Para conhecimento de todas e todos:
O decreto de autoria do Executivo municipal de Porto Alegre, criado a   partir da da lei nº 11.586, de 5 de março de 2014, que permite manifestações   culturais de artistas de rua em espaço público aberto, foi tema de reunião   realizada pela Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece), na   tarde desta terça-feira (18/8). Representantes das secretarias municipais da   Produção, Indústria e Comércio, da Cultura e do Meio Ambiente, do Ministério da   Cultura Regional, do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de   Diversões do RS (Sated), da Fecomércio e da Ordem dos Músicos do Brasil   debateram acerca do tema com os vereadores que compõem a comissão. 
  Engajamento 
  O presidente da Cece, vereador Reginaldo Pujol (DEM), relatou que, antes do   recesso parlamentar, iniciado em 17 de julho, a comissão já cogitava de realizar   reunião sobre o assunto com o objetivo de aparar arestas na aplicação da lei nº   11.586. "Além disso, recebemos e-mail do vice-prefeito da Capital, Sebastião   Melo, solicitando que o decreto proposto pelo Executivo fosse debatido pela   Cece. Nesse sentido, vamos trabalhar para corrigir os equívocos dessa lei, o que   faríamos antes mesmo do pedido do Melo. Estamos começando o engajamento desse   processo", declarou.
  A vereadora Sofia Cavedon (PT) afirmou que essa pauta começou a ser   discutida depois que o vereador Professor Garcia (PMDB) levou o tema à comissão.   "Essa lei está em vigência há cerca de um ano e meio; foi construída pelos   vereadores através do diálogo junto aos artistas de rua de Porto Alegre. Por   isso, se for necessária alguma regulamentação, defendo que ela seja dialogada   para não corrermos o risco de tolher a cultura", disse, ao ratificar a   necessidade de criação de um grupo de trabalho especifico para construção de   propostas que contemplem a realidade dos artistas de rua.
  De acordo com a vereadora Fernanda Melchionna (PSOL), a lei nº 11.586   nasceu como forma de reprimir a perseguição que os artistas de rua estavam   sofrendo na Capital.  "O documento foi produzido durante um ano, ouvindo e   consultando os artistas da cidade. Penso que, ao invés de se criar um decreto,   texto este que muda as características da lei, deveria ser feito um novo   diálogo", afirmou ao elencar algumas das mudanças propostas pelo Executivo. "Há,   por exemplo, proibições da venda de CDs autorais e utilização de determinados   instrumentos de percussão, além da exigência de que os artistas tenham alvará   para se apresentar. Isso fere o espírito original da lei", finalizou.
  Cultura 
  Conforme Margarete Moraes, representante regional do Ministério da Cultura,   a arte é um direito de todas as pessoas. "A criação, difusão, interação e   consumo fazem com que a cultura exista e se propague através de uma dimensão   simbólica, cidadã e econômica. O artista precisa criar, por isso sociedade e   poder público devem entender que não se trata de hobby", disse. Margarete   destacou que facilitar o acesso à cultura significa democratizá-la, o que,   segundo ela, os artistas de rua fazem com excelência. "Acredito que o espaço   público é de todos e de todas, por isso, a Câmara poderia fazer uma adequação a   realidade através de uma rediscussão sobre essa regulamentação", concluiu.
  O secretário-adjunto da cultura da Capital, Vinicius Cáurio, enfatizou que   a arte é um eixo fundamental, inclusive de internacionalização de qualquer   cidade. Contudo, ele defende que regramentos são necessários em qualquer área.   "A Constituição declara a livre expressão, porém, devemos nos posicionar como   país, estado e cidade. Há que se ter uma composição de espaços que não interfira   no outro. Toda a expressão cultural é vital, mas devemos encontrar um equilíbrio   nesse regramento para não transformarmos o que seria um caldeirão cultural em   uma confusão cultural".
  Decreto
  Rose Chaves, representante do gabinete do vice-prefeito, declarou que a   proposição do decreto nasceu depois do número crescente de reclamações em   relação aos artistas, por parte de escolas, secretarias, da Ordem dos Advogados.   "A ideia não era mexer na lei, porém ela não coloca limite, e o uso do espaço   público deve ser compartilhado", disse. Segundo Rose, existem questões básicas   que acabam não sendo respeitadas, como a distância entre um músico e outro para   que não haja distorção de som, por exemplo. "A questão da venda, comentada pela   vereadora Fernanda, se deve ao fato de que não é permitido qualquer tipo de   comercialização sem a existência de alvará, a não ser que o músico peça doação   espontânea", explicou.
  O secretário-adjunto da Smic, Paulo Marques, defendeu que a intenção do   Executivo é discutir com todos os interessados aquilo que lhes atinge. "Jamais   faríamos um decreto sem conversar com os envolvidos, e a necessidade de   regulamentação nasce através de um confronto de convivência pela abrangência da   lei. O que não pode é o artista de rua se colocar da forma e local que ele bem   entende; esse não é o espírito da lei", afirmou. Ainda conforme Marques, a   intenção é valorizar o artista e respeitá-lo. "É necessário estabelecer normas   de convivência de maneira harmoniosa", finalizou.
  Artistas
  Vice-coordenadora geral da Associação dos Músicos da Cidade Baixa, Patrícia   Mello concordou que o espaço público tem que ser organizado de alguma forma, sem   esquecer que a Constituição defende que a arte é livre. "Em São Paulo, por   exemplo, está prevista em lei a venda de CDs autorais por parte dos artistas de   rua. Cercear um artista, que, muitas vezes, grava em casa, em situações até   precárias, não pode ser confundido como um comércio pirata ou ilegal", afirmou.   Ela ainda enfatizou que expressões artísticas em parques e praças fazem parte da   cultura e não se pode descaracterizá-la. "Em nome da associação digo que   repudiamos o decreto da forma como se encontra".
  A defesa da criação de um Grupo de Trabalho para o debate e propostas de   alterações ao decreto foi defendida por Fábio Cunha, presidente do Sated/RS.   "Fazer a nossa arte é burocrático e difícil, mas estamos resistindo.   'Higienizar' os espaços da cidade, pré-determinando onde a cultura pode ou não   pode existir, é não democratizá-la. O bom convívio vem do bom senso; nossa arte   movimenta a economia criativa dessa cidade."
  Representante dos 240 expositores da área de artesanato do Brique da   Redenção, Paulo Grala lembrou que, para conquistar o espaço que ocupa na feira,   todos os artesãos tiveram que passar por um criterioso e rigoroso processo de   seleção. "A lei como está prevê que qualquer artista possa expor sua arte na   rua, mas isso entrará em conflito com o Brique, prejudicando aqueles que já   estão lá, alguns que inclusive esperaram por anos para conquistar uma   vaga."
  Encaminhamentos
  O vereador Reginaldo Pujol reiterou que a Cece cuidará para que, de alguma   maneira, o assunto seja conduzido e resolvido. "Não posso falar apenas por mim,   pois, junto aos vereadores que compõem esta comissão, decidiremos o caminho a   seguir. O que não podemos tolerar é que a lei seja descumprida, mesmo   acreditando que existem regramentos que devem ser incluídos", disse. 
  Texto: Lisie Venegas (reg. prof. 13.688)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
  Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Guimarães Presidente  Conselho Municipal de Cultura 
Em mandato prorrogado
F: 3338.8738 / 9987.5880
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