A ciência como ela é... é o ensaio de Gilberto R. Cunha, finalista do Prêmio Açorianos de Literatura 2012 na categoria Ensaio de Literatura e Humanidades. |
A ciência como ela é... (Ed. do Autor,
2011), ensaio de Gilberto R. Cunha, autor de Meteorologia: Fatos &
Mitos; Cientistas no divã e Galileu é meu pesadelo (2009), é
finalista do Prêmio Açorianos de Literatura 2012 na categoria Ensaio de
Literatura e Humanidades, ao lado de Afrontar Fronteiras, de Donaldo
Schüler, e Caso última hora, de Maikio Guimarães.
Com formação em agronomia, mestrado e doutorado em meteorologia agrícola, tendo sido Chefe–Geral da Embrapa Trigo (2006-2010) e sendo pesquisador da Embrapa desde 1989, além de bolsista de produtividade em desenvolvimento tecnológico e extensão inovadora do CNPq, Gilberto R. Cunha foi instigado pelas questões atinentes à realidade prática científica. As quais destoam do que difundem os manuais das disciplinas de metodologia científica nas universidades. Trata-se do contraste entre uma prática científica hermética e burocratizada por um lado, e, por outro, do terreno das emoções tipicamente humanas, que não deixa de permear também a área científica, e que o autor tenciona destacar em A ciência como ela é...
Com formação em agronomia, mestrado e doutorado em meteorologia agrícola, tendo sido Chefe–Geral da Embrapa Trigo (2006-2010) e sendo pesquisador da Embrapa desde 1989, além de bolsista de produtividade em desenvolvimento tecnológico e extensão inovadora do CNPq, Gilberto R. Cunha foi instigado pelas questões atinentes à realidade prática científica. As quais destoam do que difundem os manuais das disciplinas de metodologia científica nas universidades. Trata-se do contraste entre uma prática científica hermética e burocratizada por um lado, e, por outro, do terreno das emoções tipicamente humanas, que não deixa de permear também a área científica, e que o autor tenciona destacar em A ciência como ela é...
O normativismo, muito freqüentemente, se presta mais para isentar o indivíduo do sentimento de responsabilidade da decisão, que para qualquer outra coisa. Ou para, em defesa de interesses corporativos, a negação que as disciplinas são construções artificiais e arbitrárias, não delimitando fronteiras na busca de soluções para problemas do mundo real.
Jerusalém (Record, 2011), do jornalista,
escritor e fotórafo Airton Ortiz, é finalista do Prêmio Açorianos de
Literatura 2012 na categoria Crônica. Esse é o seu segundo título da série
Expedições Urbanas indicado ao prêmio na categoria. No ano de 2011, Ortiz
foi finalista com o livro Havana, também editado pela Record.
As crônicas de Airton Ortiz concorrem ao prêmio
ao lado de Borralheiro: minha viagem pela casa, de Fabrício
Carpinejar, e Nas coxias do poder, de Ricardo Giuliani Neto.
Com um estilo bem-humorado de narrar as histórias da Cidade Sagrada, o autor não
tem como intenção discutir sobre a cultura, a história ou sobre as três
religiões que disputam o território santo. Seu foco são as personalidades que o
habitam e, nele, suas ações.
As múltiplas caras da cidade de Jerusalém, como
diz o cronista, são percebidas em uma curta caminhada, e é nelas que ele busca a
tão falada (ou escrita) matéria narrativa:
As lojas fechadas na sexta-feira pertencem aos islâmicos, as lojas fechadas no sábado aos judeus e as lojas fechadas no domingo aos cristãos. Uma simples caminhada pelas ruelas do mercado e se descobre a religião dos comerciantes.
Os muçulmanos param cinco vezes ao dia para rezar, atendendo ao chamado das mesquitas. Nesses momentos apagam as luzes, deixando a loja no escuro. Dirigem-se ao fundo e fazem suas orações. Terminada a prece, acendem as luzes e continuam vendendo suas quinquilharias a quem se interessar.
