“Contos, mitos e lendas do Rio Grande
do Sul”
CARRO 1 – O imaginário – João Simoes
Lopes Neto
Utilizar João Simões Lopes Neto,
escritor e empresário, como representante literário do imaginário social do
nosso estado. Neto nasceu em Pelotas em 1865 e seus contos e lendas vieram a
fazer sucesso depois de sua morte. Depois de vários experimentos empresariais
(cigarros marca Diabo, fabrica de vidros, moagem de café, destilaria, etc...)
encontrou-se profissionalmente como escritor. Recolheu lendas, contos, criou
personagens lendários como Blau Nunes, o veterano vaqueano (baqueano – aquele
que aponta o caminho, guia) com estampa gaúcha, que é o guia dos caminhos pela
pampa e pelos contos de Simões Lopes.
CARRO 2 – LENDAS
A lenda do M Boitatá – a cobra de
fogo
Conta-se, entre a
gauchada das estâncias, que nos passeios e viagens à noite aparece um fogo
valente e às vezes em forma de cobra que, voa na frente dos cavaleiros,
impedindo que siga. Há crença entre a gente do campo de que, o Boitatá, se deixa
atrair pelo ferro. O meio para livrar-se do ataque consiste em desatar o laço e
arrastá-lo pela presilha. O Boitatá atraído pelo ferro da argola do laço deixa o
andante e segue atrás até amanhecer o dia. Na versão de Simões Lopes Neto, a
cobra de fogo identifica-se com a cobra-grande que se alimenta dos olhos dos
bichos.
CARRO 3 – LENDAS
A lenda do Negrinho do Pastoreio
A lenda nasceu das
lembranças dos campeiros, marcado pelo terror e crueldade, misturada com o
desejo de compensação e de desforço que devia vazar-se em forma religiosa. Para
seu transplante lendário concorreram vários fatores, desde baixas formas de
crendices, ainda visível nos dias de hoje, até a profunda vibração de
solidariedade humana que transformou símbolo de uma
raça.
Simões Lopes a
estilizou, introduzindo no cenário, Nossa Senhora, a ser madrinha do negrinho,
madrinha dos que não tem, deu-lhe uma graça perfeita, mais luz. A lenda do
Negrinho do Pastoreio é genuinamente rio-grandense, nascido da escravidão e
refletindo o meio pastoril, o poder, e a religiosidade que é associada aos
outros tantos casos de escravos considerados mártires.
CARRO 4 -
LENDAS
A
Salamanca do Jarau
O palco da lenda é o Cerro do
Jarau, formado por uma cadeia de morros, que se destacam na paisagem do pampa
gaúcho, no município de Quaraí. Simões
Lopes Neto desenvolveu o tema com elementos que decorriam das superstições
locais. Temos o sacristão dado às artes mágicas, envolvido pela tentação.
Aliados a este tema, a ocupação moura na Península Ibérica, a princesa
encantada, os tesouros escondidos apresentados na forma de serpente, lagartixa,
o carbúnculo ou teiniaguá
dos guaranis, elemento originário do novo mundo.
CARRO
5 – CONTOS
O
Mate do João Cardoso
Os
contos de João Simões Lopes Neto, sua linguagem, representam a sensibilidade e
um regionalismo espontâneo como exímio contador de histórias. O Mate do “João
Cardoso”, um dos mais populares contos de Simões, destaca a tradição herdada dos
indígenas, a hospitalidade do mate na roda do chimarrão, bebida típica do
gaúcho, o convívio, solidariedade e a fraternidade do homem rural. Vai além,
mostra um período da história que os meios de comunicação eram escassos e as
novidades vinham pelos viajantes que passavam pelas terras, já tão pobre, mas
sem perder a hospitalidade tão típica do gaúcho. O convite era pra um mate, mas
que nunca chegava.
CARRO 6 – CONTOS - Trezentas
onças
Trezentas
onças
Era verão, Blau Nunes viajava para
comprar uma tropa de gado a mando do patrão da estância. Muito quente, ele
resolveu se banhar num arroio. Depois de banhado, descansado, seguiu
viagem.Quando chegou na estância, onde passaria a noite, percebeu que havia
esquecido a guaiaca próximo ao arroio. Deu meia volta e voltou para buscar a
guaiaca. No caminho cruzou por uma comitiva que ia em direção à estância, mas
não parou, estava com pressa. Ao chegar no local ela não estava lá. O vivente
pensou até em dar fim à vida, mas resolveu assumir para o patrão que perdera o
dinheiro. Voltou para a estância. Ao entrar, viu sobre a mesa a sua guaiaca com
as 300
onças; havia sido encontrada pela comitiva com quem
cruzara pelo caminho, como se tratava de gente “boa”, a guaiaca foi devolvida ao
dono. Lembra-nos de honestidade, “fio de bigode”, confiança, elementos presentes
nos valores do
gaúcho.
