Paulo Seben de Avezedo | Foto: Leonardo Brasiliense |
Hoje foi a vez do escritor Paulo Seben de
Azevedo soltar o verso. O escritor é finalista do Prêmio Açorianos de
Literatura, na categoria Criação Literária em Poesia, com o livro Ritmo o
Ritmo. Dá uma conferida no que ele contou pra CLL na nossa sessão de
entrevistas!
CLL - De que maneira começou a tua relação
com a poesia? Começou primordialmente por ela ou teve passagem por outros
gêneros literários?
P.S. - Na minha família, tínhamos a tradição e
o hábito da leitura. Meu pai era um ótimo leitor, e minha mãe também sabia ser
muito expressiva. Comecei a ditar poemas creio que pelos cinco anos de idade.
Inclusive, quando eu me casei, minha mãe deu de presente à minha esposa o
original de um dos poemas que eu ditei, já pelos seis anos de idade. Aos dez
anos de idade, eu pretendia me tornar contista, influenciado pela leitura de
Caio Fernando Abreu, Ney Gastal e outros autores que lia na imprensa gaúcha,
além do Mistério Magazine de Ellery Queen, editado pela Globo de Porto Alegre
por iniciativa da Maria da Glória Bordini.
CLL - Qual é a mesura entre um poema bom e
um poema ruim? O que qualifica a poesia?
P.S. - Um bom poema é aquele que diz da melhor
maneira, isto é, da maneira mais bela e impactante, alguma coisa que, por ser
dita dessa maneira tão bela e impactante, se torna importante. Algumas vezes, o
poeta emprega de forma espontânea, inconsciente mesmo, os recursos de
versificação de que dispõe em seu repertório, por estudo e treino ou pela
inserção na tradição poética pela leitura.
Em outros casos, como geralmente me acontece, o poeta mobiliza intencionalmente o seu arsenal de técnicas e o seu acervo de leituras para buscar a melhor expressão para algo que quer dizer ou, o que é sempre mais proveitoso, PRECISA dizer. Esse trabalho com o ritmo, com o som, com o vocabulário e com a intertextualidade é que, natural ou artificioso, qualifica o poema.
Em outros casos, como geralmente me acontece, o poeta mobiliza intencionalmente o seu arsenal de técnicas e o seu acervo de leituras para buscar a melhor expressão para algo que quer dizer ou, o que é sempre mais proveitoso, PRECISA dizer. Esse trabalho com o ritmo, com o som, com o vocabulário e com a intertextualidade é que, natural ou artificioso, qualifica o poema.
CLL - Poesia é visceral ou racional?
P.S. - Na verdade, não faz diferença. Há poetas
de ambas as tendências. Eu sou mais racional durante a redação do poema, mas a
gestação é visceral...
CLL - Tu vê a internet como um bom meio para
divulgar o escritor, ou o livro ainda é o melhor canal? Qual é a expectativa que
tu tens com a publicação?
P.S. - Gosto de livro físico, de papel, prefiro
o volume que eu possa ler na rede, sem pilha ou cabo de força, mas tenho lido
cada vez mais em meios eletrônicos. Há bons poetas forjados na internet,
deixando claro que o importante é a linguagem, a língua, nossa pátria. Texto é
texto em qualquer suporte. Não esqueçamos que a língua é um fenômeno,
inicialmente, de fala.
Não compartilho a visão vanguardista de poesia
visual. Poesia pra mim é um fenômeno oral que se escreve e se lê TAMBÉM no papel
ou na tela do computador, ou na parede, ou na janela do ônibus. Quero ser
publicado e ser lido por muita gente.
CLL - Qual a importância do Prêmio Açorianos
pra ti e como tu acredita que ele repercute dentro da classe artística da
região?
P.S - O Prêmio Açorianos é um sonho meu. Ele
pode alavancar uma carreira, e faz um bem danado ao ego e ao bolso do poeta.