VIA ZERO HORA:
Espanhol Fermín Vázquez promete para este mês a conclusão de projetos no Centro Histórico de Porto Alegre
Espanhol lembra que novas portas serão abertas no muro da Mauá
Foto:
André Mags / Agencia RBS
Ao chegar por volta das 15h de quarta-feira ao Hotel Sheraton — onde
deu entrevista a Zero Hora — trajando um terno preto com camisa branca e
sem gravata, o urbanista espanhol Fermín Vázquez foi logo avisando: não
falaria das obras e dos negócios, mas somente do projeto de
revitalização do Cais Mauá, em Porto Alegre.
Depois da recepção aparentemente intimidante, ele abriu um sorriso e transformou a entrevista em um bate-papo quase informal.
— Isso é com a empresa Porto Cais Mauá do Brasil. Afortunadamente, não tenho nada que ver com as questões econômicas e financeiras, só as arquitetônicas e urbanísticas — disse, rindo.
Durante a conversa, o madrilenho de 51 anos se empolgou ao comentar o projeto, comparou-o com Barcelona e Puerto Madero (Argentina), exaltou a experiência de trabalhar com o arquiteto paranaense Jaime Lerner e deu a entender que a obra seria melhor sem o muro da Mauá.
Após quase meia hora de entrevista, Vázquez deixou um recado para a população da Capital: o cais renovado será um dos espaços públicos de melhor qualidade do Brasil e, quem sabe, do mundo.
"O melhor seria uma completa permeabilidade" — Fermín Vázquez, urbanista
Zero Hora — Em que ponto estão os projetos do Cais Mauá?
Fermín Vázquez — Neste mês, entregaremos os projetos de execução de toda a urbanização e dos armazéns, que estão muito avançados, quase prontos.
ZH — Por que o projeto tem demorado tanto para avançar?
Vázquez — Tivemos dificuldades administrativas, mas todos os projetos desse tipo são assim.
ZH — O que há de mais importante no projeto?
Vázquez — O mais importante são os espaços públicos. Esses espaços são muito importantes para qualquer cidade, mas principalmente para as brasileiras. O centro de Porto Alegre vai dispor de um novo espaço público de alta qualidade, como se fosse uma grande varanda sobre o Guaíba, e uma sequência de praças.
ZH — O senhor considera que faltam praças em Porto Alegre?
Vázquez — Não faltam praças. Creio que costumam faltar espaços públicos de qualidade nas cidades. Lugares onde as pessoas interajam. Afortunadamente, Porto Alegre tem um estoque de espaço fantástico junto ao Centro.
ZH — O Centro tem espaço de sobra, mas, e sua utilização?
Vázquez — Com o Cais Mauá, haverá um aumento enorme de espaço público. Mas, mais do que quantidade, o importante é como se utiliza. É um problema universal: a degradação dos centros urbanos quando perdem suas atividades tradicionais. Os espaços públicos deixam de ser ocupados pela maioria das pessoas e a desocupação acaba tornando os locais inseguros.
ZH — Com que cidade Porto Alegre se parecerá com o Cais Mauá renovado?
Vázquez — Creio que Porto Alegre terá um espaço portuário muito singular. É uma área que acompanha praticamente todo o Centro, e isso é muito bom. Haverá uma espécie de distribuição democrática do espaço público. É longo, mas muito estreito, permitindo uma distância curta entre o Centro e o Guaíba.
ZH — O acesso será possível de qualquer ponto?
Vázquez — Serão abertas novas portas no muro da Mauá, facilitando a permeabilidade.
ZH — O muro da Mauá permanece no projeto?
Vázquez — Sim. O melhor seria uma completa permeabilidade. Mas não é mal, de todo. Se estudou a situação e o mais racional pareceu preservar o muro, como precaução. E Jaime Lerner teve uma ideia genial, de colocar lâminas de água no muro.
ZH — Como foi trabalhar com Jaime Lerner?
Vázquez — Foi uma das grandes satisfações desse projeto: trabalhar com um dos maiores urbanistas do mundo. Foi fantástico, aprendemos muito.
ZH — Como o senhor vê o Cais Mauá como ponto turístico?
Vázquez — Uma das coisas boas é que o cais vai complementar a oferta turística dos visitantes. É evidente que Porto Alegre não está agora no circuito turístico, e sim Gramado, a Serra.
