Antes do encerramento da audiência pública que debateu a cadeia produtiva do Carnaval na última terça-feira, dia 25 de junho, no plenário da Câmara Federal dos Deputados, foi lido um manifesto elaborado por diversos dirigentes que ajudaram a organizar e pensar o histórico encontro ocorrido em Brasília.
A leitura foi feita por Gustavo Giró, presidente da nossa Embaixadores do Ritmo e um dos tantos dirigentes que estiveram lá com a delegação do Rio Grande do Sul, a maior presente,
No Facebook do deputado Paulo Ferreira, requerente da audiência, há diversos relatos e imagens sobre o encontro.
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Brasília 25 de junho de 2013
MANIFESTO DO CARNAVAL AO POVO BRASILEIRO
Brasília 25 de junho de 2013
MANIFESTO DO CARNAVAL AO POVO BRASILEIRO
O Carnaval Brasileiro representa hoje aproximadamente 5% do faturamento da Cadeia Produtiva do Turismo, que por sua vez responde por 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e gera 2,9 milhões de empregos diretos. Estudo do Ministério do Turismo sobre o Carnaval de 2013 aponta que o país recebeu neste ano 6,2 milhões de turistas e movimentou R$ 5,7 bilhões em todo o Brasil. E, segundo a APEX, gerou cerca de US$ 1,3 bilhão em exportações, acima, portanto, dos US$ 951 milhões de 2012.
Além disso, o Carnaval é potencialmente forte quanto à exportação de eventos, fantasias e exposições, como também, de produções fonográficas, audiovisuais e editoriais a ele relacionadas. Portanto, há um conjunto de atividades econômicas diretamente impactadas pelo megaevento que é o desfile das Escolas de Samba em todo o território nacional, com expressivo volume financeiro envolvido.
Tais dados garantem de forma concreta que o Carnaval contribui para a Economia da Cultura, especificamente, e para a Economia Criativa, em âmbito geral, através de um conjunto de habilidades específicas e para uso intensivo de mão de obra para a produção dos seus eventos, com desdobramentos em atividades culturais a ele associados e uma profunda relação com as comunidades que são o berço do Carnaval.
Porém, apesar do crescimento que o Carnaval brasileiro vem acumulando nos últimos períodos, sua rica cultura pode vir a se enfraquecer se não houver um registro do saber envolvido, o repasse desse conhecimento e o aperfeiçoamento de sua gestão. Assim, há uma necessidade urgente de apuração detalhada quantitativa e qualitativa da força de trabalho e das especialidades envolvidas na produção do carnaval que assegurem seus bens culturais, sociais, econômicos e promova a afirmação do seu patrimônio imaterial.
Também é preciso levar em conta que a informalidade ainda é grande no setor e a subutilização de equipamentos e força de trabalho impedem a geração de emprego e renda ao longo do ano todo e de uma distribuição de ganhos que garanta a sustentabilidade de todos os envolvidos em sua cadeia produtiva.
E para se profissionalizar, o nosso Carnaval enfrenta uma necessidade urgente de sistematização dos processos gerenciais e de algumas mudanças de paradigmas para desenvolver-se dentro da Economia da Cultura, Economia Criativa e da Indústria do Entretenimento, para permitir a implementação de sistemas gerenciais padronizados.
Porém, para superar os limites hoje postos, as Escolas de Samba necessitam de mudanças estruturais que possibilitem a aquisição de um padrão de qualidade em sua gestão e operação, de modo que a busca da sustentabilidade seja feita de forma consistente, progressiva e contínua e, coloque, de forma definitiva, esta secular manifestação da nossa cultura popular, como fator de desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Por isso, nós, entidades, dirigentes, militantes e ativistas do Carnaval brasileiro, reunidos no dia 25 de junho de 2013, no Plenário 10 – Anexo II, da Câmara dos Deputados, em Brasília, em debate sobre a Cadeia Produtiva da Economia do Carnaval, vimos por meio deste manifesto propor:
1. Criar o Grupo de Trabalho do Carnaval Brasileiro (GTCB), a ser constituído no prazo de 30 dias da presente Audiência Pública da Cadeia Produtiva da Economia do Carnaval; integrado por nomes indicados pelas ligas e associações das escolas de samba, blocos e bandas dos estados e municípios brasileiros.
2. Elaborar, no prazo de seis meses, o Programa Nacional de Metas e Diretrizes da Cadeia Produtiva da Economia do Carnaval;
3. Formular a proposta de criação de cursos técnicos e cursos de graduação acadêmica para o Carnaval brasileiro;
4. Propor a criação de um Comitê Interministerial do Carnaval, para elaboração de políticas públicas de apoio a festa, inclusive que garanta a sustentabilidade aos principais agentes setoriais;
5. Criar a Federação Nacional Entidades Carnavalescas;
6. Encaminhar aos órgãos competentes, responsáveis pela elaboração do Orçamento Geral da União, reivindicação de rubrica orçamentária específica de fomento e incentivo ao Carnaval brasileiro.