No dia de hoje nosso blog tem a satisfação de prosear 
com uma pessoa por demais importante no meio jornalístico brasileiro. Trata-se 
de Giovani Grizotti, repórter investigativo que, através de sua dedicação, 
competência e coragem, nos brinda com matérias que fazem estarrecer os mais 
incrédulos. É gaúcho, é nosso, este parceiro velho que tanto orgulha sua Pátria 
e sua gente.
Mas hoje não vamos entrar nos meandros de sua 
profissão. Vamos, sim, saber um pouco do lado gaudério, do ente preocupado com a 
cultura de nosso Estado. Giovani Grizotti, para quem não sabe, é o elo de 
ligação entre o tradicionalismo e este império das comunicações que é a RBS. Sem 
vangloriar-se de seus feitos, sem puxar brasa para o seu assado, sem a telinha 
no rosto, vai introduzindo os costumes sulinos nesta imensa e importante empresa 
filiada a Rede Globo.
Mas, como goela de João-grande, vamos reto e direto ao 
assunto. 
Blog - Onde começou teu gosto pela cultura regional do Rio Grande do Sul?
Giovani Grizotti - Meu 
galo, acho que foi durante uma cavalgada do mar, logo que comecei na Rádio 
Gaúcha, há mais de 15 anos. Conheci o Vilmar Romera, figura fantástica que eu 
assistia pela tv, quando era guri em Barros Cassal. Aliás, na minha cidade 
natal, eu não gostava de música gaúcha (hoje, minha paixão), era bem cola fina 
mesmo. Pouco me envolvia no CTG local, até porque não tinha dinheiro pra comprar 
pilcha e participar da invernada de danças.
Blog - Sua inclinação é 
maior por festivais, rodeios, cavalgadas, bailes, música, poesia...? Por 
que?
Giovani Grizotti - Tchê, 
na verdade, luto muito pelo campeirismo, 
o laço, os rodeios. Acho que nunca foram valorizados devidamente na 
mídia. Na verdade, é um esporte muito popular, talvez, só perdendo para o 
futebol. E nós, da imprensa, sempre fechamos os olhos para isso. Reportagem 
sobre rodeio? Só quando tinha polêmica em Vacaria. Conseguimos mudar essa visão. 
Hoje, nossa programação cobre e bem os rodeios. Também gosto muito e luto por 
espaço, na RBS, para a nossa música regional. Havia um tempo em que só os 
artistas da antiga gravadora da RBS conseguiam espaço da RBS. Acho que ajudei a 
mudar esse modo de ver a coisa. Atualmente, não falta espaço na tv para os 
nossos artistas. Porém, acho que ainda estamos devendo. E para os festivais. E 
vamos pagar essa dívida. Eles merecem ser mais divulgados. 
Blog - Qual teu estilo 
preferido dentro da musicalidade gauchesca (nativista, galponeira, etc..) e 
quais teus artistas prediletos?
Giovani Grizotti - Tchê, 
meu negócio é música de galpão mesmo, fandangueira, pra dançar. Meu grupo 
preferido é Os Monarcas, não tem jeito. É possível que amizade com o Gildinho e 
outros integrantes da banda, como o João dos Santos, exerça influência sobre 
essa preferência. Mas tem também Os Serranos, O João Luiz Corrêa, Os Mateadores. 
Acho que cada artista tem uma qualidade: o César 
& Rogério, por exemplo, são amigos que admiro muito. Talvez, os 
músicos de show que mais "botam" gente pra dentro de um CTG. E o que dizer da humildade do Joca Martins. A interpretação de "Os 
Cardeais", que está no novo CD dele, me fez ir às lágrimas. E o João Chagas 
Leite? Grande ídolo! Mas, claro, não podemos fechar os olhos para 
os compositores. O Vaine Darde, por exemplo, é um mestre, assim como tu (só 
mestres possuem a capacidade de compor letras como Brasil de Bombacha e Por Quem 
Cantam Os Cardeais, por exemplo).
Blog - Na tua opinião 
quais os grandes vultos vinculados a história e a cultura do Rio Grande?
Giovani Grizotti - Tchê 
Léo, sabe que não cultuo heróis inatingíveis e do passado. Meus heróis são 
pessoas que fazem o presente: o Paixão Côrtes, o seu Irineu da Luz, que deu a 
primeira armada, dando origem ao tiro de laço, em Esmeralda, a Dona Zezé, uma 
senhora lá de Capão, que mantém um forno comunitário para a comunidade 
carente...Pessoas assim é que, pra mim, são vultos, "heróis". Gente com quem 
convivo. Colegas de trabalho, amigos, cada um com a sua qualidade. Aprendo muito 
com eles.
