O imperdível menino que perdia tudo não
ousou perder espaço aqui no blog da CLL. O livro, escrito por Marcelo
Pires e ilustrado por Nik Neves, é finalista no Prêmio Açorianos
de Literatura 2012 na categoria Infantil. Longe de ficar só no trocadilho,
O imperdível menino que perdia tudo (Record, 2011) trabalha com os
diferentes níveis do verbo perder sem cair na chatice - sem cair na mera
repetição. O narrador, disfarçadamente ingênuo, conversa com as distintas formas
do perdido e, com o menino que perdia tudo, passa da perda de apetite, pela
perda de atenção, até a perda de peso. É perda pra mais de metro.
Mas aqui o significado de perder, como seu
alcance, não toma apenas o aspecto negativo para si. Perder, nesse caso, pode
ser - e muitas vezes é - algo bom. E o menino, protagonista e dono da mania de
perder tudo, leva isso ao pé da letra. E, falando em letra, aí vai uma
d'O menino:
A verdade é que perder nem sempre é chato. O pai do menino andava bem gordinho, começou a fazer regime. O menino fazia a maior festa a cada quilo que o pai perdia. E era assim, mais ou menos, a imperdível vida do menino que perdia tudo. Alguém perdeu a paciência? O menino dizia: "Perdeu, perdeu - perder a Laica foi muito mais triste." Alguém perdeu a aposta? O menino dizia: "Grande coisa, perder a vó é muito pior."