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5 de dezembro de 2012

Prêmio Açorianos:


 
A ciência como ela é... é o ensaio de Gilberto R. Cunha, finalista do Prêmio Açorianos de Literatura 2012 na categoria Ensaio de Literatura e Humanidades.
A ciência como ela é... (Ed. do Autor, 2011), ensaio de Gilberto R. Cunha, autor de Meteorologia: Fatos & Mitos; Cientistas no divã e Galileu é meu pesadelo (2009), é finalista do Prêmio Açorianos de Literatura 2012 na categoria Ensaio de Literatura e Humanidades, ao lado de Afrontar Fronteiras, de Donaldo Schüler, e Caso última hora, de Maikio Guimarães.

Com formação em agronomia, mestrado e doutorado em meteorologia agrícola, tendo sido Chefe–Geral da Embrapa Trigo (2006-2010) e sendo pesquisador da Embrapa desde 1989, além de bolsista de produtividade em desenvolvimento tecnológico e extensão inovadora do CNPq, Gilberto R. Cunha foi instigado pelas questões atinentes à realidade prática científica. As quais destoam do que difundem os manuais das disciplinas de metodologia científica nas universidades. Trata-se do contraste entre uma prática científica hermética e burocratizada por um lado, e, por outro, do terreno das emoções tipicamente humanas, que não deixa de permear também a área científica, e que o autor tenciona destacar em A ciência como ela é...
O normativismo, muito freqüentemente, se presta mais para isentar o indivíduo do sentimento de responsabilidade da decisão, que para qualquer outra coisa. Ou para, em defesa de interesses corporativos, a negação que as disciplinas são construções artificiais e arbitrárias, não delimitando fronteiras na busca de soluções para problemas do mundo real.
15:32 04/12/2012, noreply@blogger.com (Coordenação do Livro e Literatura), açorianos de literatura, Coordenação do Livro e Literatura

Jerusalém (Record, 2011), do jornalista, escritor e fotórafo Airton Ortiz, é finalista do Prêmio Açorianos de Literatura 2012 na categoria Crônica. Esse é o seu segundo título da série Expedições Urbanas indicado ao prêmio na categoria. No ano de 2011, Ortiz foi finalista com o livro Havana, também editado pela Record.

As crônicas de Airton Ortiz concorrem ao prêmio ao lado de Borralheiro: minha viagem pela casa, de Fabrício Carpinejar, e Nas coxias do poder, de Ricardo Giuliani Neto. Com um estilo bem-humorado de narrar as histórias da Cidade Sagrada, o autor não tem como intenção discutir sobre a cultura, a história ou sobre as três religiões que disputam o território santo. Seu foco são as personalidades que o habitam e, nele, suas ações.

As múltiplas caras da cidade de Jerusalém, como diz o cronista, são percebidas em uma curta caminhada, e é nelas que ele busca a tão falada (ou escrita) matéria narrativa:

As lojas fechadas na sexta-feira pertencem aos islâmicos, as lojas fechadas no sábado aos judeus e as lojas fechadas no domingo aos cristãos. Uma simples caminhada pelas ruelas do mercado e se descobre a religião dos comerciantes.

Os muçulmanos param cinco vezes ao dia para rezar, atendendo ao chamado das mesquitas. Nesses momentos apagam as luzes, deixando a loja no escuro. Dirigem-se ao fundo e fazem suas orações. Terminada a prece, acendem as luzes e continuam vendendo suas quinquilharias a quem se interessar.

Alá é grande, os lucros também.
(trecho da crônica "Mercado de Jerusalém")
15:16 04/12/2012, noreply@blogger.com (Coordenação do Livro e Literatura), açorianos de literatura, cll entrevista, curiosidades literárias, Coordenação do Livro e Literatura
Altair Martins | Foto: Divulgação
Nossa sessão de entrevistas não para! Quem nos deu a palavra dessa vez foi o escritor Altair Martins, finalista do Prêmio Açorianos de Literatura na categoria Conto, com o livro Enquanto Água (Editora Record, 2011). Dá uma olhada no que falou pra CLL.

CLL - Tu acha que os leitores e editoras veem o conto como um gênero subestimado?

Altair Martins - O conto é o gênero de leitura mais difícil e, portanto, menos venal (depois da poesia, lógico). Não creio que os editores vejam o conto como um gênero subestimado, mas sim como um produto sem mercado, porque há poucos leitores. Faço a minha parte: como professor, incentivo meus alunos à leitura do conto, esse gênero antipublicitário que nos ensina a ver as dobras da realidade.

CLL - Tu vê a internet como um bom meio para divulgar o escritor, ou o livro ainda é o melhor canal? Qual é a importância da publicação?

A.M. - Acho que o Olavo saberá responder melhor a essa, já que tem livro em dois meios. Pouco sei da internet. O que posso dizer é que, nós, os escritores que nos levamos a sério, estamos numa bolha - nos lemos uns aos outros, e o papel é ainda o meio mais usado para isso.

CLL - Quais os escritores que mais te influenciaram (ontem e hoje), e quais os bons contistas que tu aponta hoje no Brasil?

