A 37ª Conferência Geral da Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), iniciada no dia 5 de novembro na sede da instituição, em Paris, terminou na última quarta-feira (20/11) e buscou firmar, entre os ministros e delegados dos 195 países membros, a estratégia de desenvolvimento delineada pela organização para os próximos oito anos e que tem como foco a sustentabilidade.
A conferência é um evento bianual e a edição 2013, realizada num contexto em que a Unesco atravessa um período de crise financeira, centrou-se na necessidade de acelerar o Movimento Educação para Todos (EPT): é desejo da Unesco que a educação básica esteja universalizada em 2015, quando se encerra o ciclo dos Oito Objetivos do Milênio (ODM), estabelecidos pela ONU no ano 2000 e dos quais faz parte a Educação Básica de Qualidade para Todos.
Difundir esta noção preconizando a economia criativa como um fator de desenvolvimento é inclusive o propósito da edição especial do "Relatório Economia Criativa 2013 Alargar as vias do Desenvolvimento Local", uma das mais importantes publicações lançadas ao longo da conferência, que também apresentou o "Relatório das Ciências Sociais 2013 Ambientes mundiais em mutação".
Economia criativa - Com textos que buscam evidenciar o valor da cultura e da criatividade e a importância de ambas na construção do diálogo entre os povos, o "Relatório Economia Criativa 2013", que conta com o depoimento do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, foi produzido com o objetivo de influenciar os debates internacionais que resultarão na Agenda de Desenvolvimento Sustentável Pós-2015, cujo conteúdo se encontra em discussão, será definido no próximo ano e validado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2015.
Segundo Francesco Bandarin, o relatório, elaborado conjuntamente pela Unesco e pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), examina as iniciativas de economia criativa capitaneadas pelos países em desenvolvimento e tem como público-alvo políticos, administradores, diretores de empresas. "Enfim, pessoas que têm um papel importante na definição das políticas", explicou, informando ainda que o documento será apresentado na sede do PNUD, em Nova York, no próximo mês. "Estamos preparando uma impactante exibição para este momento", anunciou.
Para Bandarin, o Brasil tem um grande potencial nesse campo, já conhece o conceito, mas é deficitário no que diz respeito ao senso de organização: "No Brasil já existe uma visão para economia criativa e o que falta, talvez, é a prática operacional. Acredito que os políticos estão convencidos da potencialidade da economia criativa depois da passagem de Gilberto Gil no Ministério da Cultura. Então, repito: acho que já há muitas coisas se desenvolvendo, o país tem muita criatividade, e se trata agora de colocar as coisas em andamento, de inseri-las na agenda do governo".
Ele acrescentou que a cultura segue "bem orientada após o governo Lula, com a valorização das capacidades locais, das tradições", e enfatizou: "Eu não vejo nenhum problema do ponto de vista da compreensão do tema, o problema é colocá-lo em prática".
Programação - A programação da 37ª Conferência contou com fóruns de discussão, consultas ministeriais, debates acerca da prioridade global da África, da igualdade de gênero e da importância da água; observações em torno das problemáticas referentes à tecnologia, à inovação e ao estágio das mudanças climáticas no planeta; além da Jornada Mundial da Ciência a Serviço da Paz, lançamentos de relatórios alusivos a temas estratégicos e a apresentação do projeto "As Mulheres na História da África", plataforma online que tem como propósito valorizar a corresponsabilidade das mulheres no desenvolvimento do continente africano e que está destinada aos educadores.
*Foto: Luciano Fogaça