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5 de fevereiro de 2014

Escavações encontram material arqueológico inédito na Capital


Foto: Ivo Gonçalves/PMPA
Material foi descoberto durante as obras de duplicação da Edvaldo Pereira Paiva
Material foi descoberto durante as obras de duplicação da Edvaldo Pereira Paiva
Foto: Ivo Gonçalves/PMPA
Objetos foram produzidos por grupo indígena que deu origem aos kaingang
Objetos foram produzidos por grupo indígena que deu origem aos kaingang
Uma ponta de flecha e pedaços de cerâmica utilizados por povos indígenas no período anterior à colonização europeia na América foram encontrados nas escavações realizadas pela Smov nas obras do trecho 4 da duplicação da avenida Edvaldo Pereira Paiva. A grande surpresa para a equipe de arqueologia que acompanha os engenheiros responsáveis pelas obras é que se trata de material de um grupo indígena anterior aos guaranis, que povoaram largamente Porto Alegre. Segundo o arqueólogo Alberto Tavares trata-se, provavelmente, dos mesmos que viveram na região serrana do Rio Grande do Sul e deram origem ao que se denomina hoje povo kaingang. (fotos)
 
A descoberta desse material só foi possível porque estava embaixo de casas construídas no século XIX que preservaram o sítio. A primeira descoberta foi a série de pedras e tijolos das casas que existiam no século retrasado na continuação da rua Vasco Alves, onde hoje se localiza a Praça Brigadeiro Sampaio, junto à avenida João Goulart, que integra o conjunto de obras de duplicação da avenida Edvaldo Pereira Paiva. A Vasco Alves ia até o final da praça que antigamente era chamada de Harmonia, a primeira praça de Porto Alegre.
 
“Esperávamos encontrar os vestígios das casas aqui, talvez até algum material Guarani. Mas esta descoberta foi incrível, pois não se tinha conhecimento deste grupo indígena em Porto Alegre. Eles habitaram a região da Serra até a área onde hoje fica a cidade de Taquara. É improvável que eles tenham habitado Porto Alegre na mesma época que os Guaranis, um povo guerreiro e dominador”, explicou o arqueólogo Alberto Tavares. De qualquer forma, o pesquisador não quer apressar conclusões e informa que o material será minunciosamente analisado por peritos para precisar datas e épocas de sua confecção.
 
Memória - O Secretário Municipal de Obras e Viação, Mauro Zacher, esteve no local e ouviu os especialistas. O titular da Smov informou que cabe ao poder público dar garantias para que a pesquisa seja feita e a memória da cidade seja preservada. “Além de ser uma imposição da lei e dos órgãos que cuidam da memória cultural e histórica, é um compromisso da administração resgatar este material e devolver para a cidade”, assegurou Zacher. Após as análises de laboratório, o material será entregue para o acervo do Museu Municipal Joaquim José Felizardo.
 
Casa de Correção - No trecho, já havia sido encontrado parte do muro da antiga cadeia da Capital (foto), a Casa de Correção, localizada na Praça Júlio Mesquita, junto à rua General Salustiano entre a Duque de Caxias e a Riachuelo. O prédio, construído no século XIX, foi demolido no início da década de 1960.


/historia /obras
Texto de: Fabiano Cardoso
Edição de: Manuel Petrik
Autorizada a reprodução dos textos, desde que a fonte seja citada.