O cuteleiro Aléssio Michelin, de Santa Maria, veio a Porto Alegre 
especialmente para apresentar seu trabalho nesta edição do Acampamento em que a 
cultura e as tradições gaúchas estão sendo vistas também por turistas 
estrangeiros. "Ontem mesmo vendi algumas peças para chilenos e ingleses", conta 
o artesão, que trabalha há 34 anos no ramo.
 
Michelin revela, ainda, que foi o primeiro a utilizar discos de arado já 
sem condições de uso para as lâminas das facas que produz. "O aço mais antigo dá 
mais qualidade e prolonga a vida útil das peças", destaca, ao acrescentar 
que também foi pioneiro no aproveitamento de patas de cavalo para moldar 
artesanalmente os cabos.
 
Na lida campeira, a faca é guardada dentro de uma bainha que pode ser de 
madeira, chifre, ou ainda de metal, de prata e ouro, apresentando desenhos e 
cenas ou motivos regionais. Muitas bainhas possuem uma espera, chamada também de 
orelha, que serve para sua fixação no cinturão que segura a bombacha dos 
gaúchos. 
As facas fazem parte da vida de Rodrigo Fan há 20 anos, pois seu pai possui uma cutelaria em São Leopoldo.Ele conta que produzem artesanalmente exemplares de 7 a 12 polegadas de aço inox cirúrgico, por ser mais duro e pegar mais fio. Os cabos são de chifre de boi ou cervo, e de osso. Revela que o gaúcho gosta mais de facas grandes e que gosta de segurá-la na hora da compra para escolher o cabo que mais de ajusta à sua mão.
Tradicionalmente se diz que gaúcho que se preza tem sempre a sua faca à mão. Outra tradição cultural é que não se dá facas. Mesmo ao ofercer de presente, se deve receber uma moeda de baixo valor. Assim, diz a tradição, o amigo paga para não perder a amizade.
Texto de: Catarina 
Gomes
Edição de: Melina Fernandes
Autorizada a reprodução dos textos, desde que a fonte seja citada.
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