Executivo da Capital promete enviar projeto nos próximos dias
Fernanda Nascimento
MARCOS NAGELSTEIN/JC
                    
                     
Conselheiros reclamam da demora no encaminhamento da proposta, debatida há 18 anos na cidade
 
A demora no envio do Plano 
Municipal de Cultura de Porto Alegre para a Câmara está provocando 
descontentamento entre os integrantes do Conselho Municipal de Cultura. 
Elaborado durante as nove conferências municipais realizadas na cidade –
 ao longo de 18 anos – o documento foi entregue ao prefeito José 
Fortunati (PDT) e ao secretário de Cultura, Roque Jacoby (DEM), em 
outubro. 
A previsão era de que o plano seria enviado para a 
Câmara Municipal ainda em 2013 e apreciado pelos parlamentares no mesmo 
ano. “Falta vontade política”, acusa o presidente do conselho, Paulo 
Guimarães. Com 130 páginas, 49 metas e 361 propostas de ações, o 
documento enviado à prefeitura estabelece orientações para as políticas 
da área pelos próximos dez anos. Além de modificar o planejamento das 
ações municipais no setor, a transformação do plano em lei também 
resultará na possibilidade de captação de recursos junto ao Ministério 
da Cultura (Minc). 
“O plano foi realizado a partir de 
conferências e pela sociedade civil. Entrou essa nova gestão, e notamos 
que não tinham nenhuma intenção de fazer o plano. Tudo o que conseguimos
 até agora aconteceu através de pressão e mobilização. Tememos que 
enviem um projeto que não seja o plano que a sociedade civil elaborou, 
mas, sim, um projeto realizado pelo governo”, disse Guimarães.
O 
secretário adjunto de Cultura, Vinícius Gentil Caurio, garante que não 
há motivação política para a demora. “O plano municipal foi entregue no 
final de outubro e era um texto, não um projeto de lei. Nós 
transformamos em projeto de lei, enviamos para a procuradoria setorial 
do município, que apresentou algumas correções. Reformulamos e agora 
enviamos para o gabinete do vice-prefeito”, explica.  
O gabinete
 devolveu o texto com dois apontamentos, que serão observados e 
devolvidos com as alterações.  Se não houver mais nenhuma indicação do 
Executivo, a proposta será enviada no início da próxima semana à Câmara 
Municipal. Outra reivindicação dos conselheiros é o edital para a 
renovação da diretoria do órgão. A atual gestão deveria ter transmitido 
os cargos em novembro. Como não houve o lançamento do edital para a 
escolha de representantes regionais e por segmentos culturais, a 
secretaria solicitou que os conselheiros prorrogassem sua gestão por 
seis meses. O prazo está próximo de se esgotar e, até o momento, nenhum 
edital foi lançado. 
A assessora jurídica do conselho, Izabel 
Franco, acredita que a atitude visa à “extinção do conselho”. “A 
Secretaria de Cultura não está cumprindo seu papel, que é o de abrir os 
editais para a renovação do conselho, e tem dito que o conselho não 
existe mais, o que é uma inverdade. Nos últimos quatro anos, trabalhamos
 exaustivamente planejando este projeto, e agora vão querer destruir o 
trabalho, colocar outro conselho que não seja combativo. A gente 
desconfia que querem extinguir o conselho e criar outro.” O secretário 
Roque Jacoby negou as acusações. Da Espanha – de onde retornou sábado –,
 afirmou que o edital está sendo preparado. “Está atrasado, mas deve 
acontecer ao longo da semana”, disse.