Alá é grande, os lucros também.
(trecho da crônica "Mercado de
Jerusalém")
15:16 04/12/2012,
açorianos de literatura, cll entrevista, curiosidades
literárias, Coordenação do
Livro e Literatura
Altair Martins | Foto: Divulgação |
Nossa sessão de entrevistas não para! Quem nos
deu a palavra dessa vez foi o escritor Altair Martins, finalista do
Prêmio Açorianos de Literatura na categoria Conto, com o livro
Enquanto Água (Editora Record, 2011). Dá uma olhada no que falou pra
CLL.
CLL - Tu acha que os leitores e editoras veem o conto como um gênero subestimado?
Altair Martins - O conto é o gênero de leitura
mais difícil e, portanto, menos venal (depois da poesia, lógico). Não creio que
os editores vejam o conto como um gênero subestimado, mas sim como um produto
sem mercado, porque há poucos leitores. Faço a minha parte: como professor,
incentivo meus alunos à leitura do conto, esse gênero antipublicitário que nos
ensina a ver as dobras da realidade.
CLL - Tu vê a internet como um bom meio para
divulgar o escritor, ou o livro ainda é o melhor canal? Qual é a importância da
publicação?
A.M. - Acho que o Olavo saberá responder melhor
a essa, já que tem livro em dois meios. Pouco sei da internet. O que posso dizer
é que, nós, os escritores que nos levamos a sério, estamos numa bolha - nos
lemos uns aos outros, e o papel é ainda o meio mais usado para isso.
CLL - Quais os escritores que mais te
influenciaram (ontem e hoje), e quais os bons contistas que tu aponta hoje no
Brasil?
A.M. -Gosto dos contos de Quiroga, Borges,
Cortázar, Machado de Assis. No Brasil atual, destaco Carrascoza, Marcelino
Freire, Cíntia Moscovich, Sérgio Faraco e, agora, depois de ler o Correntezas e
Escombros, o Olavo Amaral. Que livro!
CLL - Qual a importância do Prêmio Açorianos
pra ti e como tu acredita que ele repercute dentro da classe artística da
região?
A.M. - Entre nós, é maravilhoso! Os colegas nos leem, a coordenação faz das tripas coração para nos divulgar (esse blogue é exemplo). Pelo Prêmio cheguei ao livro do Olavo e, pelo Prêmio, ainda vou ler o do Botelho (meu colega no mestrado) pra ver se aprendo aramaico. Este é o ganho: nossos livros aparecem. É uma honra ser lembrado pelo Açorianos, o prêmio que fez a minha vida literária começar e que continua contribuindo imensamente para que eu escreva.
Afrontar Fronteiras (Movimento, 2012),
ensaio do escritor, tradutor e professor Donaldo Schüler, é finalista do
Prêmio Açorianos de Literatura 2012 na categoria Ensaio de Literatura e
Humanidades, junto de A ciência como ela é..., de Gilberto R.
Cunha, e Caso Última Hora, de Maikio Guimarães.
Donaldo Schüler, autor de vasta obra, com os ensaios Teoria do romance; Narciso Errante; Eros: dialética e retórica; Na conquista do Brasil; Heráclito e seu (dis)curso; Origens do discurso democrático; Refabular Esopo, além de romances e traduções, mescla distintas áreas do saber: letras, economia, arquitetura e urbanismo, ecologia, política, neurociência e filosofia. O escritor é curador do programa Fronteiras do Pensamento e acumula diversos prêmios literários, a saber: pela tradução de Finnegans Wake, de James Joyce (APCA de 2003 e Prêmio Jabuti 2004), o Fato Literário (2003); o Prêmio Açorianos de Literatura (categorias tradução, em 2004, e literatura infanto-juvenil, em 2005); Prêmio de Literatura Joaquim Felizardo (Prefeitura de Porto Alegre, 2008).
