Uma companheira inseparável do gaúcho, a faca
faz parte da indumentária tradicionalista do Rio Grande do Sul. Juntamente com
as boleadeiras e o laço, ela forma o arsenal característico do gaúcho. É tão
grande sua utilidade e presença que dificilmente se fala na história social do
gaúcho sem a complementação de uma faca. Ela está presente no trabalho, nas
atividades domésticas, nas artes campeiras, na lenda e até mesmo na superstição.
Considerada artigo essencial, pode ser vista em diferentes formatos e materiais
em diversos pontos de vendas no Acampamento Farroupilha Extraordinário da Copa
do Mundo 2014.
O cuteleiro Aléssio Michelin, de Santa Maria, veio a Porto Alegre
especialmente para apresentar seu trabalho nesta edição do Acampamento em que a
cultura e as tradições gaúchas estão sendo vistas também por turistas
estrangeiros. "Ontem mesmo vendi algumas peças para chilenos e ingleses", conta
o artesão, que trabalha há 34 anos no ramo.
Michelin revela, ainda, que foi o primeiro a utilizar discos de arado já
sem condições de uso para as lâminas das facas que produz. "O aço mais antigo dá
mais qualidade e prolonga a vida útil das peças", destaca, ao acrescentar
que também foi pioneiro no aproveitamento de patas de cavalo para moldar
artesanalmente os cabos.
Na lida campeira, a faca é guardada dentro de uma bainha que pode ser de
madeira, chifre, ou ainda de metal, de prata e ouro, apresentando desenhos e
cenas ou motivos regionais. Muitas bainhas possuem uma espera, chamada também de
orelha, que serve para sua fixação no cinturão que segura a bombacha dos
gaúchos.
As facas fazem parte da vida de Rodrigo Fan há 20 anos, pois seu pai possui uma cutelaria em São Leopoldo.Ele conta que produzem artesanalmente exemplares de 7 a 12 polegadas de aço inox cirúrgico, por ser mais duro e pegar mais fio. Os cabos são de chifre de boi ou cervo, e de osso. Revela que o gaúcho gosta mais de facas grandes e que gosta de segurá-la na hora da compra para escolher o cabo que mais de ajusta à sua mão.
Tradicionalmente se diz que gaúcho que se preza tem sempre a sua faca à mão. Outra tradição cultural é que não se dá facas. Mesmo ao ofercer de presente, se deve receber uma moeda de baixo valor. Assim, diz a tradição, o amigo paga para não perder a amizade.
Texto de: Catarina
Gomes
Edição de: Melina Fernandes
Autorizada a reprodução dos textos, desde que a fonte seja citada.
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