Com paredes de
madeira e argila e telhado de capim santa-fé, o Piquete Laços de Sangue há 16
anos mostra aos turistas e visitantes do Acampamento Farroupilha como viviam os
gaúchos nos galpões mais simples dos ranchos do interior do Rio Grande do Sul na
década de 1950. A construção, que faz referência às casas de pau-a-pique, abriga
mais de 200 objetos antigos que fizeram parte da vida de nossos
antepassados.
Vestida com saia longa e camisa branca com babados, traje tradicional da
mulher gaúcha, a responsável do espaço Gislei Scheffer, ou Gisa como também é
conhecida, acolhe os visitantes e sugere uma volta ao passado mostrando parte de
um alambique de mais de 150 anos, lampiões, esticar de arames para fazer cercas,
lampiões, afiador de lâminas, entre outros utensílios dos gaúchos do Pampa. Nas
utilidades domésticas encontramos panelas de ferro, bules, latas para armazenar
mantimentos, louças e canecas. O espaço conta, ainda, com um poço de barro que
lembra a época em que a água não escorria pelas torneiras, além de uma carroça
de quatro rodas puxada a cavalo.A inspiração para montar o acervo surgiu durante uma visita ao Acampamento Farroupilha em 1998. “Eu e meu esposo conhecemos um galpão que possuía a coleção de objetos de Telmo Lima de Freitas e vimos que poderíamos ter a nossa também”, contou Gilsei. No ano seguinte, ela e o marido, Odorico Luiz Peres de Oliveira, patrão do Laços de Sangue, se uniram aos irmãos dele e amigos para fundar o piquete e contar um pouco deste passado através dos utensílios utilizados. No começo, reuniam apenas as peças antigas dos familiares. Depois, receberam algumas doações. Mas a grande parte, conta ela, foi comprada. “A ideia de abrir a porteira para os visitantes foi do meu sogro, afinal não teria sentindo montar tudo isso e não dividir com as pessoas que querem saber mais da cultura gaúcha”, completa Gisa.
É a própria prenda quem prepara a argila e ergue as paredes com armações de varas entrelaçadas preenchidas de barro. “A construção leva em torno de quinze dias, depois trazemos os objetos”, conta ela. Os utensílios que Gisa expõe com maior valor sentimental são os que foram feitos pelo sogro, seu Dinarte. “Ele os confeccionou para usar quando morava numa casa como esse galpão no interior”, lembra.
Fotografias - Com câmera em punho e olhar atento, o porto-alegrense Flávio Pizarro tira fotografia do galpão. “Todo anos tem alguma coisa nova”, comenta. Apreciador da cultura gaúcha, Pizarro revelou ter um álbum com seus registros feitos no espaço. “Aqui tem coisas que nem existem mais, e isso é muito interessante para divulgar a nossa cultura”, observa.
A exposição também chamou a atenção da pequena Maria Helena Trentin, de um ano e oito meses. Vestida com uma bombacha feminina cor de rosa, a menina percorreu o galpão com olhos atentos e curiosos. “É muita novidade para ela”, explica a mãe, Ana Rita Ferri Trentin. Para o pai, Alexandre Trentin, o objeto mais interessante é o forno de barro, que ainda é utilizado serve para assar pães e carnes.
Turismo de Galpão - O Laços de Sangue está entre os 40 galpões parceiros do projeto Turismo de Galpão, que oferece oficinas de aprendizagem sobre a cultura gaúcha. A próxima atividade do piquete será realizada na quinta-feira, 10, às 15h. Neste Feriado de Sete de Setembro, a programação se inicia às 11h com oficina de paçoca de pinhão, no piquete Lendas do Sul, e a visita à exposição Fundação Vitor Mateus Teixeira, do CTG Herança Pampeana (Carris).
Informações - Para participar basta fazer a inscrições do Espaço de Hospitalidade do Turismo de Galpão, localizado próximo à entrada principal do Parque Harmonia, ao lado do Centro de Eventos Casa do Gaúcho. Toda a programação de oficinas está disponível no local, diariamente das 10h às 22h, em guias impressos em português, inglês e espanhol. Outra opção é consultar antecipadamente o portal www.portoalegrecriativa.info. O projeto Turismo de Galpão é uma iniciativa das secretarias municipais de Turismo e da Cultura, da 1ª Região Tradicionalista e da Fundação Cultural Gaúcha.
/acampamento_farroupilha /cultura /turismo
Texto de:
Cristiane Serra
Edição de: Jandira Davila Feijó
Autorizada a reprodução dos textos, desde que a fonte seja citada.
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