O modelo de economia criativa no Brasil, diferente de outros, deve
trabalhar a inclusão social produtiva e o desenvolvimento descentralizado com
uma visão humanista que coloque a cultura como indutora da concentração de
políticas públicas. A defesa foi apresentada como uma proposta de reflexão na
mesa redonda Cidades Criativas, Economia Criativa e Empreendedores Criativos na
1ª Conferência Brasileira de Turismo Criativo que se encerra nesta
quarta-feira, 23, em Porto Alegre.
A “provocação” foi feita por Cláudia Leitão, criadora da Secretaria de
Economia do Ministério da Cultura e titular da pasta até o início de setembro
deste ano. De acordo com Cláudia, o Turismo Criativo traz este conceito de
qualificação do desenvolvimento local humanizado. “Uma festa popular, um
festival de leitura que atrai visitantes para uma cidade deve trazer também
saneamento, educação e saúde para sua população”, defendeu a mestre em
Sociologia pela USP e doutora pela Universidade Paris Descartes.
Para Cláudia, o desenvolvimento no Brasil necessita ser medido a partir de
indicadores que incluam os campos da cooperação e da criatividade uma vez que,
para ela, “o patrimônio imaterial brasileiro é muito maior que o edificado”. Ao
afirmar que o país ainda carece de políticas articuladas entre Turismo e
Cultura, a palestrante defendeu que projetos de desenvolvimento do Turismo
Criativo deveriam ser apoiados pela Lei Rouanet, “que tem sido concentradora de
recursos”, e indicou a recente publicação, pelo IBGE, do Sistema Nacional de
Informações Culturais como uma valiosa ferramenta e fonte de informação para o
novo segmento turístico no país.
Cláudia compartilhou a mesa redonda com Lala Deheinzelin, uma das pioneiras
no campo da Economia Criativa no Brasil, que definiu o turismo tradicional como
“hardware” por utilizar como atrativos paisagens, praias, estruturas
edificadas, e o turismo criativo como “software”, porque se relaciona com o
mundo intangível. “Esse universo, ao contrário do tangível, não se consome e
não se esgota com o uso, mas se multiplica, gera uma economia que cresce de
forma exponencial pelas múltiplas possibilidade que no ambiente colaborativo em
que as relações acontecem”, definiu Lala. No entanto, admitiu que os valores
intangíveis só são valorizados pelas próprias comunidades locais quando se
tornam visíveis e se concretizam em um processo, o que é possível quando esses
valores são mapeados e conectados entre si.
A 1ª Conferência Brasileira de Turismo Criativo, iniciativa da prefeitura
de Porto Alegre por meio da Secretaria Municipal de Turismo, prossegue hoje até
as 18h.
/turismo
Texto de: Eliana
Zarpelon
Edição de: Manuel Petrik
Autorizada a reprodução dos textos, desde que a fonte seja citada.
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