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16 de janeiro de 2013

Poesia Feminina na América Latina | Argentina

 Coordenação do Livro e Literatura
A CLL preparou uma sessão sobre Mulher e Literatura para entreter as tardes de ócio do veranico. Confere quem são as chicas que produzem poesia na América Morena! Hoje é a vez da Argentina.


Alfonsina Storni
Alfonsina Storni Martignoni
Foi uma poetisa e escritora argentina representante do Modernismo, nascida em Sala Capriasca/Suiça, no dia 22 de maio de 1892.

Seus pais eram donos de uma cervejaria em San Juan (Argentina), e numa de suas viagens a Suiça tiveram a Alfonsina. Em 1896 a família retorna a San Juan, onde a pequena escritora desenvolveu a primeira parte de sua infância. A principio do século XX sua família mudou-se a Rosário (Argentina), onde sua mãe fundou uma escola domiciliar e seu pai instalou um café perto da estação de trem. Alfonsina trabalhou como garçonete no negócio familiar, mas como não gostava da profissão, decidiu independizar-se e conseguiu um trabalho como atriz.

Também trabalhou como professora em diversos estabelecimentos educativos, onde começou a desenvolver suas poesias e algumas obras para teatro.

Sua prosa é de cunho feminista, onde busca incessavelmente a igualdade entre o homem e a mulher. Segundo a crítica, toda sua obra possui uma originalidade que mudou o sentido das letras na América Latina. Além de suas tópicas eróticas e românticas, suas composições também refletiram sobre a doença da qual a escritora padeceu grande parte de sua vida. Foi diagnosticada com Câncer de Mama, e seu verso a partir dai se tornara sombrio, expressando através da dor e do medo a sua espera pela morte.

Suicidou-se em Mar del Plata, em 1938, afogando-se perto do Club Argentino de Mulheres.

Compartimos um de seus poemas:

BIEN PUDIERA SER
Pudiera ser que todo lo que en verso he sentido
No fuera más que aquello que nunca pudo ser,
No fuera más que algo vedado y reprimido
De familia en familia, de mujer en mujer.
Dicen que en los solares de mi gente, medido
Estaba todo aquello que se debía hacer.
Dicen que silenciosas las mujeres han sido
De mi casa materna... Ah, bien pudiera ser.

A veces en mi madre apuntaron antojos
De liberarse, pero se le subió a los ojos
Una honda amargura, y en la sombra lloró.
Y todo eso mordiente, vencido, mutilado,
Todo eso que se hallaba en sua alma encerrado,
Pienso que sin quererlo lo he libertado yo.


Silvina Ocampo


Silvina Ocampo
Nasceu em Buenos Aires, no dia 28 de Julho de 1903. Foi uma escritora argentina, irmã de Victoria Ocampo (também escritora e fundadora da revista literária Sur). Junto a Adolfo Bioy Casares (seu marido), Jorge Luis Borges e Julio Cortázar, formaram o ápice da literatura argentina do século XX.

Quando jovem, estudou artes plásticas em Paris com Giorgio Chirico e Fernand Léger. Entre seus amigos famosos, constavam o escritor Italo Calvino, responsávle pelo prólogo de seus contos. Poetisa, narradora e tradutora, iniciou-se na literatura por influência da irmã Victoria e do escritor Adolfo Bioy Casares, quem conheceu no ano de 1933 e casou em 1940.

Sua primeira publicação foi o livro de contos Viaje Olvidado (1937). Sua vasta produção, que vai muito além do publicado, viu-se interrompida três anos antes de sua morte, no dia 14 de dezembro de 1993 em Buenos Aires, por causa de uma doença progressiva que teve durante vários anos.

Confere os versos da poeta:

Sobre un mármol

Tantos recuerdos juntos en el viento,
tantos jardines juntos que recuerdan
sin nadie nadie ya que los recuerde,
tantas fuentes con ángeles, sirenas,
tritones o cupidos o pescados,
tanto mar en el sueño hecho de mármol,
tantas flores de caña ya perdidas
detrás de las mareas de los ríos
y un “moriré o no moriré muy pronto”
que dicen deshojadas margaritas
en lugar de "me quiere" o "no me quiere".

