Uma ponta de flecha e pedaços de cerâmica utilizados por povos indígenas no 
período anterior à colonização europeia na América foram encontrados nas 
escavações realizadas pela Smov nas obras do trecho 4 da duplicação da avenida 
Edvaldo Pereira Paiva. A grande surpresa para a equipe de arqueologia que 
acompanha os engenheiros responsáveis pelas obras é que se trata de material de 
um grupo indígena anterior aos guaranis, que povoaram largamente Porto Alegre. 
Segundo o arqueólogo Alberto Tavares trata-se, provavelmente, dos mesmos que 
viveram na região serrana do Rio Grande do Sul e deram origem ao que se denomina 
hoje povo kaingang. (fotos)
 
A descoberta desse material só foi possível porque estava embaixo de casas 
construídas no século XIX que preservaram o sítio. A primeira descoberta foi a 
série de pedras e tijolos das casas que existiam no século retrasado na 
continuação da rua Vasco Alves, onde hoje se localiza a Praça Brigadeiro 
Sampaio, junto à avenida João Goulart, que integra o conjunto de obras de 
duplicação da avenida Edvaldo Pereira Paiva. A Vasco Alves ia até o final da 
praça que antigamente era chamada de Harmonia, a primeira praça de Porto 
Alegre.
 
“Esperávamos encontrar os vestígios das casas aqui, talvez até algum 
material Guarani. Mas esta descoberta foi incrível, pois não se tinha 
conhecimento deste grupo indígena em Porto Alegre. Eles habitaram a região da 
Serra até a área onde hoje fica a cidade de Taquara. É improvável que eles 
tenham habitado Porto Alegre na mesma época que os Guaranis, um povo guerreiro e 
dominador”, explicou o arqueólogo Alberto Tavares. De qualquer forma, o 
pesquisador não quer apressar conclusões e informa que o material será 
minunciosamente analisado por peritos para precisar datas e épocas de sua 
confecção.
 
Memória - O Secretário Municipal de Obras e Viação, Mauro 
Zacher, esteve no local e ouviu os especialistas. O titular da Smov informou que 
cabe ao poder público dar garantias para que a pesquisa seja feita e a memória 
da cidade seja preservada. “Além de ser uma imposição da lei e dos órgãos que 
cuidam da memória cultural e histórica, é um compromisso da administração 
resgatar este material e devolver para a cidade”, assegurou Zacher. Após as 
análises de laboratório, o material será entregue para o acervo do Museu 
Municipal Joaquim José Felizardo.
 
Casa de Correção - No trecho, já havia sido encontrado 
parte do muro da antiga cadeia da Capital (foto), a Casa de Correção, localizada 
na Praça Júlio Mesquita, junto à rua General Salustiano entre a Duque de Caxias 
e a Riachuelo. O prédio, construído no século XIX, foi demolido no início da 
década de 1960.
/historia /obras
Texto de: Fabiano 
Cardoso
Edição de: Manuel Petrik
Autorizada a reprodução dos textos, desde que a fonte seja citada.
Edição de: Manuel Petrik
Autorizada a reprodução dos textos, desde que a fonte seja citada.
 
 
 