CARRO 7 – MITOS - LOBISOMEM E BRUXA
O
mito lobisomem é a crença que determinados homens podem se transformar em
monstro, meio-lobo, meio-homem. O mito no RS leva o fado do sétimo filho homem
de uma família que será fatalmente lobisomem, a menos que seja batizado pelo
irmão mais velho. O mito da bruxano RS veio da Europa, mas nada tem haver
com a bruxa de nariz comprido, com chapéu montada na vassoura. É uma mulher
bonita e má, sua grande arma é o “olho grande”. Será bruxa a sétima filha do
casal, quando não for interrompida por varão e batizada pela primogênita, perde
o fado. Crianças embruxadas ficam amareladas, cruzam os braços e pernas. Quando
aparece borboleta feia e preta nas casas, de dia, acredita-se que é a bruxa e se
previne com uma figa, arruda e chifre.
CARRO 8 – CRENDICES E
SUPERSTIÇÕES
Em todas as épocas o homem sempre
acreditou no sobrenatural, sempre atribuiu a forças ocultas os fatos que fugiam
ao seu conhecimento científico, teve medo e procurou conhecer e dominar as
forças.
As sobrevivências que fazem parte do
nosso acervo cultural, herdado de nossos antepassados, está o mundo mágico,
povoado de crenças, misticismo, rezas fortes, simpatias, promessas e como não
poderia deixar de ser, da vontade de manipular estas forças invisíveis. As
origens das crendices e superstições são tão antigas quanto o próprio homem.
Crendice é aquilo que se acredita e não teme, é sentimento de fé, convicção,
simpatias, benzeduras.
A superstição é um sentimento baseado
no temor e na ignorância. Estão incluídos os ditos “não presta” (não presta
fazer isso... por que...). As superstições variam de pessoa para pessoa e lugar,
por exemplo: Uma das superstições mais conhecidas e difundidas que se conhece,
está relacionado ao número 13, Passar sob uma escada, jogar um punhado de terra
na cova do morto, gato preto dá azar, coruja piando próxima casa ou a
sobrevoando dá azar.
CARRO 9 – CONTOS - Chasque do
Imperador
Blau Nunes
narra os fatos de um ponto de vista muito próximo do soberano Dom Pedro II,
daquele que se tornou seu ajudante, seu estafeta (Chasque). A narrativa
predomina no espaço da pampa gaúcha, em que a tropa comandada pelo Imperador se
desloca, ora acampando, ora sendo recebida por estancieiros da região. Ao ser
oferecido, Blau não se julga apto a servir o imperador.
Nesse
universos vemos as classes distintas: a vida árdua, dotada de poucas informações
e de pouco preparo social, que emerge na campanha sulina, e o homem da corte,
pouco afeito à vida campeira. Em determinado momento da narrativa, o comandante
de uma das tropas (Barão), junto ao imperador, termina fazendo a apologia das
qualidades gaúchas, sob o ponto de vista do narrador-personagem, a rusticidade,
a coragem e a virilidade do homem pampa gaúcho. Mais tarde o imperador encontra
uma mulher, que após perambular pelo acampamento, oferece ao soberano um preparo
de requeijão, que dava gosto de se ver e com um cheiro inigualável”. Na
passagem, salienta-se, o papel da mulher sul-rio-grandense nos confrontos
bélicos que marcaram a Rio Grande. Enquanto os homens seguiam para os campos de
batalha, cabia-lhes esperar e tocar a economia local.
A dualidade,
que se forma neste universo da guerra, parece, também, adquirir relevância,
posto que a incumbência da luta caberá aos peões, homens rudes, afeito às lides
bélicas, enquanto o Imperador se manterá protegido, distante do confronto,
servindo apenas como um reforço ao moral das tropas em combate. Faz-se importante
retomar os costumes, os hábitos gaúchos que a narrativa traz à cena: os cuidados
com os cavalos, o chimarrão, aspectos que, de certa forma, fazem eco ao
propósito narrativo de valorizar a vida campeira.