A prestação de contas é certamente um dos capítulos mais tensos da 
novela vivida por quem tem um projeto aprovado por leis de renúncia fiscal. São 
necessários inúmeros documentos, notas fiscais, as regras são várias e mudam a 
cada gestão. É comum ouvir relatos dramáticos de produtores culturais envolvidos 
nesse processo, alguns com finais felizes, outros nem tanto. Mas não é só para o 
proponente que a burocracia gera problemas.
 Com o passar dos anos, o Ministério da Cultura acumulou 
cerca de 15 mil projetos que não tiveram as suas prestações de contas aprovadas 
pelos órgãos de controle. Proponentes relatam confusão nas regras. Muitas vezes, 
devido à demora para a análise da prestação de contas, documentos se perdem, não 
há como comprovar determinados gastos. Além disso, a legislação que regula a 
prestação vem mudando mais rapidamente do que as análises vêm sendo feitas.
Com o passar dos anos, o Ministério da Cultura acumulou 
cerca de 15 mil projetos que não tiveram as suas prestações de contas aprovadas 
pelos órgãos de controle. Proponentes relatam confusão nas regras. Muitas vezes, 
devido à demora para a análise da prestação de contas, documentos se perdem, não 
há como comprovar determinados gastos. Além disso, a legislação que regula a 
prestação vem mudando mais rapidamente do que as análises vêm sendo feitas.
A Instrução Normativa nº 1, de 24 de junho de 2013, é que regula a 
questão atualmente. No entanto, há projetos que esperam pela aprovação de suas 
contas há bem mais tempo. “Os técnicos, ao analisarem o passivo, não consideram 
o fato histórico em que se encontram estes projetos, em sua maioria aprovados e 
executados, em média, sete anos antes da Instrução vigente e que tinham como 
base apenas orientações básicas de prestação de contas, disponibilizadas pelo 
órgãos”, defende Sirlene Ciampi, gerente de projetos incentivados da  Animus, 
consultoria especializada em projetos culturais.
Em entrevista a este Cultura e Mercado em 
janeiro, o ex-secretário de fomento e incentivo à cultura do MinC, Henilton 
Menezes, comentou que a pasta já tentava desenhar uma metodologia que abarcasse 
as diferentes legislações, mas ela ainda não havia sido aprovada. “Esse acórdão 
gerou a contratação de uma equipe de 114 funcionários temporários, especialmente 
treinados para viabilizar a conclusão dessas análises. Tentamos avançar no 
diálogo com os órgãos de controle, para viabilizar uma metodologia de análise 
mais adequada a uma legislação que, por vários anos, era confusa e imprecisa. 
Tentamos desenvolver uma metodologia que considerasse o cenário da época e o 
lapso de tempo entre a entrega da prestação de contas e a análise pelo MinC, mas 
ainda não foi aprovada. Não adianta treinar uma grande equipe para análise 
dessas prestações de contas se não se estabelecer uma metodologia para tal”, 
afirmou.
Na prática - Segundo a produtora Ludmila Picosque, 
da empresa Touché Cultural, um dos grandes problemas na hora de acertar as 
contas está na dificuldade de acesso aos órgãos de controle. “Temos uma 
dificuldade enorme de falar com a instituição durante o processo. A gente faz 
achando que está fazendo corretamente, e depois recebe essa devolutiva. No meu 
caso foi um valor pequeno e acho que houve uma facilidade para que eles fizessem 
a correção. Mas já tive outras prestações de contas nas quais nem tive a 
devolução se havia sido aprovada ou não”, conta.
Ana Cristina Wanzeler, que assumiu a Secretaria de Fomento e 
Incentivo à Cultura com a saída de Menezes, diz que a metodologia de análise de 
contas pendentes está sendo avaliada pelos órgãos de controle. “Aliado ao 
fortalecimento da capacidade operacional, está sendo elaborado um normativo 
próprio, com a apreciação dos órgãos de controle, para a análise desse estoque 
de prestações de contas pendentes”, informa.
O grupo de 114 servidores contratados para a análise desse passivo 
foi selecionado em 2013, com contrato de quatro anos prorrogável por mais um. 
Embora a metodologia ainda não tenha sido devidamente acertada, segundo a nova 
secretária, os processos estão caminhando.
Para Sirlene, as regras para a prestação de contas devem estar 
claras, os processos devem ser simplificados e a equipe de análise deve ser 
devidamente qualificada. “A gestão atual precisa treinar a equipe de análise 
para o entendimento dos fatores históricos de cada projeto com uma visão de 
execução individual”, defende a especialista.
 
 
 