Blog - Todos sabem de 
teu esforço para que nossos costumes apareçam nas redes sociais, jornais, rádios 
e televisões do Grupo RBS. O que você acha que está faltando para que o 
tradicionalismo seja mais divulgado?
Giovani Grizotti - Olha, 
acho que na RBS não falta mais nada. Estamos preenchendo todos os espaços 
possíveis, graças a Deus. Nunca houve tanto interesse, inclusive da direção, 
sobre este tema. Teremos, este ano, um programa especial, transmitido durante o 
horário da Sessão da Tarde, para todo o RS, 
no dia 20. E, na semana que vem, 
teremos a gravação do quadro do Fantástico Repórter por 1 dia, no 
Acampamento Farroupilha. Enfim, meu amigo, pelos outros veículos não posso 
falar, mas garanto que na RBS as tradições gaúchas estão tendo cada vez mais 
visibilidade. Porém, não podemos esquecer do seguinte: nossa cultura não é 
melhor do que as outras. Portanto, essas campanhas que pedem para a RBSTV 
derrubar programas como o Esquenta para exibir o Galpão Crioulo beiram a 
ingenuidade. Tudo tem limite. Se queremos mais espaço, temos de fincar cos pés 
no chão. Lutar por mais espaço, mas com argumentos. 
Blog - Qual o segredo 
para o blog G1 Repórter Farroupilha, que você alimenta, ser tão acessado?
Giovani Grizotti - Tchê, 
esse é meu xodó. Nunca imaginei que o portal de notícias mais acessado do país, 
pertencente a uma das 5 maiores redes de TV do planeta, o G1, fosse dar espaço a um blog sobre tradições 
gaúchas. Sabe, Léo, é o único blog regional do G1. Disputa o mesmo espaço com 
alguns dos principais colunistas, apresentadores e comentaristas da Globo. Não é 
pra se orgulhar? Então, acho que muito da visibilidade se deve a isso. E, claro, 
no blog faço jornalismo, apuro, busco novidades e, como não poderia deixar de 
ser, coloco nele um pouquinho do meu perfil profissional do dia-a-dia, que busca 
a investigação mais aprofundada. E deu tão certo que o Repórter Farroupilha 
deixou de ser virtual e foi para as ruas, mostrar a Semana Farroupilha na 
programação da RBSTV. Aliás, sabe qual meu objetivo sempre: que uma nota do blog 
seja citada por um tal blog do Léo Ribeiro, que é referência pra mim. Rsrs
Blog - Cite um fato 
marcante em que você tenha participado, dentro da cultura rio-grandense?
Giovani Grizotti - Tchê, 
acho que a viagem com os Monarcas, aos Estados Unidos, foi algo inesquecível. Me 
emocionei mesmo. Algo que nunca mais esquecerei. Crianças pilchadas brincando de 
roda, em inglês...Agora, te confesso que, mais recentemente, o momento que 
equivaleu a um prêmio para mim foi quando, na redação do Fantástico, "vendi" a 
pauta do Repórter por 1 dia, ao diretor do programa. Mostrei um vídeo de um 
menino gaiteiro de 5 anos e falei: "Luizinho (Luiz Nascimento), é isso que 
queremos mostrar ao Brasil". E ele topou na hora. A primeira coisa que fiz foi 
ligar pro nosso diretor César Freitas pra contar a novidade. Colocar a cultura 
gaúcha no Fantástico , programa para o qual trabalho, só que com outro tipo de 
reportagem, era meu grande objetivo.
Blog - Se você tivesse o 
poder (fosse presidente do MTG ou IGTF) o que faria, ou mudaria, em prol das 
tradições de nosso Estado?
Giovani Grizotti - 
Rapaz, acho que o Bertolini tem feito muito. E é um cara arejado, de boas 
idéias. O IGTF acho que deixa a desejar, até porque depende de verba 
governamental. IGTF, pra mim, tinha que tratar de tradicionalismo. E só. Mas, 
este ano, até carnaval promoveu. Enfim, a 
primeira coisa que eu faria era criar um plano de fortalecimento dos CTGs, com 
foco no cartão tradicionalista. As pessoas precisam se sentir estimuladas a se 
associarem a um CTG. É isso que traz receita. E perceber alguma vantagem nisso, 
que não seja apenas participar de um baile por mês (isso quando o ingresso não é 
cobrado até mesmo dos sócios). Eu ampliaria os convênios, para garantir 
descontos em lojas, etc...E tentaria criar uma rede para garantir acesso livre a 
eventos tradicionalistas, a quem portar o cartão. Atualmente, nem a rodeio se 
entra mais com o cartão tradicionalista.
 

 
 