O seminário Afrontar Fronteiras realizado em 2011, no StudioClio, composto por encontros mensais com pensadores nacionais e internacionais, deu origem à obra homônima, a qual retoma os assuntos abordados e constitui-se, portanto, a partir de amplo debate. Afrontar Fronteiras amplia as discussões acerca do cérebro, da mente, da máquina, da cultura erudita e popular, da violência, do trabalho, da mulher, da globalização, atentando para contextualizá-las tanto local, como nacional e mundialmente. É marcado pelo estilo reflexivo e ao mesmo tempo pontual, com sentenças breves e densas, como segue:
Donaldo Schüler, autor de vasta obra, com os ensaios Teoria do romance; Narciso Errante; Eros: dialética e retórica; Na conquista do Brasil; Heráclito e seu (dis)curso; Origens do discurso democrático; Refabular Esopo, além de romances e traduções, mescla distintas áreas do saber: letras, economia, arquitetura e urbanismo, ecologia, política, neurociência e filosofia. O escritor é curador do programa Fronteiras do Pensamento e acumula diversos prêmios literários, a saber: pela tradução de Finnegans Wake, de James Joyce (APCA de 2003 e Prêmio Jabuti 2004), o Fato Literário (2003); o Prêmio Açorianos de Literatura (categorias tradução, em 2004, e literatura infanto-juvenil, em 2005); Prêmio de Literatura Joaquim Felizardo (Prefeitura de Porto Alegre, 2008).
O seminário Afrontar Fronteiras realizado em 2011, no StudioClio, composto por encontros mensais com pensadores nacionais e internacionais, deu origem à obra homônima, a qual retoma os assuntos abordados e constitui-se, portanto, a partir de amplo debate. Afrontar Fronteiras amplia as discussões acerca do cérebro, da mente, da máquina, da cultura erudita e popular, da violência, do trabalho, da mulher, da globalização, atentando para contextualizá-las tanto local, como nacional e mundialmente. É marcado pelo estilo reflexivo e ao mesmo tempo pontual, com sentenças breves e densas, como segue:
A violência vem de quem não argumenta, Hermógenes. A violência é cega, não pensa. Para o violento o signo não se desprende do referente, a realidade comporta um discurso apenas, escolha não há. Para que julgamento? Não havendo espaço para discursos divergentes, o violento permanece subjugado à tradição.
O escritor gaúcho Hermes Bernardi Jr. também figura entre os finalistas do Prêmio Açorianos de Literatura 2012 na categoria Infantil, com o livro Medo dó de medo monstro. |
"Acontece assim: o gatinho gostava passear-se
nessa linha onde o dia faz fronteira com a noite. Faz de conta o pôr do sol
fosse um muro. Faz mais de conta ainda os pés felpudos pisassem o poente".
Hermes então criou o mundo dos monstros
manchas, o monstros não possuem uma caracterização definida, justamente para
forçar a imaginação dos leitores. Ao criar os personagens e deixar a
caracterização e as descobertas justamente para os leitores, Hermes fez da
história um pano de fundo para tratar a questão do medo. Aborda temas delicados
com perguntas, como por exemplo, o questionamento sobre quais são os medos (da
criança) existentes, quantos medos, será que o medo tem medo também? Ao
interligar estas questões, não trata exclusivamente sobre o medo, mas as
relações de amizade, e as noções de respeito e cidadania. Desse modo, o autor
busca criar um diálogo com a criança e da criança consigo própria.
Hermes Bernardi Jr é gaúcho natural de São José do Ouro. É escritor, contador de histórias e coordenador regional da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil. Atualmente reside em Porto Alegre.
Confira abaixo um trecho do livro:
Hermes Bernardi Jr é gaúcho natural de São José do Ouro. É escritor, contador de histórias e coordenador regional da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil. Atualmente reside em Porto Alegre.
Confira abaixo um trecho do livro:
Por que o sol quente destranca esse medo frio? Porque dia de sol é dia da invasão dos monstros manchas.
Ou é o feriado monstruoso e manchado.
Em dias assim eu apresso o passo para chegar em casa logorápidodemais.
Porque se é dia de passeio deles eu é que não vou ficar na rua. Não sou monstro!