A.M. -Gosto dos contos de Quiroga, Borges, Cortázar, Machado de Assis. No Brasil atual, destaco Carrascoza, Marcelino Freire, Cíntia Moscovich, Sérgio Faraco e, agora, depois de ler o Correntezas e Escombros, o Olavo Amaral. Que livro!

CLL - Qual a importância do Prêmio Açorianos pra ti e como tu acredita que ele repercute dentro da classe artística da região?

A.M. - Entre nós, é maravilhoso! Os colegas nos leem, a coordenação faz das tripas coração para nos divulgar (esse blogue é exemplo). Pelo Prêmio cheguei ao livro do Olavo e, pelo Prêmio, ainda vou ler o do Botelho (meu colega no mestrado) pra ver se aprendo aramaico. Este é o ganho: nossos livros aparecem. É uma honra ser lembrado pelo Açorianos, o prêmio que fez a minha vida literária começar e que continua contribuindo imensamente para que eu escreva.
14:34 04/12/2012, noreply@blogger.com (Coordenação do Livro e Literatura), açorianos de literatura, Coordenação do Livro e Literatura


Afrontar Fronteiras (Movimento, 2012), ensaio do escritor, tradutor e professor Donaldo Schüler, é finalista do Prêmio Açorianos de Literatura 2012 na categoria Ensaio de Literatura e Humanidades, junto de A ciência como ela é..., de Gilberto R. Cunha, e Caso Última Hora, de Maikio Guimarães.

Donaldo Schüler, autor de vasta obra, com os ensaios Teoria do romance; Narciso Errante; Eros: dialética e retórica; Na conquista do Brasil; Heráclito e seu (dis)curso; Origens do discurso democrático; Refabular Esopo, além de romances e traduções, mescla distintas áreas do saber: letras, economia, arquitetura e urbanismo, ecologia, política, neurociência e filosofia. O escritor é curador do programa Fronteiras do Pensamento e acumula diversos prêmios literários, a saber: pela tradução de Finnegans Wake, de James Joyce (APCA de 2003 e Prêmio Jabuti 2004), o Fato Literário (2003); o Prêmio Açorianos de Literatura (categorias tradução, em 2004, e literatura infanto-juvenil, em 2005); Prêmio de Literatura Joaquim Felizardo (Prefeitura de Porto Alegre, 2008).

O seminário Afrontar Fronteiras realizado em 2011, no StudioClio, composto por encontros mensais com pensadores nacionais e internacionais, deu origem à obra homônima, a qual retoma os assuntos abordados e constitui-se, portanto, a partir de amplo debate. Afrontar Fronteiras amplia as discussões acerca do cérebro, da mente, da máquina, da cultura erudita e popular, da violência, do trabalho, da mulher, da globalização, atentando para contextualizá-las tanto local, como nacional e mundialmente. É marcado pelo estilo reflexivo e ao mesmo tempo pontual, com sentenças breves e densas, como segue:
A violência vem de quem não argumenta, Hermógenes. A violência é cega, não pensa. Para o violento o signo não se desprende do referente, a realidade comporta um discurso apenas, escolha não há. Para que julgamento? Não havendo espaço para discursos divergentes, o violento permanece subjugado à tradição.
O escritor gaúcho Hermes Bernardi Jr. também figura entre os finalistas do Prêmio Açorianos de Literatura 2012 na categoria Infantil, com o livro Medo dó de medo monstro.
O escritor gaúcho Hermes Bernardi Jr. também figura entre os finalistas do Prêmio Açorianos de Literatura 2012 na categoria Infantil, com o livro Medo dó de medo monstro (ZIT Editora, 2012). O livro, como é reconhecível pelo título, trata do medo e de todas as suas implicações no desenvolvimento infantil. A história nasceu, Hermes faz questão de explicitar, depois de ler um trecho de um livro chamado O gato e o escuro, do moçambicano Mia Couto, autor preferido de Hermes. O trecho referido abaixo:

"Acontece assim: o gatinho gostava passear-se nessa linha onde o dia faz fronteira com a noite. Faz de conta o pôr do sol fosse um muro. Faz mais de conta ainda os pés felpudos pisassem o poente".

Hermes então criou o mundo dos monstros manchas, o monstros não possuem uma caracterização definida, justamente para forçar a imaginação dos leitores. Ao criar os personagens e deixar a caracterização e as descobertas justamente para os leitores, Hermes fez da história um pano de fundo para tratar a questão do medo. Aborda temas delicados com perguntas, como por exemplo, o questionamento sobre quais são os medos (da criança) existentes, quantos medos, será que o medo tem medo também? Ao interligar estas questões, não trata exclusivamente sobre o medo, mas as relações de amizade, e as noções de respeito e cidadania. Desse modo, o autor busca criar um diálogo com a criança e da criança consigo própria.

Hermes Bernardi Jr é gaúcho natural de São José do Ouro. É escritor, contador de histórias e coordenador regional da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil. Atualmente reside em Porto Alegre.

Confira abaixo um trecho do livro:

Por que o sol quente destranca esse medo frio? Porque dia de sol é dia da invasão dos monstros manchas.
Ou é o feriado monstruoso e manchado.
Em dias assim eu apresso o passo para chegar em casa logorápidodemais.
Porque se é dia de passeio deles eu é que não vou ficar na rua. Não sou monstro!