Há 16 anos no Acampamento Farroupilha, o Piquete
Laços de Sangue se empenha para mostrar aos turistas e visitantes como viviam
os gaúchos nos galpões mais simples dos ranchos do interior do Rio Grande do Sul
na década de 1950. É na varanda de uma construção de madeira e argila, numa
referência às casas de pau-a-pique, em que as paredes eram erguidas com armações
de varas entrelaçadas preenchidas de barro, coberta com capim santa-fé, que
Gislei Scheffer, responsável pelo Piquete, acolhe os visitantes e mostra os mais
de 300 objetos que fizeram parte da vida de nossos antepassados.
Motivada pelas históras que ouvia do pai, Gislei e o marido Odorico Luiz
Peres de Oliveira, patrão do Laços de Sangue, se uniram aos irmãos dele para
contar um pouco deste passado através dos utensílios utilizados. No começo,
reuniam apenas as peças antigas dos familiares. Depois, receberam algumas
doações. Mas a grande parte, conta ela, foi comprada.
Orgulhosa com o que sua família construiu, Gislei destaca que durante a
Semana Farroupilha recebe muito a visita de grupos de jovens estudantes que se
espantam com as dificuldades no passado de realizar algumas tarefas hoje tão
práticas e rotineiras, facilitadas pela tecnologia.
Na entrada do Piquete um poço de barro lembra o tempo em que a água não
escorria pelas torneiras. Um forno também de barro, ainda utilizado, serve para
assar pães e carnes. Duas carretas remetem à época em que o serviço pesado no
campo era realizado pelo homem na companhia de bois que carregavam o produto das
colheitas.
Vestida de prenda, Gislei sugere uma volta ao passado mostrando partes de
um alambique, fogareiros, maçaricos, lampiões, moedor de cana, de tempeiros,
semeadeira, balanças, debulhador de milho, esticador de arames para fazer cercas
e ferro de passar roupas à brasas. Tem ainda malas, baús, espiriteiras, afiador
de lâminas, canivetes e palmatória. Nas utilidades domésticas encontramos
panelas de ferro, bules, latas para armazenar mantimentos, louças, canecas,
talheres e talha, utilizada para manter a água refrigerada já que não existia
geladeira.
Apaixanada pelo tradicionalismo, Gisa, como gosta de ser chamada, diz que
cuida com muito amor e carinho do seu museu de galpão, nome dado por amigos ao
piquete familiar Laços de Sangue.
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Texto de: Catarina
Gomes
Edição de: Manuel Petrik
Autorizada a reprodução dos textos, desde que a fonte seja citada.
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