ZH — Algum plano para o futuro?
Vázquez — Esperamos que a obra fique pronta logo e celebremos o Mundial no cais, tomando uma cerveja.
ZH — E se a Espanha jogar aqui?
Vázquez — Conte comigo (risos). Esperamos chegar à final.
Depois da recepção aparentemente intimidante, ele abriu um sorriso e transformou a entrevista em um bate-papo quase informal.
— Isso é com a empresa Porto Cais Mauá do Brasil. Afortunadamente, não tenho nada que ver com as questões econômicas e financeiras, só as arquitetônicas e urbanísticas — disse, rindo.
Durante a conversa, o madrilenho de 51 anos se empolgou ao comentar o projeto, comparou-o com Barcelona e Puerto Madero (Argentina), exaltou a experiência de trabalhar com o arquiteto paranaense Jaime Lerner e deu a entender que a obra seria melhor sem o muro da Mauá.
Após quase meia hora de entrevista, Vázquez deixou um recado para a população da Capital: o cais renovado será um dos espaços públicos de melhor qualidade do Brasil e, quem sabe, do mundo.
"O melhor seria uma completa permeabilidade" — Fermín Vázquez, urbanista
Zero Hora — Em que ponto estão os projetos do Cais Mauá?
Fermín Vázquez — Neste mês, entregaremos os projetos de execução de toda a urbanização e dos armazéns, que estão muito avançados, quase prontos.
ZH — Por que o projeto tem demorado tanto para avançar?
Vázquez — Tivemos dificuldades administrativas, mas todos os projetos desse tipo são assim.
ZH — O que há de mais importante no projeto?
Vázquez — O mais importante são os espaços públicos. Esses espaços são muito importantes para qualquer cidade, mas principalmente para as brasileiras. O centro de Porto Alegre vai dispor de um novo espaço público de alta qualidade, como se fosse uma grande varanda sobre o Guaíba, e uma sequência de praças.
ZH — O senhor considera que faltam praças em Porto Alegre?
Vázquez — Não faltam praças. Creio que costumam faltar espaços públicos de qualidade nas cidades. Lugares onde as pessoas interajam. Afortunadamente, Porto Alegre tem um estoque de espaço fantástico junto ao Centro.
ZH — O Centro tem espaço de sobra, mas, e sua utilização?
Vázquez — Com o Cais Mauá, haverá um aumento enorme de espaço público. Mas, mais do que quantidade, o importante é como se utiliza. É um problema universal: a degradação dos centros urbanos quando perdem suas atividades tradicionais. Os espaços públicos deixam de ser ocupados pela maioria das pessoas e a desocupação acaba tornando os locais inseguros.
ZH — Com que cidade Porto Alegre se parecerá com o Cais Mauá renovado?
Vázquez — Creio que Porto Alegre terá um espaço portuário muito singular. É uma área que acompanha praticamente todo o Centro, e isso é muito bom. Haverá uma espécie de distribuição democrática do espaço público. É longo, mas muito estreito, permitindo uma distância curta entre o Centro e o Guaíba.
ZH — O acesso será possível de qualquer ponto?
Vázquez — Serão abertas novas portas no muro da Mauá, facilitando a permeabilidade.
ZH — O muro da Mauá permanece no projeto?
Vázquez — Sim. O melhor seria uma completa permeabilidade. Mas não é mal, de todo. Se estudou a situação e o mais racional pareceu preservar o muro, como precaução. E Jaime Lerner teve uma ideia genial, de colocar lâminas de água no muro.
ZH — Como foi trabalhar com Jaime Lerner?
Vázquez — Foi uma das grandes satisfações desse projeto: trabalhar com um dos maiores urbanistas do mundo. Foi fantástico, aprendemos muito.
ZH — Como o senhor vê o Cais Mauá como ponto turístico?
Vázquez — Uma das coisas boas é que o cais vai complementar a oferta turística dos visitantes. É evidente que Porto Alegre não está agora no circuito turístico, e sim Gramado, a Serra.
ZH — Algum plano para o futuro?
Vázquez — Esperamos que a obra fique pronta logo e celebremos o Mundial no cais, tomando uma cerveja.
ZH — E se a Espanha jogar aqui?
Vázquez — Conte comigo (risos). Esperamos chegar à final.
ZERO HORA