via Diário Gaúcho:
Pelo segundo ano consecutivo, não será realizada a parada com carros alegóricos durante os festejos farroupilhas
Última apresentação na Capital ocorreu em 2013
Foto:
Ricardo Duarte / Agencia RBS
Aline Custódio
Durante 13 anos, o desfile especial foi a cereja do bolo dos festejos, chegando a reunir cerca de 25 mil pessoas no último realizado, em 2013. Com carros alegóricos e quase mil participantes de invernadas, ele ocorria na noite de 19 de setembro, na Avenida Edvaldo Pereira Paiva.
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— Desde que assumimos as comemorações, há 16 anos, construímos um modelo de evento que envolve acampamento e os dois desfiles. Porém, estamos perdendo patrocinadores há quatro anos. O jeito é reduzir custos — lamenta o presidente do MTG, Manoelito Savaris.
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Pista encolheu
Manoelito ressalta que para os festejos farroupilhas deste ano – que têm como tema O Campeirismo Gaúcho e a Sua Importância Social e Cultural – a organização obteve junto aos patrocinadores e à prefeitura R$ 1,8 milhão dos R$ 2,5 milhões necessários aos três eventos (desfile oficial farroupilha, desfile temático noturno e acampamento farroupilha). Nesta soma, ainda está presumido o valor a ser arrecadado com aluguéis de lojas e estacionamentos no acampamento.
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Como medida de contenção de despesas, além do cancelamento de um dos desfiles, foram reduzidos o tamanho da pista a ser utilizada em 20 de Setembro, na Edvaldo Pereira Paiva, para o desfile tradicional – de 350m para 250m – e os espaços dos camarotes.
— Nossa intenção sempre foi tornar este evento turisticamente importante, que orgulhasse Porto Alegre e o Estado. Vínhamos numa crescente, mas não vamos culpar o Estado, a prefeitura ou a iniciativa privada — explica Manoelito.
Por parte da administração municipal, o coordenador de Tradição e Folclore da Secretaria Municipal de Cultura, Giovani Tubino, disse que a prefeitura assinou um termo de ajustamento de conduta junto ao Ministério Público comprometendo-se a contribuir com serviços no parque – por meio do Dmae, Dep e DMLU – e com R$ 330 mil, que serão destinados para cobrir parte dos custos da ampliação da rede elétrica (no total, custará R$ 460 mil) do acampamento com 400 casas.
Iniciativa empregava trabalhadores
Para o coordenador dos desfiles, Josemar Basso, a palavra é frustração. Em 2014, ele manteve a esperança de realizar o evento noturno até o final de agosto, mas acabou não ocorrendo. Neste ano, porém, ele percebeu o problema mais cedo.
— O desfile temático não vai ocorrer por falta de patrocínio. O que teremos é o tradicional com algumas encenações no meio, igual ao do ano passado. É frustrante, pois ele estava se tornando um dos principais eventos do Estado, como a Festa da Uva, em Caxias do Sul, e o Natal Luz, em Gramado — desabafa.
Outro ponto lembrado por Josemar era a participação dos carnavalescos na confecção dos carros alegóricos de 20 de Setembro.
Entre julho e setembro, cerca de 250 trabalhadores atuavam de forma indireta no evento – vendedores e comerciantes trabalhavam na noite do desfile, por exemplo. Outros 160 trabalhavam no Porto Seco, com salários que chegavam a R$ 500 semanais.
— Este evento formava uma cadeia de trabalhadores em diversos setores. É uma pena, pois o pessoal do Carnaval deixa de ganhar na entressafra — comenta Josemar.