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Integrantes do Conselho Municipal de Cultura participaram, nesta   terça-feira (11/3) pela manhã, da reunião da Comissão de Educação, Cultura,   Esporte e Juventude (Cece) que discutiu o Fundo Municipal de Apoio à Produção   Artística e Cultural de Porto Alegre (Fumproarte) e o Plano Municipal de   Cultura. Durante o debate, os conselheiros criticaram o descaso que estaria   havendo por parte da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) em relação ao   Conselho. Eles também denunciaram uma possível "elitização" nos critérios de   seleção dos contemplados pelo Fumproarte.
  O presidente do Conselho Municipal de Cultura de Porto Alegre, Paulo   Roberto Guimarães, denunciou o descaso da SMC. Segundo ele, o gestor da Cultura   no Município não se reporta ao Conselho para discutir a reformulação do   Fumproarte e as políticas públicas para o setor. "A função deliberativa do   Conselho implica uma co-gestão com a SMC, mas isso não está ocorrendo. A   secretaria não nos ouve."
  Ressaltando que o trabalho desenvolvido pelos conselheiros é voluntário,   Guimarães disse que as reformulações a serem feitas no Fumproarte têm de ser   discutidas com o Conselho e com a sociedade em geral. "O Fumproarte tem de ser   modificado, ajustado. O gestor tem de ir ao encontro da sociedade e facilitar o   acesso da periferia ao Fundo."
  O presidente da Cece, vereador João Derly (PCdoB), defendeu que a   legislação municipal que regula o Conselho seja alterada, a fim de que aquela   instância tenha mais autonomia para exercer suas funções. Derly também garantiu   que a Cece solicitará à SMC o envio do Plano Municipal de Cultura aos   vereadores, para que a proposta possa ser discutida com a população. "Queremos   que o Plano seja apresentado à Cece." A Cece, segundo ele, também levará ao   Ministério Público o pedido para que a SMC lance edital chamando novas eleições   para o Conselho Municipal de Cultura, atendendo reivindicação dos atuais   conselheiros. Em função da ausência de integrantes da secretaria à reunião,   ficou decidido também que a SMC será novamente convidada a debater o tema em um   próximo encontro da Cece.
  Autoritarismo
  De acordo com Gilberto Battilana, em 2012, o então secretário municipal da   Cultura, Sergius Gonzaga, fez uma "reformulação autoritária" do Fumproarte, sem   consultar a população. "A sociedade tinha o direito a eleger uma comissão para   fazer a avaliação dos projetos inscritos. No entanto, o secretário reformulou a   lei e promoveu-se a donatário do Fumproarte, dizendo quem poderia ou não ser   escolhido." Para Battilana, há uma tentativa da SMC de "elitizar o Fumproarte,   impedindo a periferia de participar do processo". Ele ainda criticou a decisão   do secretário Roque Jacoby em permitir que os dois suplentes eleitos para   a  CAS também tenham direito a voto junto com os titulares. "O secretário   garantiu que faria retornar a redação anterior desse artigo da lei, alterado   pela gestão anterior, mas até agora nada foi feito."
  Além da necessidade de reformulações no Fumproarte, a assessora jurídica do   Conselho, Izabel Franco, destacou ainda que seria importante que a SMC firmasse   convênios com o governo federal. "A secretaria está apostando no desmonte do   Conselho", disse Izabel. Já o representante da Temática da Cultura no Orçamento   Participativo do Município, Cleber Lescano, afirmou que "a sociedade não tem   mais voz sobre os rumos da cultura da cidade", pois as empresas promotoras de   grandes eventos "tomaram conta" do setor.
  Para a conselheira Marly Cuesta de Conti, os gestores da SMC ignoram o   Conselho e os que fazem a cultura local. "Trabalhamos dia e noite pela cultura   da cidade. Os conselheiros solicitaram à SMC que fosse publicado edital chamando   uma nova eleição para o Conselho, mas o secretário Roque Jacoby ignorou nosso   pedido e optou pela prorrogação do mandato dos atuais conselheiros por mais seis   meses. É uma falta de respeito com as instâncias que tratam da cultura."
  A vereadora Sofia Cavedon (PT) solicitou que a SMC apresente um esboço do   edital do Fumproarte, com objetivo de acolher as manifestações da classe   artística da Capital. Ela também ponderou que o edital para a nova eleição do   Conselho não deveria ser prerrogativa do Executivo municipal. "O Conselho tem de   ter autonomia e chamar essas eleições. É preciso modificar a lei." Também   participaram da reunião os vereadores Tarciso Flecha Negra (PSD), Any Ortiz   (PPS) e Bernardino Vendruscolo (PROS).
  Texto: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)
 
 
 