Olga Orozco

Olga Orozco, nasceu em Toay/La Pampa, no dia 17 de março de 1920. Foi uma poeta argentina.
Estudou Filosofia e Letras na Universidade de Buenos Aires (UBA), onde se formou como professora. Em sua juventude fez parte do grupo literário surrealista Tercera Vanguardia, ao qual pertenciam outros escritores como Oliverio Girondo e Ulises Mezzera. Trabalhou com jornalismo, utilizando vários pseudônimos, e dirigiu, também, algumas publicações literárias. Sua obra tem forte influência de San Juan de la Cruz, Rimbaud, Nerval e Baudelaire. No mais importante de sua produção encontra-se a obra Poemarios, de alguma forma prolongados em um livro de prosas-poéticas narrativas: La oscuridad es otro sol (1967). Faleceu de uma parada cardíaca aos 79 anos em Buenos Aires.


Confere um pouquinho da poesia da chica:

Las muertes

He aquí unos muertos cuyos huesos no blanqueará la lluvia,
lápidas donde nunca ha resonado el golpe tormentoso
de la piel del lagarto,
inscripciones que nadie recorrerá encendiendo la luz
de alguna lágrima;
arena sin pisadas en todas las memorias.
Son los muertos sin flores.
No nos legaron cartas, ni alianzas, ni retratos.
Ningún trofeo heroico atestigua la gloria o el oprobio.
Sus vidas se cumplieron sin honor en la tierra,
mas su destino fue fulmíneo como un tajo;
porque no conocieron ni el sueño ni la paz en los
infames lechos vendidos por la dicha,
porque sólo acataron una ley más ardiente que la ávida
gota de salmuera.
Esa y no cualquier otra.
Esa y ninguna otra.
Por eso es que sus muertes son los exasperados rostros
de nuestra vida.

Alejandra Pizarnik




Alejandra Pizarnik, nasceu em Buenos Aires no dia 29 de abril de 1936. Foi uma poeta de grande destaque dentro da literatura argentina.

Filha de imigrantes judeus de origem russa, cresceu em um bairro chamado Avellaneda. Sua infância foi muito complicada, falava o espanhol com um forte sotaque europeu e gaguejava. A essa idade, começou a ingerir anfetaminas - pelas quais desenvolveu um forte vício - que lhe provocavam euforia e insônia. A escritora padecia de transtornos de personalidade.

Em 1954, estudou Filosofia e Letras na Universidade de Buenos Aires onde permaneceu até 1957. Não concluiu os estudos. Paralelo a isso, iniciou aulas de pintura com Juan Batlle Planas.

Sua obra é marcada pelo espírito do romantismo e pelo surrealismo. Pizarnik escreveu livros poéticos de notória sensibilidade e inquietude. Suas tópicas giravam em torno da morte, solidão, infância e da dor. Por volta de 1960 e 1964, a escritora mudou-se para Paris, onde trabalhou na revista Cuadernos e algumas editoriais francesas. Publicou poemas e críticas em vários jornais. Traduziu Antonin Artaud, Henri Michaux, Aimé Cesairé e Yves Bonnefoy. Estudou História da Religião e Literatura Francesa na Sorbonne. Ali conheceu o escritor Julio Cortázar, Rosa Chacel e Octavio Paz, com quem cultivou grande amizade.

Alguns anos depois, ao retornar a Buenos Aires, foi internada em uma clínica psiquiatrica, pois sofria gravemente de depressão. No dia 25 de setembro, em 1972, aos 36 anos, suicidou-se ingerindo 50 comprimidos de barbitúrico (Seconal), durante um fim de semana onde foi liberada do hospital.

Confere um pouquinho da obra da autora:

Fronteras inútiles

un lugar
no digo un espacio
hablo de
qué

hablo de lo que no es
hablo de lo que conozco

no el tiempo
sólo todos los instantes
no el amor
no

no

un lugar de ausencia
un hilo de miserable unión.