Rosalina Coelho Lisboa |
Rosalina Coelho Lisboa Larragoiti, foi
uma poetisa, jornalista e ativista política, natural do Rio de Janeiro, onde
desde 1914, escreveu para revistas e jornais consagrados. Militou pela causa das
mulheres e pela Paz mundial. Conquistou o primeiro prêmio no concurso literário
da Academia Brasileira de Letras, com o livro Rito pagão.
Em 1951, foi delegada do Brasil à VI Assembléia Geral da organização das Nações Unidas(ONU), em Paris. Nessa ocasião, propôs o projeto de abolição dos castigos corporais aplicados aos negros na África do Sul, o que levou a Corte Interamericana de justiça a considerar racistas as leis sul-africanas.
Rosalina participou do Congresso Feminino Internacional, em 1930, em Porto Alegre, na qualidade de representante do estado da Paraíba. Exerceu, também, várias missões diplomáticas no Uruguai, Estados Unidos, Peru, Chile, Espanha e na ONU. Foi membro do Instituto de Cultura Hispânica e recebeu diversas condecorações.
Em 1951, foi delegada do Brasil à VI Assembléia Geral da organização das Nações Unidas(ONU), em Paris. Nessa ocasião, propôs o projeto de abolição dos castigos corporais aplicados aos negros na África do Sul, o que levou a Corte Interamericana de justiça a considerar racistas as leis sul-africanas.
Rosalina participou do Congresso Feminino Internacional, em 1930, em Porto Alegre, na qualidade de representante do estado da Paraíba. Exerceu, também, várias missões diplomáticas no Uruguai, Estados Unidos, Peru, Chile, Espanha e na ONU. Foi membro do Instituto de Cultura Hispânica e recebeu diversas condecorações.
Confere os versos da poeta:
S. Luís
Na caravela real, que o mar verde balança,
Entre adeuses febris da multidão em terra,
E êneos choques casuais de petrechos de guerra,
Embarca a fina flor da nobreza de França.
O velame se enfuna a um vento de bonança,
E essa legião de heróis, que o destino desterra,
Na ambição de lutar e de vencer, encerra
Em páreas e troféus a guerreira esperança.
Na fé, que lhe enche o olhar e lhe ilumina o aspeito,
Um homem sobressai de soberano porte;
Traz da cruz, na loriga, o símbolo perfeito:
— É el-rei S. Luís, que vai, abroquelado e forte,
O orgulho à fronte, o gládio à mão, o escudo ao peito,
Cavaleiro de Deus, à conquista da morte!
S. Luís
Na caravela real, que o mar verde balança,
Entre adeuses febris da multidão em terra,
E êneos choques casuais de petrechos de guerra,
Embarca a fina flor da nobreza de França.
O velame se enfuna a um vento de bonança,
E essa legião de heróis, que o destino desterra,
Na ambição de lutar e de vencer, encerra
Em páreas e troféus a guerreira esperança.
Na fé, que lhe enche o olhar e lhe ilumina o aspeito,
Um homem sobressai de soberano porte;
Traz da cruz, na loriga, o símbolo perfeito:
— É el-rei S. Luís, que vai, abroquelado e forte,
O orgulho à fronte, o gládio à mão, o escudo ao peito,
Cavaleiro de Deus, à conquista da morte!
Adalgisa Nery |
Adalgisa Nery nasceu no dia 29 de
setembro de 1905, no Rio de Janeiro. Perdeu a mãe aos 8 anos, estudou num
colégio de freiras, de onde foi expulsa por defender as “órfãs”, que eram
maltratadas na época por serem consideradas subalternas. Fez apenas o curso
primário.
Casou-se aos 16 anos com seu vizinho, o pintor Ismael Nery — um dos precursores do Modernismo no Brasil. O casamento durou até a morte do pintor, em 1934. Viúva aos 29 anos, foi trabalhar na Caixa Econômica. Em seguida, conseguiu um cargo no Conselho do Comércio Exterior do Itamaraty. Em 1940 casou-se com o jornalista e advogado Lourival Fontes. Seguiu o marido em funções diplomáticas, em Nova York de 1943 a 1945 e como embaixador no México, em 1945.
Seu casamento com Lourival durou 13 anos. A partir daí, tornou-se jornalista, escrevendo para o jornal Última Hora. Foi eleita deputada três vezes, tendo os direitos políticos cassados em 1969. Desamparada e pobre, morou nos anos 1974 e 1975 em uma casa do comunicador Flávio Cavalcanti, em Petrópolis, onde viveu reclusa. Em maio de1976, sem ter doença alguma, resolveu internar-se numa casa de repouso para idosos, em Jacarepaguá. Em 1977, sofreu um acidente vascular cerebral e ficou afásica e hemiplégica. Faleceu em 07 de junho de 1980, solitária.
Casou-se aos 16 anos com seu vizinho, o pintor Ismael Nery — um dos precursores do Modernismo no Brasil. O casamento durou até a morte do pintor, em 1934. Viúva aos 29 anos, foi trabalhar na Caixa Econômica. Em seguida, conseguiu um cargo no Conselho do Comércio Exterior do Itamaraty. Em 1940 casou-se com o jornalista e advogado Lourival Fontes. Seguiu o marido em funções diplomáticas, em Nova York de 1943 a 1945 e como embaixador no México, em 1945.
