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16 de janeiro de 2013

Marco de Menezes: dois anos depois



Marco de Menezes foi o primeiro poeta a ganhar o Livro do Ano, no Prêmio Açorianos. Em 2010, “Fim das Coisas Velhas” foi eleito o melhor livro de poesia e também o livro do ano.
Em entrevista à CLL, Marco conta como foram estes dois últimos anos na sua vida literária. Das mudanças e agitos que a premiação lhe trouxe.
Foto: Divulgação

CLL - Passados dois anos da grande conquista no Prêmio Açorianos, o que mudou na tua vida literária? O reconhecimento traz consigo uma expectativa maior?

Marco de Menezes - Foi muito importante ter ganho o Açorianos, claro. Passei a ser lido por mais gente, acho, ainda que isso seja de difícil mensuração. "Fim das coisas velhas" recebeu críticas positivas, elogiosas porém profundas, contextualizantes. Teve uma segunda edição, que já está esgotada também. O Município de São Paulo adquiriu um montante significativo para distribuição e leitura nas escolas públicas de lá. E expectativas sempre existem, endógenas e exógenas, é importante saber o que fazer com elas, e elas são só isso: se espera algo de um lugar de onde já saiu algo. Mas sempre estou certo de nunca ter a certeza do que possa vir pela frente.

CLL - Tu achas que, a partir de 2010, quando elegeram pela primeira vez um livro de poesia como melhor do ano, algo, dentro da estrutura rio-grandense, mudou? É um motivo de alegria para os poetas contemporâneos a ti?

MN - Espero sinceramente que sim, ainda que as coisas com a poesia sejam muitas vezes fortuitas, assistemáticas, às vezes enganadoras. Mas claro, fiquei feliz com a ousadia e coragem da comissão julgadora em bancar a decisão para o lado da poesia - poesia nunca ter ganho na categoria "Livro do Ano" em 15 edições do prêmio e então ganhar, acho que deixou os poetas mais alegres, um pouco menos taciturnos. Poetas como Jaime Medeiros Junior, Diego Grando, Sidnei Schneider, Ronald Augusto, entre outros, me acolheram de forma bastante generosa, como amigos e parceiros mesmo, o que foi estupendo. Assim como muitos leitores, pareceram ter ficado felizes com o prêmio que, em suma, foi para a poesia mais do que para meu livro. Mas o velho sistema, engessado, lá e cá range alguma aresta, não é algo em que se depositar alguma confiança, são muitas as forças em jogo, há muita egolatria e subserviência.

CLL - Foste finalista no Açorianos de 2011, essa premiação tem um poder simbólico pra ti?

MN - Foi também importante esta indicação, uma vez que "Ode paranoide", ainda que relativamente próximo de "Fim das coisas velhas", me parece possuir menos estilhaçamento, mais contundência, e com isso possa ser mais lido e criticado. E ter concorrido ao lado de poetas como André Dick e Paulo Roberto do Carmo me deixou contente.

CLL - Sobre o livro digital, gostaríamos de saber tua opinião, já que fazes parte de uma editora: tu achas que o livro impresso está fadado a desaparecer?

MN - Não, não acho que vá desaparecer. Aliás, acho que vai haver coexistência "pacifica" entre os dois formatos. Tenho lido alguns livros no Kindle e a experiência tem se mostrado satisfatória. Não sou do time dos que execram o livro digital. Inclusive, como editora, estamos fazendo o possível para que nossos livros sejam, em breve, disponibilizados neste formato.