na barriga, como toda boa estreia deve ser.
CLL - Qual a importância do Prêmio Açorianos 
pra ti e como tu acredita que ele repercute dentro da classe artística da 
região? 
G.Z - Um prêmio é o reconhecimento de um 
trabalho bem feito. Além disso, o fato de se permitir se expor ao julgamento do 
outro é um ato de entrega e de valentia por si só, e um prêmio é também um 
reconhecimento desse ato. É uma honra ser finalista de um prêmio tão importante 
como o Açorianos e estar concorrendo com tanta gente boa.
 
 
 