Seu casamento com Lourival durou 13 anos. A partir daí, tornou-se jornalista, escrevendo para o jornal Última Hora. Foi eleita deputada três vezes, tendo os direitos políticos cassados em 1969. Desamparada e pobre, morou nos anos 1974 e 1975 em uma casa do comunicador Flávio Cavalcanti, em Petrópolis, onde viveu reclusa. Em maio de1976, sem ter doença alguma, resolveu internar-se numa casa de repouso para idosos, em Jacarepaguá. Em 1977, sofreu um acidente vascular cerebral e ficou afásica e hemiplégica. Faleceu em 07 de junho de 1980, solitária.
Confere os versos da poeta:
O Homem Público N. 1
Tarde aprendi
bom mesmo
é dar a alma como lavada.
Não há razão
para conservar
este fiapo de noite velha.
Que significa isso?
Há uma fita
que vai sendo cortada
deixando uma sombra
no papel.
Discursos detonam.
Não sou eu que estou ali
de roupa escura
sorrindo ou fingindo
ouvir.
No entanto
também escrevi coisas assim,
para pessoas que nem sei mais
quem são,
de uma doçura
venenosa
de tão funda.
A razão de eu me
gostar
Eu gosto da minha forma no mundo
Porque representa uma fagulha,
Porque mostra um instante doce e perverso
Da ideia, do gesto e da realização
De Deus no Universo.
Eu gosto dos erros que pratico
Porque vejo a pureza colocada na minha essência
Desde o Início
Lutar contra todo o mal que em mim existe
E ser tão maior, que sobre a minha miséria
Ela ainda persiste
Eu gosto de espiar
O meu olho direito
Ver o esquerdo chorar,
De sentir a minha garganta se enrolar de dor
Porque em troca de tanta coisa dolorosa
Ele construiu em mim uma coisa gloriosa,
Que é o amor.
Eu gosto da minha forma no mundo
Porque representa uma fagulha,
Porque mostra um instante doce e perverso
Da ideia, do gesto e da realização
De Deus no Universo.
Eu gosto dos erros que pratico
Porque vejo a pureza colocada na minha essência
Desde o Início
Lutar contra todo o mal que em mim existe
E ser tão maior, que sobre a minha miséria
Ela ainda persiste
Eu gosto de espiar
O meu olho direito
Ver o esquerdo chorar,
De sentir a minha garganta se enrolar de dor
Porque em troca de tanta coisa dolorosa
Ele construiu em mim uma coisa gloriosa,
Que é o amor.
Ana Cristina César |
Ana Cristina Cruz Cesar nasceu no Rio de
Janeiro, no dia 2 de junho de 1952. Foi uma poetisa e tradutora brasileira. É
considerada um dos principais nomes da poesia marginal da década de 1970. Antes
mesmo de ser alfabetizada, aos seis anos de idade, ela ditava poemas para sua
mãe.
Em 1969, a escritora viajou à Inglaterra em intercâmbio e passou um período em Londres, onde travou contato com a literatura em língua inglesa. Ao voltar para o Brasil, com livros de Emily Dickinson, Sylvia Plath e Katherine Mansfield nas malas, dedicou-se a escrever e a traduzir, entrando para a Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), aos dezenove anos.
Cesar começou a publicar poemas e textos de prosa poética na década de 1970 em coletâneas, revistas e jornais alternativos. Seus primeiros livros, Cenas de Abril e Correspondência Completa, foram lançados em edições independentes. Em suas obras, Ana Cristina Cesar mantém uma fina linha entre o ficcional e o autobiográfico.
Cometeu suicídio aos trinta e um anos, atirando-se pela janela do apartamento dos pais, no oitavo andar de um edifício da rua Tonelero, em Copacabana.
Em 1969, a escritora viajou à Inglaterra em intercâmbio e passou um período em Londres, onde travou contato com a literatura em língua inglesa. Ao voltar para o Brasil, com livros de Emily Dickinson, Sylvia Plath e Katherine Mansfield nas malas, dedicou-se a escrever e a traduzir, entrando para a Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), aos dezenove anos.
Cesar começou a publicar poemas e textos de prosa poética na década de 1970 em coletâneas, revistas e jornais alternativos. Seus primeiros livros, Cenas de Abril e Correspondência Completa, foram lançados em edições independentes. Em suas obras, Ana Cristina Cesar mantém uma fina linha entre o ficcional e o autobiográfico.
Cometeu suicídio aos trinta e um anos, atirando-se pela janela do apartamento dos pais, no oitavo andar de um edifício da rua Tonelero, em Copacabana.
Confere os versos da poeta:
Esqueceria outros
pelo menos três ou quatro rostos que amei
Num delírio de arquivística
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço e amo em ti os outros rostos
Esqueceria outros
pelo menos três ou quatro rostos que amei
Num delírio de arquivística
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço e amo em ti os outros rostos
O Homem Público N. 1
Tarde aprendi
bom mesmo
é dar a alma como lavada.
Não há razão
para conservar
este fiapo de noite velha.
Que significa isso?
Há uma fita
que vai sendo cortada
deixando uma sombra
no papel.
Discursos detonam.
Não sou eu que estou ali
de roupa escura
sorrindo ou fingindo
ouvir.
No entanto
também escrevi coisas assim,
para pessoas que nem sei mais
quem são,
de uma doçura
venenosa
de tão funda.